domingo, 21 de fevereiro de 2016

Peixe é usado no controle do Aedes

Conhecido como 'barrigudinho', o peixe se alimenta de ovos e larvas ( Fotos: André Costa )
Apesar de pequeno, o 'barrigudinho' desempenha papel fundamental na eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti, pois é de rápida reprodução e capaz de sobreviver em locais com pouca oxigenação
Caririaçu. Um empresário decidiu, neste município, agir por conta própria para combater o mosquito vetor da dengue, chikungunya e zika vírus. A ação inovadora conta com a "ajudinha" de um peixe de apenas quatro centímetros. A ação, realizada em Caririaçu, vem se repetindo de maneiras diferentes em outros municípios, considerando o interesse comum de conter a proliferação do mosquito.
Este município da região do Cariri, no entanto, se destaca por uma novidade. O empresário Jefferson Pereira, preocupado com os altos índices das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, começou a pesquisar sobre o ciclo de vida do mosquito e encontrou, no site da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), informações sobre um agente natural que se alimenta de ovos e larvas de mosquitos transmissores de doenças, o peixe Poecilia reticulata, conhecido popularmente como "Barrigudinho".
Apesar de ser bem pequeno, o "barrigudinho" pode desempenhar um papel fundamental na eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti. Ele é de rápida reprodução e capaz de sobreviver em locais com pouca oxigenação, conforme explica o agente de endemias Lindomar Cavalcante.
"Tanque, caixa d'água e até tambores são locais em que o peixe consegue sobreviver. Eles se alimentam de matéria orgânica e conseguem eliminar o desenvolvimento das larvas do mosquito". O profissional ressalta, no entanto, que o peixe não evita que o Aedes ponha os ovos, mas sua contém a reprodução.
"O mosquito continua se reproduzindo normalmente, mas o peixe vem e come ovos e larvas, evitando a proliferação. É um peixe pequeno, bonito mas muito faminto", acrescenta o agente de endemias.
Jefferson explica que há uma semana tem trabalhado nessa iniciativa. "Como minha empresa possui aquários para a comercialização de peixes ornamentais, decidi coletar o barrigudinho em seu ambiente natural e distribuí-lo para a população colocar nas caixas d'água, cisternas ou qualquer outro reservatório de água", detalha o diretor comercial da Casa da Pesca.
Distribuição
O empreendedor compra os peixes de uma colônia de pescadores e os doa em sua loja. "É um investimento financeiro pequeno frente ao grande benefício que ele pode gerar à população", acrescenta. Para potencializar a ação, o empresário apresentou a ideia aos agentes de endemias do município, que passaram a ajudar na distribuição. "Em uma semana, já distribuímos quase 900 peixes", disse Pereira.
Vantagens
Segundo Lindomar, durante as visitas domiciliares, os próprios agentes aconselham os moradores a irem até a empresa pegar os peixes, de preferência, um casal. "Outra vantagem é que ele se reproduz muito rapidamente, bastam um macho e uma fêmea para que, em um mês, a população aumente quase 30 vezes", explica.
A única restrição que se deve tomar, é não jogar cloro na água. O peixe não sobrevive ao tratamento químico. "Em locais onde a água é tratada quimicamente não é necessário colocar os peixes, já que nem ele e nem as larvas do mosquitos sobrevivem", finaliza Lindomar.
A Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) orienta que a melhor forma de evitar a dengue é eliminar os criadouros do mosquito. É importante vedar caixas d'água, tanques e cisternas, lavar e cobrir potes e não acumular água em latas, copos plásticos, tampinhas de refrigerantes, pneus usados, vasinhos de plantas, jarros de flores, garrafas.
Na luta contra o mosquito Aedes aegypti, o governo federal promove ação nacional nas unidades de ensino e, na última sexta-feira (19), lançou o Dia Nacional de Mobilização na Educação contra o zika. Não é de hoje que o tema chega às salas de aula, mas, na maioria das vezes, se limita a palestras e a atividades pontuais, como passeatas.
Além disso, forças militares foram mobilizadas para o trabalho de prevenção e esclarecimento à população, com a finalidade de conter a proliferação do mosquito. A ideia é promover uma grande mobilização social, envolvendo diferentes segmentos, para vencer a guerra contra o Aedes aegypti.
No Ceará, 87 municípios estão em estado de alerta em vista da alta incidência de vítimas da dengue, zika ou chikungunya. Nos meses de março, abril e maio a atenção será redobrada pelo poder público, em decorrência da estação chuvosa que ocorre no Estado.

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