O País todo segue em alerta contra as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti e planejando ações de combate à reprodução do vetor. No Estado do Ceará, a dengue segue em crescimento exponencial a cada semana, e novos casos da febre chikungunya já foram apontados. Contudo, se o acompanhamento das ocorrências dessas enfermidades serve como parâmetro para direcionamento das estratégias de trabalho, em relação ao Zika vírus, essa incerteza deve continuar, uma vez que, até o momento, não há um controle sobre o número de acometidos pela doença.
Mesmo considerado benigno e com sintomas que desaparecem espontaneamente, o Ministério da Saúde (MS) já confirmou a evolução de casos de Zika a óbito no País. Outro problema é a alta relação da doença com os casos de microcefalia em recém-nascidos. A Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) informou que existe uma preparação em andamento para esse controle, mas apesar dos agravantes, não há uma previsão.
Embora ainda não exista exame que identifique o zika vírus, para o médico infectologista Anastácio Queiroz, o procedimento de notificação deveria ser realizado para um melhor esclarecimento. "Como é que se trata de uma doença grave, que todo mundo fala, e ela não é notificada? Quando se tem um paciente com exantema grave você trata como se fosse zika então mesmo que não tenha a confirmação você tem a suspeita. É uma decisão que terá que ser tomada para termos uma clareza maior do que está acontecendo", afirma.
O médico explica, no entanto, que apesar da confirmação de duas mortes por Zika, o vírus é, na grande maioria das incidências, brando. "Toda doença pode se apresentar de uma forma grave e quando a incidência aumenta muito há sempre casos excepcionais", ressalta. Entre os sintomas, segundo o especialista, está o aparecimento de febre baixa, dor de cabeça, manchas vermelhas na pele e conjuntivite, alguns deles, similares a das outras doenças causadas pelo Aedes aegypti.
Registros
Este ano, 280 pessoas no Ceará já foram atingidas pela dengue, conforme o último boletim epidemiológico divulgado pela Sesa. Já sobre a febre chikungunya, chama atenção o fato do Estado já confirmar quatro casos em menos de dois meses deste ano, uma vez que, durante todo 2015, foram apenas sete o número de confirmações, sendo cinco importados e dois autóctones, quando a pessoa contrai a doença na sua localidade. Todas as ocorrências de 2016 foram registradas em Fortaleza.
Apesar da ocorrência superior ao igual período do ano passado, Anastácio Queiroz diz que o vírus no Ceará não expandiu a exemplo do que ocorreu em demais localidades do Nordeste. No entanto, acredita em um aumento do número de casos.
"Mesmo não tendo uma transmissão tão grande quanto o Zika, o mosquito está presente, então é de se esperar que tenhamos bem mais casos este ano, mas isso depende muito de como a população se comporta em relação ao vetor e do trabalho efetivo que a gente espera que seja feito". Assim como acontece com o zika, o infectologista afirma que o índice de óbitos por febre chikungunya é muito baixo, com uma proporção de um caso para cerca de mil pessoas infectadas.
Sobre o levantamento das pessoas acometidas pelo zika vírus, o Ministério da Saúde (MS) informou, por meio de sua assessoria de comunicação, que tem a intenção de realizar a notificação obrigatória de casos individuais, e que até o momento não é realizado pela inexistência de um teste sorológico de uso amplo e universal.
Saiba mais
A presidente Dilma Rousseff estuda aplicar multa federal a donos de propriedades privadas que sejam reincidentes no flagrante por agentes de saúde de focos de procriação do Aedes aegypti.
Segundo o ministro Jaques Wagner (Casa Civil), a petista encomendou um estudo para a AGU (Advocacia Geral da União) para avaliar se há permissão legal para aplicar a punição.
Os focos principais da medida, que já é aplicada por alguns municípios, são as propriedades abandonadas e imóveis fechados, dentre eles, aqueles nos quais os moradores se recusam a permitir a entrada de agentes militares ou de saúde.
No mês passado, a presidente editou Medida Provisória para autorizar forças de segurança e agentes de saúde a entrarem em propriedades privadas desocupadas ou fechadas
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