terça-feira, 1 de dezembro de 2015

PGR pede investigação de Delcídio e Renan

Se os dois inquéritos forem abertos, Renan (à direita) será alvo de cinco investigações da Lava-Jato e Delcídio (à esquerda), de duas ( FOTO: AG. SENADO )
Brasília. A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de novos inquéritos para investigar a suposta ligação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e dos senadores Delcídio do Amaral (PT-MS) e Jader Barbalho (PMDB-PA), além do deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE), com o esquema de corrupção da estatal Petrobras.
Os parlamentares poderão ser investigados por lavagem de dinheiro e corrupção passiva. O pedido de apuração envolvendo os congressistas foi motivado por um processo mantido oculto no Supremo, procedimento que tem sido adotado para a tramitação de delações premiadas que estão em sigilo.
Uma das delações que citam os três senadores é a do lobista Fernando Soares, o Baiano. O delator - que chegou a citar anteriormente o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), como outro beneficiário- disse que Delcídio recebeu US$ 1 milhão ou US$ 1,5 milhão, dinheiro fruto de propinas pagas com recursos desviados da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
Baiano declarou ainda que Delcídio recebeu o dinheiro para pagar a sua campanha nas eleições para o governo de Mato Grosso do Sul, em 2006.
Ainda de acordo com Baiano, Delcídio recebeu propina por ter endossado a indicação de Nestor Cerveró - este já condenado na Lava-Jato- para a direção Internacional da Petrobras.
Além de Delcídio, Baiano mencionou que Renan Calheiros, o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) e o ex-ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau -indicado na época pelo PMDB- também foram beneficiários do esquema de corrupção.
Ele teria apontado que US$ 4 milhões foram desviados de um contrato de navios-sonda para pagamentos que chegaram posteriormente a US$ 6 milhões. O delator comentou que as operações foram completadas pelo lobista paraense Jorge Luz, entre 2006 e 2008.
Esse é o quinto inquérito pedido pela Procuradoria para investigar as supostas ligações de Renan com a Lava-Jato. Cada inquérito tem o objetivo de investigar fatos diferentes.
Esse é o segundo inquérito de Delcídio, sendo que o primeiro foi aberto na semana passada após o senador ser preso acusado de participar de trama para atrapalhar as investigações do esquema de corrupção.
Se for autorizado pelo Supremo, Jader será alvo de dois inquéritos. Os pedidos serão analisados pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no STF.
Caso os inquéritos sejam abertos, o Supremo investigará 68 pessoas, sendo 14 senadores, 23 deputados, os ministros Edinho Silva (Comunicação) e do Tribunal de Contas da União (TCU) Raimundo Carreiro.
Perplexidade
A presidente Dilma Rousseff disse, ontem, em Paris, que ficou "extremamente perplexa" com a prisão do líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral. "Fiquei perplexa, extremamente perplexa. Eu não esperava que isso acontecesse, ninguém esperava", afirmou quando questionada pela reportagem.
Dilma fez ainda questão de frisar que não tinha relações com Cerveró anteriores à sua nomeação. "Eu não tenho relação com Nestor Cerveró", reiterou.
A presidente, que está na capital francesa para a conferência sobre o clima COP-21, recusou-se a comentar mais sobre o tema.

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