segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Pais fazem fila na calçada por uma vaga

A fila começou na manhã de sábado, na porta da Escola de Ensino Fundamental e Médio Patronato da Sagrada Família, no Antônio Bezerra ( Foto: Fernanda Siebra )
Desde 9 horas do último sábado (2), uma pequena multidão faz fila na porta da Escola de Ensino Fundamental e Médio Patronato da Sagrada Família, no bairro Antônio Bezerra. Todo o esforço é para garantir uma vaga na unidade. A partir de hoje, têm início as matrículas nas redes municipal e estadual de ensino. No caso do município, as matrículas seguem até o próximo dia 8, enquanto, na rede estadual, vão até o dia 25 de janeiro.
“Do Ministério da Educação (MEC), ela é a primeira em termos de qualidade de ensino. Ela e a Escola Adauto Bezerra, perto da Avenida 13 de Maio. Já passou, inclusive, do Colégio da Polícia Militar. A gente vira noite aqui, porque a escola é boa e a gente quer o melhor para os nossos filhos”, enfatiza uma mulher que prefere não se identificar, que almeja uma vaga para a filha, de 15 anos. Ela é a primeira da fila e, para aguentar a jornada, levou uma cadeira de balanço. “Não é tão ruim, a gente fica conversando e quando precisa fazer alguma coisa em casa se reveza. A minha menina estudou em colégio particular até agora, mas não tem mais condições”, explica.
Preocupada com a enorme fila que se forma e aumenta a cada instante, a diretora da escola esteve, na noite do sábado (2), no local, para apelar que as pessoas não fizessem esse esforço. Mas de nada adiantou. “Todo ano é a mesma coisa, sempre tem essa fila. A diretora não tem culpa, ela não mandou ninguém ficar aqui”, reforça a primeira da fila.
Mesmo já tendo dois filhos estudando na escola, a dona de casa Ana Lopes, 41, estava novamente fazendo o sacrifício de passar dia e noite na fila em busca de uma vaga, desta vez para o primo, que vai para o 8º ano. “É uma escola boa, tem muita disciplina. Se o filho faz a tarefa, a mãe sabe; se não faz, ela também sabe. A mãe só não acompanha se não quiser”, afirma.
A auxiliar de serviços gerais Antônia Eliane, 44, chegou um pouco tarde, mas ainda assim estava esperançosa em conseguir uma vaga. Ela sabia que as matrículas começavam hoje. Por isso, ontem, na volta da missa, resolveu passar na escola com o filho, de 13 anos, para ver se tinha algum papel com alguma informação. Ao dobrar na esquina, se surpreendeu com a quantidade de pessoas acampadas na calçada. “Levei um susto quando vi essa multidão”, disse. Sem ter como ficar, naquele momento, na fila, resolveu pagar R$ 60 para que uma pessoa ficasse em seu lugar.
Determinação
Com apenas 15 anos, o jovem Francisco Edmilson, que vai cursar a 8ª série, estava, sozinho, na fila. Sem ter uma pessoa para revezar, teve de ficar o tempo inteiro. A única pessoa que lhe dava suporte era um tio, que de vez em quando levava algo para comer. “Faz tempo que eu queria estudar aqui. Os meus amigos já estudam e dizem que é a melhor escola”, comenta o menino, que mora no bairro Genibaú. Apesar da fila organizada, às vezes algumas confusões eram geradas, principalmente porque quem não dorme perde a vaga. Cadeira, lençol, água, garrafa de café. Vale tudo para tentar manter o mínimo de conforto e conseguir a tão almejada vaga.
Reconhecimento
Em setembro do ano passado, a unidade foi elogiada pelo Ministério da Educação por usar a tecnologia como reforço ao conhecimento dos alunos. “É fundamental capacitar professores e fornecer tecnologia adequada e suficiente às escolas para incentivar o desenvolvimento de atividades que mostrem aos alunos o potencial criativo e transformador das ferramentas tecnológicas. Esse ponto de vista é defendido pelo professor Francisco Estêvão de Mesquita Lima, coordenador do laboratório educacional de informática da Escola de Ensino Fundamental e Médio Patronato Sagrada Família, em Fortaleza, Ceará”, destaca publicação, à época, no portal eletrônico do MEC.
Matrícula
Para efetivar a matrícula na rede municipal, a Secretaria Municipal de Educação (SME) informa que os responsáveis devem procurar a escola mais próxima de sua residência e apresentar certidão de nascimento, documento de transferência (histórico escolar ou declaração da escola de origem), três fotos 3x4, documento de identificação social do responsável, comprovante de residência, cartão de vacinação, CPF ou RG do responsável quando o aluno for menor de idade e, para educação inclusiva, o laudo médico ou relatório pedagógico (que pode ser feito na escola).
Na rede estadual, os pais e responsáveis devem levar a cópia da certidão de nascimento e transferência ou declaração de escolaridade, além de uma pasta escolar e duas fotos 3x4. A Secretaria da Educação do Estado (Seduc) informa que a oferta será prioritariamente para o Ensino Médio. O órgão recomenda que o aluno apresente os documentos de Registro Geral (RG) e Cadastro de Pessoa Física (CPF). Quem não estiver com a documentação solicitada, diz que poderá entregar à escola em outra data. O órgão esclarece, ainda, que os interessados devem procurar a unidade de ensino mais próxima de sua residência.

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