terça-feira, 17 de maio de 2016

Bancada do CE está dividida quanto ao governo interino

 A bancada cearense retoma as atividades na Câmara Federal nesta semana em meio a um racha que vai dificultar cada vez mais a unidade do grupo no que diz respeito aos interesses do Ceará, caso não haja mudança em seu comando. Enquanto aliados do governo interino de Michel Temer trabalham no intuito de atrair mais parlamentares para a base de apoio do peemedebista, a oposição formada por PCdoB, PT e PDT tende a dar trabalho para a gestão que será colocada à prova no Congresso Nacional a partir de hoje.
Atual coordenador da bancada, o petista José Airton Cirilo disse não ter problemas em permanecer como coordenador, mesmo sendo oposição a Temer. No entanto, afirmou que vai convocar uma reunião com os parlamentares cearenses para decidir se haverá ou não mudança no comando do grupo.
"Eu acho que o melhor, na minha leitura, é a escolha de alguém que queira cumprir essa missão. Acho mais apropriado", disse. Para que a mudança ocorra, Airton afirmou que terá encontro com o governador Camilo Santana e, em seguida, com os deputados e senadores. Ele já conversou com alguns deputados para saber do interesse deles para comando da bancada.
Quando da votação da abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, na Câmara dos Deputados, nove parlamentares cearenses se disseram favoráveis ao impedimento da petista. Representantes cearenses do PR, PSB, SD, DEM, PMDB, PSDB e PRB votaram contra a continuidade do governo. Do outro lado, onze deputados do PDT, PTB, PCdoB, PSD, PROS e PT estiveram ao lado da presidente afastada. Adail Carneiro (PP) votou com os opositores de Dilma, e Macedo, do mesmo partido, contra. Aníbal Gomes (PMDB) esteve ausente e Gorete Pereira (PR) se absteve.
"Não acredito que a bancada vai embarcar nesse movimento de tentar 'incendiar' o Brasil. Não acredito que vá fazer oposição por oposição, e acho que esse é o sentimento majoritário dos deputados cearenses", afirmou Domingos Neto (PSD). Para o parlamentar, a bancada cearense na Câmara tem sido falha na articulação política junto ao governo federal.
"Não me recordo de nenhuma reunião onde tenhamos reunido toda a bancada com algum ministro pensando em pautas para o Ceará. Acho que essa mudança (de governo) deve incentivar ou mostrar que vamos mudar e estar em unidade", sustentou.
Base
Para Moses Rodrigues (PMDB), a intenção dos aliados do governo Temer é, a priori, atrair o maior número de deputados para a base governista, independentemente de filiação partidária. "Entendemos que esse é um momento crítico na política nacional e precisamos trabalhar para estancar a inflação e o desemprego, para que assim consigamos também melhorias em todas as áreas, preservando os programas sociais e cortando gastos desnecessários".
Quanto à articulação política com o Estado do Ceará e a coordenação da bancada, o parlamentar ressaltou que é o deputado José Airton quem tem de decidir se continuará na coordenação. "Temos que unir forças para resolver os problemas hídricos do nosso Estado, assim como diminuir a violência e as dificuldades encontradas na área da saúde", ressaltou. Para ele, os senadores Eunício Oliveira (PMDB) e Tasso Jereissati (PSDB) terão papel fundamental no governo interino, mesmo sendo oposição à gestão do governador Camilo Santana (PT).
Relação inalterada
Ex-ministro de Dilma Rousseff (Comunicações), o deputado federal André Figueiredo (PDT), de retorno às suas atividades na Câmara Federal como parlamentar de oposição à gestão de Michel Temer, afirma que a relação institucional entre o governo federal e o Ceará não deve sofrer qualquer alteração.
"Temos a absoluta convicção de que não somos daqueles que buscam barganhar qualquer coisa em relação ao Executivo", declarou. Segundo Figueiredo, da mesma forma que os outrora governistas buscavam trazer recursos para o Ceará, os que, hoje, são alinhados com o governo federal "têm que mostrar prestígio junto ao governo federal e trazer recursos para o Estado".
Mais crítico quanto ao governo interino de Temer, o deputado Chico Lopes (PCdoB) disse que não reconhece o governo em exercício, e afirmou que não vai compactuar com qualquer coordenação de bancada que seja alinhada com a gestão peemedebista. Ele disse, ainda, que não vê unidade na bancada cearense e que o grupo está com maior dificuldade em se unificar, visto que metade se disse favorável ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, enquanto a outra metade foi contrária.
"Não sei como a bancada (cearense) vai se comportar agora, porque o coordenador era ligado ao governo (Dilma). Mas não vou me submeter a um subalterno de político falso, de político oportunista", declarou Lopes.

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