terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Lojistas do Centro-Sul mostram otimismo

Para os empresários e dirigentes lojistas, é tempo de aproveitar oportunidades e serem criativos, polivalentes, corajosos e ousados nos negócios
Iguatu. Estoques elevados, preços estagnados e atrasos nos repasses do programa "Minha Casa, Minha Vida" fizeram a construção civil fechar 2015 com números pouco animadores. A crise hídrica que afeta o País também contribuiu para esse cenário. Neste município, da Região Centro-Sul do Estado, o setor sentiu o impacto desse conjunto de fatores em relação às vendas. Mas, segundo o empresário Carlos Tadeu Rolim, a expectativa para 2016 é de retomada, considerando que deve haver uma reorganização da política macroeconômica e a manutenção dos investimentos em obras de logística dos governos federal e estadual.
"Aqui na região, estima-se que o setor tenha sofrido uma queda de, pelo menos, 7% em relação ao ano de 2014. Mas, já na última quinzena de dezembro, por exemplo, foi possível sentir o aquecimento desse mercado", explica Carlos Tadeu, que também é presidente do Sindilojas. Ele credita esse resultado negativo ao pessimismo do consumidor, que está desconfiado em relação do governo e às incertezas na Economia. "O que nós esperamos é reconquistar a confiança do consumidor, voltando a investir no setor imobiliário. Mantendo o foco nesses novos empreendimentos, você aquece os demais segmentos de material de construção e impulsiona o mercado a reagir positivamente", comenta com otimismo.
O que foi bom
Enquanto a construção civil espera uma retomada de giro para 2016, outros segmentos econômicos de Iguatu comemoram as conquistas de 2015. Um bom exemplo é o do empresário Alfredo Felipe, que atua no agronegócio, comercializando produtos e serviços para os setores produtivo, urbano e rural.
Alfredo é proprietário de quatro lojas em Iguatu, Quixeramobim e, recentemente, inaugurou uma filial em Juazeiro do Norte. Questionado sobre de onde surgiu a coragem de abrir uma nova loja em meio a um período de "crise", o empresário dispara: "Todos os dias, ao iniciar minhas atividades com nossa equipe de trabalho, elimino o 's' e convido meus parceiros a viver um período de criatividade".
Alfredo, definido por sua equipe como um "vendedor de soluções", defende, sem tirar os pés do chão, uma postura de ousadia e inovação, e culpa a mídia pela elaboração de um cenário de instabilidade que inibe o consumidor e, por consequência, provoca um recuo dramático na economia: "Existe sim um cenário de dificuldades. Aqui, nós também crescemos menos neste ano, mas nem por isso devemos baixar a cabeça. Pelo contrário, temos que pensar no amanhã, como um dia que vai trazer bons fluídos, inclusive econômicos".
Para ele, 2015 não foi um ano ruim, mas de crescimento tímido, devido à inflação acima das metas, peso da carga tributária, alto custo da energia elétrica, aumento dos combustíveis, crises política e hídrica, principal preocupação para 2016. Mas, ressalta algo que é propositalmente esquecido pelos pessimistas de plantão: "nós temos uma população enorme, que precisa se alimentar, vestir, consumir. É preciso uma adequação, naturalmente. Precisamos produzir numa escala mais comercial".
Teve crescimento
Endossando o discurso de Alfredo, José de Sá, empresário dos segmentos de perfumaria, calçados, vestuário, acessórios e chocolates, avalia que as empresas do grupo, cerca de 40 lojas, cresceram em média 10% neste ano de 2015. Segundo ele, já no primeiro semestre, suas empresas apresentavam crescimento de cerca de 18%. "Tudo aquilo que nós nos propusemos fazer em 2015, fizemos. O que planejamos, executamos! Minha avaliação é boa, positiva, otimista", afirmou.
Só em Iguatu, onde fica o escritório central das empresas, são 150 empregos diretos. E o empresário garante que não demitiu ninguém: "Todos os postos foram mantidos e houve ampliação de contratações". Em 2015, Sá abriu quatro novas lojas, incluindo uma nova franquia de uma marca de chocolates. Ele integra o grupo de empresários que vem trabalhando em um projeto de expansão das empresas para outras cidades do Ceará e do Nordeste. O empresário afirma que nunca deixa de acreditar e aposta em um crescimento ainda maior para 2016. "Vamos ter um começo de ano ainda com algumas dificuldades, mas acredito que teremos um segundo semestre de resultados bem mais positivos", disse.
Organização e planejamento
Se a crise é uma realidade no País, como se explica tantos exemplos positivos em uma cidade no Interior do Ceará? A resposta está pautada no trabalho desenvolvido pela CDL de Iguatu, presidida pelo empresário Francisco José Mota, ou Dedé Duqueza, como é conhecido, que atua no segmento de revenda de caminhões, setor castigado pela redução da venda de veículos, que alcançou a queda de 40% a 50%.
Nem mesmo essa queda brusca nas vendas do ramo em que atua conseguiu minar o otimismo do líder lojista, que empreendeu esforços para manter motivados todos os seus associados. Aliás, o otimismo de Dedé é percebido no discurso de todos os varejistas ouvidos. "No setor que eu trabalho, por exemplo, não posso perder tempo amargando o sabor dessa redução de vendas. Pelo contrário! Houve uma demanda muito grande de vendas de caminhões e automóveis de 2010 a 2012. Agora, experimentamos um recuo. Mas logo enxerguei que o período de recessão de vendas abre espaço para novos negócios, como a oferta de serviços e reposições de peças", afirma.
Sobre 2016, o presidente da CDL de Iguatu tem boas previsões: "E se a realidade política não ajudar, vamos ser mais criativos, polivalentes, corajosos e ousados. Vamos superar as dificuldades para voltar a crescer a patamares mais elevados do que os atuais".
E relembrando um trecho de uma palestra que assistiu do empresário cearense Deusmar Queiroz, durante a última convenção estadual lojista no município de Ubajara, Dedé lança: "precisamos lembrar que as crises são passageiras, geralmente elas duram dois ou três anos. Mas depois as coisas voltam para o seu devido lugar". Afinal, sentencia, "o pior já foi superado".
Mais informações:
CDL de Iguatu
Rua Dr. João Pessoa 897 - Centro
Contato: (88) 3581-1448

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