sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Greve dos Agentes de Endemias do Crato deixa mais de 100 mil imóveis sem serem visitados


Crato. Servidores municipais da área da saúde protestaram, hoje (28), em frente ao prédio da prefeitura contra as “péssimas condições de trabalho e atraso salarial”. Em contraponto ao lançamento da caravana de mobilização para o enfrentamento ao Aedes aegypti e à microcefalia, realizado há uma semana no Centro de Convenções do Cariri, com a presença do Ministro da Saúde, Marcelo Castro, os Agentes Comunitários de Endemias (ACE´s) estão com suas atividades paralisadas há 98 dias.

O presidente da Associação, Israel Alencar, avalia que “não adianta lançar campanha, pedindo a mobilização de todos, enquanto os agentes de endemias, que enfrentam o mosquito diretamente, não possuem as mínimas condições de trabalho”. A classe reivindica ajuste salarial, o que não ocorre há três anos; reposição dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e transporte para atender as áreas rurais.

Ministro lança campanha de combate ao Aedes aegypti

“Atualmente estamos sem pesca larvas, boletins diários, ficha de visita, lanternas, botas e até sem transporte”, denuncia Israel. Ele ressalta que durante o período de greve, mais de 100 mil imóveis deixaram de ser visitados. “A conta é simples, cada agente visita, em média, 25 casas por dia. São 42 agentes de campo paralisados por quase cem dias. O prejuízo é grande, mas não podemos trabalhar sem o mínimo de segurança”, acrescenta.

O Ministério da Saúde recomenda a realização de, no mínimo, seis visitas por ano em cada casa, para eliminação das larvas e dos criadouros do Aedes aegypti e para orientação da população. Segundo a Associação dos Agentes, existem cerca de 52 mil imóveis na cidade.

Além das residências, os agentes atuam nos pontos estratégicos (ferros-velhos, borracharias, cemitérios, depósitos de sucata e de materiais de construção, entre outros), locais onde há grande concentração de depósitos preferidos pelas fêmeas do Aedes aegypti para depositar os seus ovos. Nessas áreas, o Ministério da Saúde recomenda que as visitas sejam feitas a cada 15 dias e, além da aplicação do larvicida, também seja usado o adulticida, inseticida para atingir o mosquito na fase adulta.

O prefeito do Crato, Ronaldo Gomes de Matos, reconheceu as reivindicações, no entanto, limitou-se em dizer que “o município atualmente não dispõe dinheiro para atender as demandas de todas as categorias”.

Diário Cariri

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