Iguatu O céu limpo, sol a pino, próximo à Linha do Equador, falta de nuvens, de vento e de chuvas favorecem a sensação térmica de um calor insuportável. Essa é queixa geral no sertão cearense. As elevadas temperaturas deixam os moradores enfadados e a reclamação ocorre no trabalho, nas filas de pagamento, em casa e, principalmente, na rua.
"Não há quem suporte um sol forte e quente como está nesses dias", disse a aposentada Francisca Rocha, que, na manhã de ontem, percorria as ruas do Centro desta cidade, na região Centro-Sul do Ceará, sob a proteção de um guarda-chuva. "O jeito é sair com sobrinha porque ninguém suporta o calor", completou. A maioria dos moradores evita ir às compras no período da tarde.
Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Jaguaribe registrou, ontem, por volta das 14 horas, a maior temperatura do Estado (39,2°centígrados), seguida de Iguatu (38,1°C) e depois Jaguaruana (37,2°C). Quixeramobim chegou a registrar 36°C e Juazeiro do Norte, 36,2°C.
O meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Raul Fritz, lembra que a região está no verão e que a proximidade do equinócio de outono, no dia 20, quando o sol começa a atravessar a Linha do Equador, indo do Hemisfério Sul para o Norte, favorece maior incidência de raios solares na região. Para o sertanejo, estamos no período de inverno (maior incidência de chuva), mas as precipitações estão aquém do esperado.
Neste ano, a aproximação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), um centro de baixa pressão e de calmaria, contribui para elevar as temperaturas no sertão cearense. Nas últimas décadas, a destruição da cobertura vegetal, da Caatinga, o crescimento dos núcleos urbanos, da colocação de asfalto e emissão de gases do efeito estufa (GEE) favorecem a elevação da temperatura. Se tivesse chovendo nessa época do ano e o céu com cobertura de nuvens, o clima estaria mais ameno. "Com certeza, a sensação térmica seria diferente, as temperatura estariam mais baixas", observa Fritz.
A dona de casa Maria de Fátima Rodrigues disse que é preciso esperar alguns minutos para a água da torneira da pia e do chuveiro esfriarem. "A água sai quente, queimando", contou. O aumento da sensação térmica contribuiu para o maior consumo de água, sorvetes e sucos na cidade. "A gente tem que se proteger, andar pelo lado da sombra e procurar se hidratar. À tarde, fico em casa, não dá para sair", disse o aposentado Miguel Costa.
É mais comum os moradores sentirem o calor intenso a partir de setembro, quando termina o período de temperaturas mais amenas no sertão cearense (maio a agosto). Neste ano, a falta de chuva vem contribuindo para o aumento da temperatura. Quem trabalha exposto ao sol ressente-se ainda mais do calor intenso.
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