Em meio à crise de representatividade e cada vez menos ideologia, os partidos políticos não serão responsáveis pelo tom da disputa eleitoral deste ano, mas sim os candidatos que colocarão seus nomes na disputa. Deputados estaduais cearenses acreditam que, apesar de muitas agremiações estarem envolvidas em denúncias de corrupção, esse ponto não deve ser decisivo na escolha do eleitor.
Os parlamentares, porém, reclamam da grande quantidade de legendas no País, o que segundo eles, contribui para a falta de ideologia partidária, bem como para a crise de identidade política. "Infelizmente, no sistema político brasileiro quem dá o tom é a personalidade do político. O peso político vai ser dado pelo candidato, principalmente, no que diz respeito à disputa ao Legislativo", defendeu o deputado Zé Ailton Brasil.
Segundo ele, a quantidade de partidos políticos no Brasil demonstra que há necessidade de se fazer uma Reforma Política urgente, que dê mais identidade às representações partidárias. No entanto, o deputado defende que ela comece a valer somente em uma década, para que os políticos atuais não votem em algo pensando nos seus interesses políticos imediatos.
"Os partidos devem ser estruturados de acordo com uma ideologia e os filiados devem conhecer seus estatutos. Se formos pensar uma Reforma Política para valer de imediato, vamos ter, novamente, uma 'minirreforma' que pouco vai avançar".
Para Júlio César Filho (PDT), o Brasil vive hoje um momento na política, que até pouco tempo era impensado, onde vários partidos fecham questão sobre determinado tema e seus representantes vão de encontro a tal determinação partidária. Segundo ele, a população não vai escolher seus próximos representantes pensando na imagem da legenda, mas sim da história e convicções do candidato.
"Claro que algumas pessoas da classe política procuram o partido pela bandeira que levantam. Mas pela diversidade partidária no Brasil, isso não é regra, mas exceção. Acho que vai prevalecer a posição pessoal de cada candidato". O parlamentar também defende a execução de regras mais rigorosas para a criação de partidos, no entanto ressalta ser contra "amarrar políticos" em determinadas legendas.
Depois do PTN, Júlio César Filho já passou por PMB, e em pouco tempo depois se filiou ao PDT. O petista Manuel Santana afirmou que regra geral o que vai influenciar no pleito de 2016 será o debate dos problemas cotidianos da cidade, mas nas grandes cidades a situação dos partidos deve influenciar na escolha do eleitor.
Ele citou que existem candidatos a prefeito em muitos municípios, que são filiados a partidos denunciados em esquema de corrupção, que estão bem avaliados nas pesquisas eleitorais. "Eu acredito que o fator nos municípios menores será a característica de cada candidato. Nos grandes centros, a situação dos partidos deve influenciar".
Apesar de afirmar que a população está cada vez mais esclarecida quanto ao papel dos partidos no Brasil, o deputado Leonardo Pinheiro (PP) afirmou que a participação partidária pouco vai influenciar nas discussões políticas deste ano, sendo a personificação o ponto alto do pleito. "Não acredito que no Brasil exista essa coisa de partido, até porque os partidos não têm uma ideologia programática definida. É cada vez mais um pensamento do mandatário. Isso é extremamente prejudicial para a democracia, até porque um presidente que entra tem que negociar com mais de 30 partidos".
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