Crato. Enquanto a sociedade juazeirense e o Ministério Público cobram do poder executivo ações que visem melhorias no transporte coletivo da cidade, em Crato, nesta semana, uma mensagem do executivo para criar o Conselho Municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade Urbana (Contram) foi rejeitada por ampla maioria em votação na Câmara Municipal, sem maiores discussões. Atualmente, Juazeiro do Norte conta com uma nova empresa, a Via Metro, que foi licitada para atuar desde o dia 31 de março.
Durante a sessão no legislativo cratense, o temor dos cooperados na área de transporte intermunicipal e condutores de caminhonetes e vans na cidade seria perder as suas vagas de trabalho para grandes grupos, que, por ventura, viessem de outras localidades se instalar na cidade. São cerca de 800 condutores de transportes coletivos atuando no Município, onde são constantes as reclamações relacionadas à precariedade no transporte.
Para os vereadores que defendiam o processo, houve um grande equívoco, já que o conselho a ser criado na cidade seria tripartite, com inserção de membros da sociedade, dos transportes e poder público. Usuários chegaram a criticar a forma como foi conduzido o processo sem que a sociedade seja ouvida de forma mais ampla, mas apenas os motoristas de vans e caminhonetes ocuparam, praticamente, o plenário da Câmara para defender a desaprovação do projeto, que em nada defendia a retirada dos veículos. Somente após um ano, um novo projeto poderá ser submetido à votação.
Prejuízos
Em meio aos avanços necessários na área de mobilidade urbana, segundo o vereador Amadeu Freitas, do Partido dos Trabalhadores (PT), o Crato poderá até ser prejudicado, inclusive com projetos na área de ciclovias. Outras cidades da região não contam com o Conselho, mas o Crato tem uma área territorial ampla, com vários distritos e áreas rurais pouco acessíveis com ônibus. As camionetas abarrotadas de passageiros, principalmente em dias de feira e, no domingo, para as pessoas que saem dos balneários, expõem a grande perigo a população, mas até mesmo vereadores locais defenderam que a população não pode ficar sem esses transportes e que nenhuma empresa que seja licitada na cidade irá atender a essa demanda.
A usuária Maria Simone Silva Sousa, da localidade de Baixa do Maracujá, em Crato, foi a única a se manifestar na sessão e disse que o projeto deveria ser discutido mais amplamente, e com a participação de outros setores da sociedade. Seria um órgão onde a população teria mais espaço, para falar das irregularidades existentes. O setor de transporte em Crato é continuamente criticado pela população, principalmente na questão de cumprimento dos horários nas áreas. Parlamentares disserem que essa situação iria se agravar mais ainda com a retirada das caminhonetes. O morador do distrito de Ponta da Serra, Antônio Correa, defendeu uma ampla discussão e disse que quem sai perdendo com a ausência de um conselho é a própria sociedade.
O vereador da cidade, Darcio Luiz de Sousa, presidente da Câmara de Constituição e Justiça, por meio de parecer, reconhece o respaldo legal do projeto, mas rejeita ao destacar que a iniciativa não vem ao encontro dos interesses do Crato, e que não está tecnicamente correto para os interesses locais. Ele ainda alegou que o projeto iria perseguir os motoristas, principalmente das caminhonetes, e o medo era que essas pessoas ficassem desempregadas. "Não quero lei para prejudicar meus amigos", disse.
Para o vereador Amadeu Freitas, o transporte de passageiros no Município do Crato é o mesmo desde sempre, pois o poder público não regulamentou o sistema de transporte coletivo conforme estabelece a Constituição Federal e a Lei Orgânica do Município. "Todos esses são dispositivos que tratam do serviço público de transporte coletivo que, para ser concedido, requer a realização de licitação", explica.
Amadeu Freitas afirma que os proprietários de veículos do Crato que operam essa atividade não querem a regulamentação porque a maioria não tem condição de operar de forma regular e não aceita nenhuma forma de regulação, sequer um conselho para discutir a política de transporte, trânsito e mobilidade urbana. Ele justifica a desaprovação principalmente aos interesses eleitoreiros.
Ordenamento
O motorista de transporte coletivo Antônio Erlande Bezerra ressaltou a necessidade do projeto ser mais ordenado e organizado. "Queria que chamasse todos os meios de transporte, para participar e realmente se tornar uma emenda e uma lei, para beneficiar o povo do Crato", afirma.
O empresário Ervelton Freire, proprietário da empresa Transfreire, disse que o modelo para levar empresas para o Juazeiro virá para o Crato. Para ele, o conselho seria uma forma de facilitar esse processo e deixar o pessoal da área de transporte local em desvantagem, o que poderá gerar desemprego na área. O empresário diz que o transporte local não é irregular e atua com alvará de funcionamento e com concessão de linhas.
Para o presidente da Cooperativa de Transporte Alternativo Crajuá, Sebastião de Oliveira Silva Filho, a maior preocupação foi a falta de confiança no projeto. Ele disse não ser contra, mas defendeu critérios que favoreçam a maior participação dos motoristas no Conselho.
Sugestões
"O transporte de passageiros no Crato é o mesmo desde sempre, pois o poder público não regulamentou"
Amadeu Freitas -Vereador
"Não sou contra o Conselho, mas defendo critérios que favoreçam a maior participação dos motoristas da nossa região"
Sebastião de Oliveira Silva Filho -Presidente do Crajuá
"Temos é que mudar o modal do transporte, incluindo ônibus, vans, D-20, para melhoria da mobilidade da população"
Wladimir Carvalho - Secretário de Segurança Pública do Crato
Mais informações:
Câmara Municipal do Crato
Rua Senador Pompeu, 468
Centro- Crato
Telefone: (88) 3523-2702
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