sábado, 6 de fevereiro de 2016

ONU defende aborto em países com zika vírus

O vírus é suspeito de estar por trás do recente surto de recém-nascidos com microcefalia. No Brasil, já são 404 casos ( FOTO: REUTERS )
Nova York. As Nações Unidas pediram, ontem, aos países atingidos pelo zika vírus, suspeito de provocar malformação congênita, que permitam o acesso das mulheres à contracepção e ao aborto - um assunto polêmico na América Latina, região mais afetada pela epidemia. Também ontem, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) informou ter detectado a presença do zika ativo (com potencial para causar infecções) em amostras de saliva e urina.
O vírus é suspeito de estar por trás do recente surto de recém-nascidos com microcefalia, uma malformação congênita que acarreta numa caixa craniana anormalmente pequena.
O Brasil é o país mais afetado pela epidemia, com 1,5 milhão de pessoas contaminadas, 404 casos de bebês nascidos com microcefalia desde outubro e 3.670 outros casos suspeitos associados ao zika.
Segundo o alto-comissário de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU), Zeid Ra'ad Al Hussein, garantir os direitos humanos de mulheres nesse contexto é essencial para que a resposta à emergência em saúde pública relacionada ao zika seja efetiva. Para ele, são necessários serviços que tratem da contracepção (incluindo a oferta de pílula do dia seguinte), da saúde materna e do aborto seguro e legal.
Enquanto o aborto e a pílula do dia seguinte continuam proibidos em diversos países latino-americanos, os recentes conselhos para que as mulheres evitem engravidar - dados por diversos governos, como El Salvador, Colômbia e Equador - parecem contraditórios. "A orientação de alguns governos para que mulheres adiem a gravidez ignora a realidade de que muitas delas simplesmente não podem exercer controle sobre quando e em que circunstâncias ficar grávida", disse Hussein.
A Fiocruz anunciou, ontem, que o vírus também foi detectado na urina e na saliva. A Fundação explicou que ainda é muito cedo para saber se trata-se de um novo tipo de contágio.
Em nota, o Ministério da Saúde informou que a detecção do zika em amostras de saliva de pacientes não é suficiente para afirmar que a presença do vírus nesse tipo de fluido pode infectar outras pessoas. "Serão necessários outros estudos".
A recomendação do governo é que sejam tomadas atitudes de cautela e prevenção. "É importante seguir as orientações conhecidas para outras doenças, como evitar compartilhar objetos de uso pessoal (escova de dentes e copos, por exemplo) e lavar as mãos". Grávidas, segundo a Pasta, devem tomar especial cuidado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário