quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Picciani é reeleito líder do PMDB

A recondução de Leonardo Picciani deve enfraquecer o movimento pró-impeachment de Dilma Rousseff, capitaneado por Cunha ( FOTO: AGÊNCIA CÂMARA )
Brasília. Por 37 votos a 30 (e dois em branco), os deputados federais do PMDB reelegeram, ontem, em votação secreta, Leonardo Picciani (RJ) como líder da bancada, aplicando uma derrota ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que apoiou Hugo Motta (PB).
A avaliação de governistas e oposicionistas, feita horas depois da divulgação do resultado e ainda sem uma percepção exata de como Cunha irá reagir, é a de que a votação tem três efeitos diretos.
Enfraquece o movimento pró-impeachment de Dilma Rousseff, capitaneado principalmente pelo presidente da Casa, diminui um pouco a resistência a projetos de ajuste que o governo pretende ver aprovados e reforça a pressão pelo afastamento do peemedebista do comando da Câmara, decisão que o Supremo deve tomar.
Denunciado sob a acusação de integrar o esquema do petrolão, Cunha teve o pedido de afastamento do cargo e do mandato protocolado pela Procuradoria-Geral da República no ano passado.
Uma vitória era fundamental para Cunha como demonstração de que ainda mantém força para derrotar o governo e para resistir no cargo. Apesar de todo o empenho, público e de bastidor, o deputado não se disse derrotado, mas reconheceu erro de prognóstico. "Não é vitória, nem derrota. A bancada do PMDB decidiu como quer ser conduzida", disse Eduardo Cunha. Ele passou os últimos dias telefonando e conversando pessoalmente com vários peemedebistas pedindo voto para Motta, aliado que presidiu a CPI da Petrobras por indicação sua.
Deputados que conversaram com ele após a derrota afirmam que o peemedebista demonstrou sinais de que partirá para a retaliação: uma delas, mover deputados do PMDB para partidos nanicos que estão em sua órbita. Outra, patrocinar candidatos concorrentes aos que Picianni indicará para comandar comissões da Câmara.
Já o governo, embora tivesse declarado publicamente neutralidade, atuou por Picciani. O lance mais explícito foi a liberação do ministro da Saúde, Marcelo Castro, que deixou o cargo por um dia, mesmo com a epidemia do vírus da zika, para reassumir o mandato e votar em Picciani.
Na chegada à Câmara, ele enfrentou manifestação patrocinada pela oposição, com pessoas vestidas de mosquito e com raquetes elétricas.
A partir de agora não tem derrotados nem vencedores, vamos juntos buscar o diálogo. As disputas fazem parte do processo democrático e o PMDB venceu o seu processo hoje", disse Picciani na noite de ontem.

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