O governador Camilo Santana esteve ontem com a presidente Dilma Rousseff, quando, além de questões de interesse da administração estadual, tratou também da sucessão municipal em Fortaleza. Camilo, como já havia noticiado o Diário do Nordeste, antes de iniciar seu trabalho de defesa da candidatura de Roberto Cláudio, contra a pretensão de alguns petistas de ter postulação própria, falaria com a presidente e também com a direção nacional do partido.
No mês passado, em São Paulo, o governador já havia conversado com Rui Falcão, presidente nacional do PT, chegando a censurar a movimentação em favor de uma candidatura própria, sem que ele sequer tivesse sido ouvido. Na conversa com a presidente Dilma, sua disposição era de reafirmar essa posição, acrescentando os possíveis prejuízos políticos para ele, a presidente e o próprio partido no Ceará.
O presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) em Fortaleza, o deputado Elmano de Freitas, disse que o governador Camilo Santana terá que "decidir o que fazer", visto que o chefe do Poder Executivo Estadual tem posicionamento diferente da sigla petista no que diz respeito à candidatura própria.
Atualmente, Fortaleza é uma das principais capitais da sigla pedetista e tem importância para o partido, que tem interesses maiores em 2018. Oficialmente, o governador disse que se reuniu com a presidente para tratar da liberação de mais R$ 48 milhões para obras de infraestrutura hídrica no Ceará.
Também foram conversados, segundo Camilo postou em sua página no Facebook, assuntos como a mobilização para o combate ao Aedes aegypti, Segurança e Educação. A informação distribuída pela assessoria do Palácio da Abolição dizia que o governador tratou desses temas "entre outros assuntos".
Conversa reservada
O presidente da Assembleia, Zezinho Albuquerque, e o secretário da Fazenda, Mauro Filho, estavam com o governador em Brasília desde o dia anterior, mas a conversa política foi reservada.
"Eu vou aguardar ele falar sobre isso. Se ele (Camilo) disser que apoiará Roberto Cláudio, temos opinião diferente. Se o governador tiver opinião de que o PT deve apoiar Roberto Cláudio, teremos uma divergência muito grande em Fortaleza. O PT terá candidatura e o governador terá que decidir o que fazer. Mas no partido prevalecem as instâncias da Municipal", sustentou Elmano de Freitas, após saber do encontro de Dilma e Camilo.
Desde o ano passado, a executiva municipal do partido em Fortaleza tenta uma audiência com Camilo, o que ainda não aconteceu. Elmano disse que continuará aguardando que o governador sente com o partido para conversar.
"Da nossa parte, sempre teremos tempo para ouvir o governador. Não vamos, de maneira alguma, ter atrito ou conflito com ele. Queremos preservar o PT dos ataques que ele vem sofrendo hoje, e é quase sagrado mantermos a unidade. Queremos ter o mínimo de relação tranquila com nosso governador".
Sem troca de partido
O dirigente municipal afirmou, ainda, que tem informação de pessoas próximas ao governador que Camilo disse a Rui Falcão que tem compromisso com o partido e não pensa em sair do PT para ingressar em outra legenda. Elmano ressaltou também que Camilo não é importante para o partido em nível de Estado e não estaria trabalhando com a possibilidade de deixar a sigla. "Ele ainda não se manifestou oficialmente sobre Fortaleza, mas o PT na Capital tem posição, e fizemos todo um processo de debate. Devemos ter encontro municipal e até lá faremos reuniões frequentes", pontuou.
O petista destacou, ainda, que o estatuto do Partido dos Trabalhadores determina ser dever do filiado do PT fazer campanha dos nomes que a legenda decide apoiar. "Eu devo cobrar que os filiados atendam à defesa do candidato do partido", disse.
Seminário
No próximo dia 12, o PT realizará o primeiro seminário com vistas a se discutir o programa de governo da legenda para a disputa eleitoral de outubro próximo. O primeiro tema, conforme informou Elmano de Freitas, deve ser Saúde. Segundo ele, é preciso definir as propostas que serão apresentadas na campanha. Um primeiro seminário foi feito no ano passado apenas para tratar de um diagnóstico geral sobre a Cidade, e agora a sigla quer ver quais as propostas que devem ser apresentadas.
Educação, Infraestrutura, Habitação e Mobilidade Urbana devem ser os temas seguintes. Esses encontros devem ocorrer até maio. Em abril, haverá reunião da executiva, que vai marcar um encontro municipal para discutir tática de candidatura própria. "Desse encontro podemos tirar ou não o nome que irá nos representar. O partido nos deu liberdade e autonomia de fazer isso até julho", informou Elmano.
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