Iguatu. A atenção de agricultores, lideranças comunitárias, políticas e do sertanejo de uma forma geral está voltada para a divulgação que a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) faz, na manhã desta terça-feira (23), do prognóstico para os meses de março, abril e maio da quadra chuvosa deste ano no Estado. O cenário permanece desfavorável e a tendência é de ocorrer chuvas abaixo da média pelo quinto ano seguido.
Apesar da aproximação da costa cearense, nos últimos dias, da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), principal sistema causador de precipitações na quadra chuvosa (fevereiro a maio), existe maior chance de ocorrer chuvas abaixo da média por causa da influência do sistema El Niño, aumento de temperatura das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial.
O El Niño permanece elevado e deve inibir a ocorrência de chuvas no sertão cearense. Na semana passada, o meteorologista da Funceme, David Ferran, reafirmou a previsão de um cenário desfavorável. Os índices devem permanecer semelhantes aos divulgados no primeiro prognóstico "O El Niño continua intenso e deve afetar o sistema de chuva no Semiárido nordestino", disse David Ferran.
O anúncio do segundo e último prognóstico para os três últimos meses da quadra chuvosa será feito no auditório da superintendência estadual do Banco do Brasil, durante reunião do Agropacto, nesta terça-feira, a partir das 7h30.
O primeiro prognóstico divulgado há cerca de 30 dias para os meses de fevereiro, março e abril indicou que havia 65% das chuvas ficarem abaixo da média; 25% em torno da média e 10% acima da média.
Até ontem, fevereiro registrava um déficit médio de chuva de 64%, segundo a Funceme. Em média, choveu apenas 45mm. O esperado para o período é de 127mm. Em janeiro (pré-estação chuvosa) ocorreu o inverso, pois foram registrados 194.3mm, ou seja, 97% acima da média histórica do mês que é de 98.7mm.
Para hoje, a Funceme prevê nebulosidade variável com eventos de chuva no Centro-Norte do Ceará e nas demais regiões, céu parcialmente nublado. Neste domingo, foram registradas precipitações em 24 cidades.
As cinco maiores foram observadas em São Gonçalo do Amarante (71.8mm), Beberibe (23mm), Meruoca (19.8mm), Trairi (19mm) e Aquiraz (16mm). Os dados pluviométricos revelam que as chuvas são localizadas e variam muito em um mesmo município. No caso de São Gonçalo do Amarante, a pluviometria variou entre 71.8mm e 33.2mm, na manhã do domingo passado.
Essa característica de chuva localizada e de intensa variação pluviométrica deixa áreas secas por mais de 15 dias no sertão cearense. A estiagem desde o início deste mês já coloca em risco a produção de grãos - milho e feijão. As folhas estão murchando, a terra começa a ficar seca e o cenário atual traz preocupação aos agricultores.
Açudes
Além da possibilidade de frustração de safra no primeiro plantio feito na segunda quinzena de janeiro passado, há uma preocupação generalizada com a perda das reservas hídricas. Os reservatórios não param de perder água. O volume médio atual acumulado é de 12,7%. De um total de 153 açudes monitorados pelo órgão, 130 estão com volume abaixo de 30%. Apenas quatro estão acima de 90%.
Se não houver chuvas intensas no próximo trimestre, o Ceará vai enfrentar maior dificuldade de abastecimento de água até nos centros urbanos. Além de aguardar a previsão da Funceme, o sertanejo espera para o Dia de São José, dia 19 de março. A sabedoria popular recomenda manter a esperança até lá.
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