quarta-feira, 23 de março de 2016

Trabalhador leva sete meses para se recolocar


Com o aumento do número de desempregados na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), que ultrapassou dos dois dígitos pela primeira vez em sete anos, atingindo 10,2% em janeiro, está mais complicado para quem procura se reinserir no mercado de trabalho. Segundo dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), divulgada pelo Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), o tempo médio despendido à procura de emprego chegou a 30 semanas, ou sete meses, em janeiro deste ano.
O período é 36% maior que no mesmo mês do ano passado, quando a média era de 22 semanas, ou pouco mais de cinco meses, para que os trabalhadores desempregados fossem recolocados no mercado de trabalho. Na avaliação de Erle Mesquita, coordenador de Estudos e Análise de Mercado do IDT, o aumento se deve diretamente à elevação do desemprego, que acirrou a concorrência por vagas.
Em dezembro, entretanto, o tempo médio era de três semanas a mais do que foi visto em janeiro, totalizando 33 semanas, ou 7,5 meses. "Isso pode ser explicado não pela melhora do mercado de trabalho, mas pelo ingresso de muitas pessoas que acabaram de ficar desempregadas e só recentemente foram para a fila do desemprego, diminuindo o tempo médio geral", explicou Mesquita.
Outro indicador que demonstra a demora para a recolocação no mercado de trabalho é o tempo mediano de procura. O índice revelou que pelo menos a metade dos 184 mil desempregados na RMF em janeiro estava há quatro meses ou mais em busca de vagas. Enquanto isso, o mesmo indicador apontava que, de janeiro até junho de 2015, demorava pouco menos de três meses.
Desigualdade
Levando em conta as diferenças relacionadas ao gênero, as mulheres tradicionalmente demoram pelo menos um mês a mais que os homens para conseguir ocupar um posto de trabalho, segundo o coordenador. "Para as mulheres, as dificuldades começam desde a primeira entrevista, quando levam em conta se elas têm filhos, ou mesmo outras questões femininas", destacou.
"Há, de fato, uma realidade ainda mais difícil para as mulheres. Há um prolongamento desse período de busca para todos os segmentos, mas, para as pessoas do sexo feminino, é necessário aguardar ainda mais tempo para conseguir uma recolocação no mercado de trabalho".
Outro segmento que também sofre um impacto maior da retração do mercado de trabalho é o dos jovens. Segundo Mesquita, o índice de desemprego do segmento costuma ser duas ou três vezes maior que a média geral. Em janeiro, enquanto a taxa chegou a 10,2%, o índice relativo aos jovens alcançou 22,8%.
Seguro-desemprego
De acordo com o coordenador, o cenário é preocupante, uma vez que o benefício do seguro desemprego para auxiliar os trabalhadores enquanto eles se recolocam no mercado de trabalho não é suficiente para cobrir o tempo médio de transição. "Há, no máximo, cinco parcelas do seguro desemprego. Mesmo os que tenham alguma proteção podem ficar descobertos devido ao período prolongado de busca de trabalho", pontuou.
De junho a dezembro de 2015, conforme a PED, o medo do desemprego permaneceu em um patamar considerado alto. O pico foi em novembro, quando o índice atingiu 112 pontos, caindo para 108,6 pontos em dezembro. No mesmo período de 2014, o medo era considerado moderado, com 80,6 pontos.
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