As questões podem estar ligadas ao tráfico de drogas e à punição de delatores. "Esses pessoas mortas já estavam 'sentenciadas' no 'tribunal' da prisão. São detentos que planejavam invadir territórios do tráfico de drogas de outros criminosos e também os chamados 'caguetes'. Em todo lugar que exista relação humana é preciso que existam também regras de convivência e no presídio não é diferente. Só que lá as punições para quem infringe as regras são muitos mais severas que as daqui de fora. Eles punem tirando a vida, espancando, mutilando", explicou o coronel Lauro Prado.
Na Penitenciária do Carrapicho e nas Casas de Privação Provisória de Liberdade (CPPLs) I e II ocorreram quatro mortes em cada uma; na CPPL III foram duas execuções; na CPPL IV apenas uma. Entre os internos mortos está Luan Brito da Silva, 21. Ele era filho de Carlos Alexandre Alberto da Silva, o 'Castor', preso por comandar o episódio conhecido como 'Chacina da Cinquentinha', ocorrida agosto de 2015, em Fortaleza.
Conforme as investigações da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Luan Brito fazia parte do bando do pai. 'Castor' foi morto em dezembro de 2015, na Unidade Prisional Luciano Andrade Lima, a antiga CPPL I, em Itaitinga.
Os outros mortos já identificados são Paulo César de Oliveira, 46, respondia por tráfico; Francisco Clenildo Felipe Costa, 40, preso por furto; Daniel Henrique Maciel dos Santos, 26, acusado de homicídio e roubo; Diego Martins da Silva, 31, respondia por roubo; Roberto Bruno Agostinho da Silva, 23, preso por homicídio; Rian Pereira Paz, 33, acusado de tráfico; e Daniel de Sousa Oliveira, 22, também processado por homicídio e roubo. Seis detentos não foram identificados, diante da situação em que ficaram os corpos, e passarão por exames da Pericia Forense do Ceará (Pefoce).
O agente penitenciário Rafael Magno, da Comissão de Negociação do Sindicato dos Agentes e Servidores no Sistema Penitenciário do Ceará (Sindasp-Ce), disse que houve uma fuga, no último domingo, na antiga CPPL I. Segundo ele, os detentos teriam escapado por um túnel. "O processo para que seja feita uma vistoria completa e a contagem minuciosa dos presos será demorado. Do jeito que as coisas estão fica até difícil dizer quantos fugiram ou foram mortos", afirmou Magno. A Sejus informou que não há confirmação de fuga.
Movimentação
Defronte ao Complexo Penitenciário de Itaitinga muitas mulheres passaram o dia de ontem esperando notícias dos companheiros e familiares. Sempre ladeadas por um cachorro a quem chamam de 'Liberdade', elas disseram que só sairão de lá quando as unidades estiverem calmas. "Juntando as vezes que meu filho esteve preso dá uns dez anos. Nunca tinha visto as coisas desse jeito. Isso aqui é um massacre. Sempre teve muita coisa errada, mas nem imaginava que chegasse a esse ponto", disse uma pescadora, que não quis se identificar.
A companheira de um detento, que responde por roubo, entrou em contato com ele por telefone e o homem falou com a reportagem. "Isso não é coisa de facção, não é PCC, nem nada disso. Isso é a indignação da massa carcerária que não aguenta mais ser tratada como bicho. Hoje teve gente surrada até passar mal, na CPLL IV, por causa de um pedaço de pão, porque não tem para todo mundo. Isso aqui só piora. Nós avisamos que uma grande revolução estava vindo. E agora estão acreditando na gente?", indagou.
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