Depois de quase cinco meses de idas e vindas e alvo de um arsenal de manobras patrocinadas por Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e aliados, o Conselho de Ética decidiu, na madrugada desta quarta-feira (2), por apertada margem, dar sequência ao processo de cassação contra o presidente da Câmara dos Deputados.
Apesar de o resultado representar apenas a superação do obstáculo inicial do processo, o resultado de 11 votos a 10 representa uma grande derrota para Cunha, que empenhou todo o seu peso político nos últimos meses para tentar barrar a tramitação do caso.
O placar inicial foi de 10 votos a 10. Coube ao presidente do Conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA), desempatar a favor da continuidade do processo.
A ação de Cunha e de aliados, que nos últimos meses resultou em uma troca de relator e no cancelamento da primeira votação contrária a ele no colegiado, durou até o último momento.
Cunha presidiu na noite desta terça, até pouco após as 23h, uma sessão no plenário quase fantasma, com pouco mais de dez aliados que se revezavam nos microfones com discursos variados. O objetivo era evitar a retomada da sessão do Conselho de Ética, que só podia votar quando o plenário principal encerrasse seus trabalhos.
Cunha e aliados também esperavam a formalização da renúncia do deputado Vinícius Gurgel (PR-AC) à sua vaga no Conselho. Aliado do presidente da Câmara, ele estava fora de Brasília e estava permitindo que um suplente anti-Cunha assumisse. Com a renúncia, assumiu o líder do PR, Maurício Quintella Lessa (AL), que votou a favor de Cunha.
O Conselho retomou a votação às 23h17 e anunciou o resultado à 0h08 desta quarta.
Caso não sofra nenhuma nova reviravolta, o Conselho terá agora mais alguns meses para a instrução do processo contra Cunha.
O presidente da Câmara só perderá o mandato caso essa decisão seja corroborada pelo plenário da Câmara por pelo menos 257 dos 512 colegas do peemedebista, em votação aberta.
Acusado de ser um dos principais integrantes do esquema de corrupção da Petrobras, Cunha terá sua denúncia julgada nesta quarta-feira pelo Supremo Tribunal Federal. Caso os ministros entendam haver elementos indicatórios de sua participação nos ilícitos, ele vira réu no caso.
Em seguida, o tribunal deve julgar o pedido da Procuradoria-Geral da República de que Cunha seja afastado do cargo e do mandato.
O peemedebista nega todas as acusações e diz haver perseguição política contra ele.
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