Juazeiro do Norte. Começam os preparativos para a Romaria de Nossa Senhora das Candeias, que acontece de 28 de janeiro a 2 de fevereiro, em Juazeiro do Norte. É a terceira maior festa do gênero do ano. O evento reúne, segundo a Secretaria de Turismo e Romaria de Juazeiro do Norte, cerca de 250 mil romeiros, até o enceramento, com a procissão que acontece às 17 horas, no dia 2. Mas, desde setembro do ano passado, tem sido intensa a presença de fiéis na terra do Padre Cícero.
Planejamento
O trabalho de planejamento e organização para o receptivo começou nesta semana, e a segurança, além do espaço destinado aos ambulantes, foram definidos, inclusive com recomendações do Ministério Público, de onde os barraqueiros devem instalar o seu comércio. A abertura oficial da romaria acontece no dia 29, às 19 horas, com missa celebrada na Praça do Romeiro.
A Romaria das Candeias é considerada a mais bela da cidade. No encerramento, todos os fiéis seguem o trajeto do largo do Socorro até a Basílica Menor de Nossa Senhora das Dores, com velas acesas. São cerca de 100 mil pessoas seguindo o percurso. O encerramento acontece na Praça do Romeiro, de frente à Basílica, com uma bênção e show pirotécnico. Esta será a primeira grande romaria, depois do anúncio da reconciliação histórica da Igreja Católica com o Padre Cícero.
Mas, desde a última grande romaria, em setembro, com a festa da Padroeira da cidade, Nossa Senhora das Dores, que a cidade não deixou de receber romeiros. É intensa a visitação todos os dias, e centenas de vendedores ambulantes estão instalados nas ruas.
A reunião de planejamento foi realizada na última quinta-feira, com a apresentação do plano de segurança e assistência à saúde, programado normalmente para essa época do ano. Estarão a postos para atuar na parte de segurança, conforme a secretária de Cultura e Romaria, Marli Bezerra, efetivos da Polícia Militar e Guarda Municipal. A parte de organização do trânsito foi apresentada pelo Departamento Municipal de Trânsito (Demutran). Um dos grandes problemas tem sido, nas épocas de movimentação mais intensa na área urbana, o disciplinamento do trânsito. "Para isso, iremos solicitar que haja uma maior tolerância dos agentes com os romeiros, com mais orientação do que propriamente ter que aplicar a multa", afirma Marli.
Ambulantes
Serão mais de 3 mil vendedores a serem destinados para espaços como a praça do Marco Zero, onde ficam os que atuam na área do Município, e aqueles que possuem boxes no Centro de Apoio ao Romeiro, local que conta com administração do Estado. Para Marli, ainda é necessário definir melhor esses espaços destinados à administração das duas instâncias governamentais.
Os vendedores estiveram reunidos, nesta semana, com agentes da Secretaria de Meio Ambiente, Agricultura e Serviços Públicos (Semasp), que orientou todos a respeito do posicionamento do Ministério Público, além do cumprimento de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), anterior, que já vinha sendo cumprido.
O coordenador de Agricultura e Meio Ambiente, da Semasp, de Juazeiro, Roberto Sampaio, explicou que, nesta semana, foi iniciado trabalho nas ruas para informar a respeito do cumprimento da recomendação do Ministério Público. Ele disse que a finalidade do encontro inicial com os vendedores foi estabelecer a permanência deles no local, já antes estabelecido, nas áreas do Marco Zero, rua paralela à praça, e no Centro de Apoio. Ele destaca o cumprimento do Código de Postura, que proíbe a obstrução de ruas e os princípios legais de acessibilidade.
Segundo o coordenador, estão cadastrados cerca de 2.200 vendedores, a maioria deles de Juazeiro do Norte. "Com essa provocação do Ministério Público, devem ser desobstruídos os espaços púbicos, que incluem as calçadas, e realizada uma mudança na estrutura da cidade", afirma. O cumprimento do TAC incluiu a retirada dos camelôs da praça do Socorro, Avenida Dedé Bezerra, ruas Santa Rosa e São José. Nesse primeiro momento foram todos encaminhados para o Centro de Apoio e, depois, remanejados à Praça do Marco Zero. Outros vendedores, que se encontravam nas ruas São Pedro e Padre Cícero, também foram retirados.
Inadequado
O trabalho irá continuar com o encaminhamento dos vendedores que se encontram nas ruas, a exemplo do espaço no entorno da Basílica, e ruas mais próximas das áreas onde há maior fluxo de romeiros. Mas, os vendedores afirmam que há uma necessidade de avaliar a situação das pessoas que ficam nas ruas comercializando, já que, nos espaços onde a Prefeitura está encaminhando as pessoas, há muito pouca venda. "A gente consegue vender somente nos locais mais próximos dos ranchos", diz a vendedora ambulante Lúcia Bezerra. "Se for para melhorar, tem que ver um lugar mais adequado. Onde estão encaminhando as pessoas fica longe e o romeiro não vai até lá", diz ela, além de acrescentar que precisa vender para sobreviver.
Os comerciantes ficam praticamente seis meses estabelecidos em Juazeiro, período que acontecem as maiores romarias. De setembro a fevereiro eles ocupam os espaços determinados pela Prefeitura, mas, aos poucos, muitos deles acabam invadindo as ruas principais. Para o coordenador Roberto Sampaio, há a necessidade de uma fiscalização intensa e permanente para manter a disciplina. Cada vendedor paga uma taxa de permanência à Prefeitura durante o período em que está nas ruas.
A comerciante Deisivânia da Silva Santos disse que, mesmo com a movimentação constante dos romeiros na cidade, enfrentou um dos períodos mais difíceis em termos de vendas. Segundo ela, há uma influência da crise. "O romeiro vem a Juazeiro pedir aos santos para melhorar e a gente acaba ganhando um pouco também, mas há uma diferença menor nas vendas, com esse ciclo que se encerra", avalia.
As maiores romarias são nos meses de setembro (Nossa Senhora das Dores); em novembro (Finados), e fevereiro (Nossa Senhora das Candeias). (E.S.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário