Potengi. O Cariri passa a ser rota internacional de observadores de pássaros. As aves raras da caatinga e o Soldadinho-do-Araripe, espécie existente apenas na área da Chapada do Araripe e uma das dez mais raras do Brasil, são atrativos para essa modalidade de hobby, que, no Brasil, tem sido crescente, denominada de "Birdwatching". A região possui empresa especializada no trabalho, acompanhando os admiradores e ornitólogos e constata um filão que há muitos anos poderia estar sendo trabalhado.
A "Araripe Birding" tem como mentor o micro empreendedor individual Jefferson Bob, que se tornou um guia de "birdwatching". Ele decidiu se dedicar apenas ao negócio e, desde 2013, passou a marcar excursões, pela Chapada do Araripe, com grupos de observadores. Ao perceber a vocação natural da região, uniu o seu prazer de fotografar pássaros, além de ser biólogo, com a oportunidade de negócio e divulgação da região.
Ele mesmo já detém uma coleção de cerca de 200 espécies de pássaros, registrados na região, incluindo o soldadinho. A maioria comum nas reservas de Caatinga, mas com registros na área da Chapada do Araripe. Bob começou a atividade como hobby, assim como a maioria dos interessados em buscar a região para admirar a passarinhada. Ele afirma que já recebeu pessoa de vários países, mas os grupos, em sua maioria, são do Sul e do Sudeste, com destaque para Brasília. Ele classifica as atividades desenvolvidas como hobby.
Coleções
Os brasileiros, segundo ele, têm a peculiaridade de serem colecionadores de fotografias das aves. E por isso, muitos se deslocam ao Cariri para obter o registro do Soldadinho-do-Araripe, entre outras aves raras da Caatinga.
Mas poder guiar esses admiradores de pássaros aos locais onde poderão obter as imagens que desejam requer um conhecimento específico das aves, do lugar e, acima de tudo, experiência, para que os observadores possam obter as melhores imagens e saiam daqui com o resultado garantido.
Normalmente, Bob chega a acompanhar dois grupos por mês, que permanecem, em média, três dias na região. O pacote, que inclui desde hospedagem, alimentação, transporte, além do acompanhamento aos principais locais onde podem ser encontradas as aves mais cobiçadas, como o Toron-do-Nordeste, Bico Virado e Bacurauzinho-da-Caatinga, entre outros.
O Toron, por exemplo, é uma ave que pode ser encontrada até a proximidade com Minas Gerais, e é um dos mais endêmicos, segundo Bob, na região. Nomes como o de Norton Santos, de São Paulo, e Marco Cruz, de Alagoas, estão entre os observadores que frequentam a região para a atividade.
O turismo de observação de aves tem dado um retorno importante para o Cariri, segundo Bob, já que essas pessoas necessitam dos serviços a partir do momento em que chegam, inclusive, com hospedagens nas cidades do Cariri, principalmente em Potengi, onde permanecem nos dias de atividades. Também se deslocam para cidades como Nova Olinda e Araripe, além de uma propriedade da família de Bob, no Sítio Pau Preto, em Potengi, onde podem ser obtidas imagens de aves específicas, a exemplo do Bacurauzinho.
Silêncio
O biólogo diz que normalmente tem trabalhado com grupos de até três pessoas, já que essa é uma atividade disciplinada. O silêncio é imperioso no momento em que as pessoas estão atuando, e quanto menos movimento melhor. Cada uma delas paga em torno de R$ 1.500 pela prazerosa empreitada. Há aqueles que apenas gostam de observar. Outros chegam com todos os equipamentos fotográficos necessários para obter as melhores imagens. Esses em grande parte são colecionadores e brasileiros. Os admiradores normalmente vêm de outros países. Os observadores viajam o país em busca de imagens das espécies endêmicas das regiões. O biólogo também tem viajado alguns Estados em busca de satisfazer o seu hobby. "Felizmente estou tendo a oportunidade de me dedicar a uma atividade que realmente gosto e viver dela", afirma.
A observação de aves no Brasil é uma atividade em ascensão. Nos Estados Unidos e Europa estão presentes grandes observadores, que percorrem diversos países para os registros das espécies de cada lugar. Bob já recebeu, no Cariri, estrangeiros da Suécia, Suíça, Japão, Estados Unidos e Inglaterra.
Para o biólogo Weber Girão, da organização não governamental Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis), que atua com o projeto voltado para a preservação e conservação da espécie Soldadinho-do-Araripe, esse tipo de atividade contribui para o turismo e também a conscientização ambiental. Na região da chapada do Araripe, muita gente está sempre em busca de ampliar suas listas de espécies, então, muitas que são endêmicas da Caatinga estão aqui.
O público específico não gosta de perder tempo quando se trata de realizar a observação, fotografar e aproveitar o tempo. Eles encaminham uma lista com as aves que querem ver e o roteiro já é feito de forma prévia.
Palestras
Normalmente as pessoas que realizam esse trabalho tem uma demanda muito grande de clientes. Os brasileiros, segundo o observador do Cariri, são mais exigentes em relação aos registros. Muitos voltam, porque não conseguiram fazer a imagem satisfatória. E para chegar aos passarinhos, Jefferson Bob se utilizada de cantos gravados dos pássaros. Há um banco na internet, e alguns são gravados por ele mesmo. A maior parte das atividades dos observadores acontece entre os meses de novembro e fevereiro. É no período de seca que é mais comum encontrar o pássaro Rabo branco de causa larga. Uma espécie rara só encontrada na caatinga. "Aqui no parque de Brejinho é quase que garantido", diz. Uma das contribuições, conforme o caririense, com esse trabalho, tem sido compartilhar, por meio de conscientização, dessa riqueza existente, aos estudantes de escolas públicas.
Frequentemente ele tem dados palestras sobre a temática, inclusive apresentando seu acervo fotográfico com imagens das aves. Somente na região, ele afirma que já viu 300 espécies.
Mais informações:
Araripe Birding
Endereço: Av. Herculino Marrocos, 10 - Sítio Pau Preto
Zona Rural Potengi
Telefone: (88) 9 9204-2146
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