Os dado mostram que as matrículas diminuíram em todas as etapas de ensino. Em nível nacional, são 3 milhões de crianças e jovens de 4 a 17 anos fora das salas de aula, e que, por lei, deverão ser incluídos até este ano. O levantamento também preocupa nos índices de matrículas em creche, pré-escola, ensino fundamental e na Educação de Jovens e Adultos presencial fundamental e médio.
A professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará (UFC), Maria José Albuquerque da Silva, pesquisadora da formação de professores e trabalho docente, aponta que as condições socioeconômicas e a desigualdade continuam sendo fatores determinantes para o abandono nas escolas, além de influenciar na formação acadêmica de futuros profissionais.
"A deficiência na base influencia de forma direta no ensino. Os futuros professores vão reproduzir aquilo que aprenderam. As escolas nunca foram priorizadas. Mesmo com avanços, ainda temos unidades sem bibliotecas, salas de informática e até quadras", afirma.
A especialista ainda ressalta que as instituições de ensino estão atendendo apenas interesses mercadológicos. "Os alunos não estão sendo transformados. Os professores são os que mais sofrem com as didáticas de ensino". Sobre as políticas públicas, a profissional questiona as atuais iniciativas em não haver um real investimento.
Já a Secretaria de Educação do Ceará (Seduc) informou, por meio de nota, que apesar da queda em todo Ceará, atualmente, funcionam 705 escolas estaduais. Desse número, 115 Escolas Profissionais ofertam o ensino médio e um curso técnico, das 7 às 17 horas. A Seduc também lançou o projeto "Professor diretor de turma".
A estratégia do trabalho consiste em manter um professor da unidade de ensino como diretor de uma turma acompanhando todo o desempenho escolar desses alunos até o fim de sua escolarização, identificando vulnerabilidades, fazendo as intervenções necessárias.
Conforme a Pasta, mais de 26 escolas de ensino médio passaram a funcionar em tempo integral, onde o currículo é mesclado entre os conteúdos estabelecidos na base comum em nível nacional e atividades educativas diferenciadas, com vivências de práticas sociais, culturais e artísticas. A Seduc acrescenta que o "ensino médio, como última etapa da educação básica, vem se consolidando no Estado brasileiro há pouco tempo e sofre ainda com a defasagem de aprendizagem dos alunos durante o ensino fundamental, principalmente nos anos finais". Portanto, diz a nota, o Estado lançou no fim do ano passado, o Programa de Aprendizagem na Idade Certa (Maispaic), cujas ações começaram neste ano e visam ampliar o trabalho de cooperação com os municípios.
Além disso, o Ministério da Educação vai em busca dos jovens de 15 a 17 anos de idade que abandonaram os estudos em todo o Estado. A ação será iniciada em abril e contará com mobilização interministerial. A intenção é resgatar 1,6 milhão de alunos que deixaram de frequentar a escola durante o andamento do ano letivo.
Apoio
A maior concentração desses jovens está na área urbana das grandes cidades. A rede irá utilizar o apoio das equipes da Saúde da Família, dos Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do Bolsa Família, além das secretarias de assistência social e da saúde do Estado e da Prefeitura de Fortaleza. A rede será estendida também ao sistema de medidas socioeducativas.
Entre as propostas do MEC para o Ceará, também está a universalização, até 2016, do atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos. A intenção é elevar, até o fim do período de vigência do Plano Nacional de Educação (PNE), a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85%. Outra medida anunciada será a ampliação de possibilidades de certificação para o ensino médio, que passará a contar com uma avaliação específica, além da solicitação atual por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
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