Canindé. Já durava mais de 80 horas, na noite de ontem, o protesto de professores que lecionam nas escolas da zona rural deste município, junto com demais funcionários e pais de alunos da localidade de Targinos. Eles ocupam o trecho da CE-456 que dá acesso aos municípios de Quixadá e Choró. A categoria reivindica o pagamento do salário que está atrasado desde dezembro do ano passado.
A ação teve início na manhã da última terça-feira (17). Por conta da greve, a escola de Targinos permanece fechada desde abril. Segundo o professor Joaquim Rodrigues, cerca de 250 pessoas participavam do ato, até a tarde de ontem. Desde terça, o tráfego de veículos no trecho da CE que liga os municípios de Choró e Canindé foi interrompido. Uma barreira com pedras, galhos de árvores e pneus foi montada na estrada. À noite, a população tem se revezado.
Francisco Oliveira, professor da localidade de Maracajá, diz que todas as escolas da zona rural estão fechadas. Ele se revolta com a situação. Com as escolas fechadas e sem professores, unidades de ensino dos municípios vizinhos começam a ter que atender aos alunos de Canindé. "Os pais estão procurando vaga pros filhos em Choró e Itatira", confirma Joaquim. O fato tem colocado as crianças em perigo. "Tem aluno que arrisca a própria vida porque percorre uns 30Km de moto, por caminhos muito ruins, para chegar até uma escola que esteja funcionando, nos distritos vizinhos", conta.
O problema atinge cerca de 140 professores em regime de contrato que ensinam em escolas da zona rural. Segundo o procurador-geral de Canindé, Daniel Gouveia, o impasse decorre de uma demanda de outubro de 2015, do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), que impedia a contratação de novos funcionários a partir de janeiro deste ano. "Vários professores saíram de licença e ficamos com defasagem no quadro". Daniel alega que, para não ter que fechar as escolas, a Prefeitura resolveu contrariar a recomendação e contratou profissionais. No entanto, a decisão do MPCE impede o pagamento aos professores e o atraso já dura seis meses. O Município entrou com um agravo de instrumento, no dia 16 passado, para recorrer da decisão e efetuar o pagamento.
O Prefeito, Celso Crisóstomo, disse que pagou dezembro ontem e alega ter que esperar a decisão da Justiça para quitar as próximas despesas. "Nos pagamos o que foi possível. Como está em vigor a sentença do juiz local, só nos resta esperar a decisão da apelação".
Nenhum comentário:
Postar um comentário