Granja. "Uma imagem de encher os olhos", essa foi a definição que a carioca Ariane Viana, moradora de Granja há cerca de 7 meses, usou para definir a beleza em que a barragem Lima Brandão, construída em 1890, se transformou, nos últimos dois dias, quando as águas do Rio Coreaú avançaram sobre sua parede, depois dos 116.7mm de chuva que caíram no Município, colocando Granja entre os dez municípios do Ceará com maior volume pluviométrico, de anteontem para ontem.
Ariane, assim como muitos outros moradores, correu para a borda da barragem, logo que a notícia se espalhou. "Estava em casa, quando uma vizinha chegou dizendo que a barragem tinha sangrado. Eu não acreditei, mas resolvi conferir com meu marido e minha filha. Estou morando aqui faz sete meses, e cheguei a duvidar que o rio subisse, pois estava muito seco. Vou mandar as fotos que tirei, para o restante da família, no Rio de Janeiro", disse.
Com a subida da água, Marcos Antônio da Silva, ainda arriscou jogar uma rede para pescar alguns peixes, mas não teve sorte. Então aproveitou para tomar um demorado banho, nas águas do Coreaú, debaixo de uma chuva fininha, que ainda persistia em cair. "Fazia tempo que não dava um mergulho desses. Por enquanto não tem peixe, mas só em ver essa beleza sangrando, já alegra a gente", disse, enquanto se preparava para nova tentativa de pescaria.
Reserva
O município de Granja é abastecido pelo Açude Gangorra e, apesar das chuvas que têm caído sobre a região nos últimos dias, o reservatório apresenta apenas 16,53% de seu volume, segundo o dados da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), ficando entre os 136 açudes cearenses com volume abaixo de 30%.
De acordo com o prefeito Romeu Aldigueri, o Açude Gangorra chegou até 10% e, aos poucos, esse volume tem subido, melhorando sua reserva. "Nossas expectativas são as melhores para que esse ritmo continue, quiçá ele volte a sangrar depois de seis anos. O início do plantio na região, tem começado aos poucos. E essa bela imagem do Coreaú sangrando também nos remete ao Carnaval, que esperamos ser um dos melhores dos últimos anos, por conta da água que voltou a correr para a alegria de todos", comemorou.
Para melhorar a oferta de água, o Município colocou para rodar, 16 carros-pipas, cavou 160 poços profundos, além de instalar, em parceria com o Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), 2.221 cisternas em toda a região. Ao todo, 26 mil pessoas foram beneficiadas. "Muitas famílias já estão com água em suas cisternas, que têm capacidade para 16 mil litros, cada. Estamos monitorando essas comunidades, observando o quanto elas estão felizes com a chegada da chuva. Nesse ritmo, acreditamos que nenhum transtorno será registrado", disse o coordenador da Defesa Civil, Francisco Aquino.
A agricultora Luisa Santos, moradora da localidade de Vila Privat, a cerca de dez quilômetros da sede, diz que todos os vasilhames, bacias e baldes, estão cheios, e que, aos poucos, a cisterna também ganha mais volume, para felicidade da família, pega de surpresa com as chuvas. "Eu fiquei preocupada em não ter limpado a cisterna pra receber água, porque a chuva veio rápido. Mas está tudo cheio aqui em casa. E o bom é que a cisterna está enchendo e eu não preciso mais buscar água da cacimba, que fica longe daqui", contou.
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"É uma maravilha poder ver essa barragem assim novamente. Eu tenho um bar aqui ao lado e o movimento tinha caído muito por causa da seca. Esse rio acaba sendo o sustento da minha família"
Vanusa Maria dos Santos
Comerciante
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"Tudo de bom. Eu sou de Fortaleza e fiquei surpreso com essa cheia, porque me disseram que estava dando pena a situação do rio. Meu fim de semana vai ser aqui. Não perco isso por nada"
Francisco Pereira da Silva
Vendedor
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