sábado, 4 de junho de 2016

Festa religiosa aquece a economia


Neste ano, a festa ganhou mais atenção do público por ter conquistado o reconhecimento do Iphan como Patrimônio da Cultura Imaterial do Brasil
Barbalha. Crise política, instabilidade financeira e recessão da economia no País. Apesar da atual conjuntura brasileira não ser das melhores, este município, no Cariri cearense, está otimista com o início da programação alusiva ao padroeiro, Santo Antônio, a maior festa popular do Nordeste ao santo casamenteiro e que abre o calendário das comemorações juninas no Ceará. Durante os 15 dias de festa, a Secretaria de Cultura e Turismo de Barbalha estima que 300 mil pessoas passem pela cidade.
O alto fluxo de pessoas impacta diretamente no setor econômico barbalhense. Segundo o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) local, Alcides Marcelo Barbosa Pereira, o crescimento esperado para este ano é de 2% a 3% em comparação ao mesmo período do ano passado.
A economia local é aquecida, sobretudo, durante o fim semana que abriu as festividades, com o tradicional cortejo do Pau da Bandeira e no fim de semana de encerramento, com procissão pelas principais ruas da cidade.
Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, no último domingo (29), diversos segmentos do comércio conseguiram, mesmo diante de um quadro de crise nacional, obter cerca de 3% a mais nas vendas em relação ao ano passado, a exemplo do setor de confecções e calçados. Já na área de alimentação e bebidas, o incremento chega a cerca de 6%. "Todos os setores são diretamente beneficiados, mas o de alimentação e serviços se destacam dentre os outros", acrescenta Alcides.
O segmento de serviços também é bastante aquecido, conforme avalia o titular da pasta, Alisson Uchoa. O setor hoteleiro chegou a ter acima de 60% de ocupação no último fim de semana, permanecendo praticamente lotado durante o período da Festa de Santo Antônio. "Aqui na minha pousada quase todos os quartos foram reservados com duas semanas de antecedência. Os que ficaram vagos foram preenchidos no domingo, dia do cortejo", comemorou a empresária Aline Alcântara.
Dificuldades
Em contrapartida, o presidente da CDL avalia que os números poderiam ser ainda melhores. Conforme explica, "os lojistas, em sua maioria, estão mais cautelosos com as vendas, isto é, com as formas de pagamento". Ele pondera que "com o comércio sem aquecimento na maior parte do ano, os lojistas estão também mais precavidos nas compras dos produtos, estão comprando menos e mais selecionado. Isso de certa forma freia um crescimento maior neste período junino".
Alcides Barbosa critica, ainda, "os altos encargos cobrados em cima das tributações". Para o presidente da CDL, essa é a principal razão para a "retraída nas vendas". "Mesmo que o comércio registre algum percentual de vendas, não chega na mesma proporção de crescimento dos impostos e encargos que vêm sofrendo", pontua.
Informalidade em queda
Se por um lado os comerciantes comemoram o bom fluxo de consumidores, por outro, os autônomos se vêm prejudicados após o cumprimento do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), expedido pelo Ministério Público do Ceará (MPCE), que ordenou a retirada de ambulantes das ruas em que passou o cortejo do Pau da Bandeira, para garantir mais segurança para a festa. Do quase 200 vendedores, o que representa uma mão-de-obra informal de pelo menos mil pessoas, houve a redução para metade deles. Alisson Uchoa, no entanto, minimizou a medida justificando que não houve prejuízo para a economia da cidade. "Em contrapartida, o ganho passou a ser revertido para o setor formal", pontuou.
Força e tradição
O "boom econômico" neste período pode ser explicado pela força dos festejos de Santo Antônio que, neste ano, ganhou mais atenção do público após a festa ter conquistado o reconhecimento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), tornando-se Patrimônio da Cultura Imaterial do Brasil. A cidade é a primeira do Ceará, quarta no Nordeste e uma das nove no Brasil a conquistar o título, inscrito no Livro de Registro das Celebrações Brasileiras.
Segundo o secretário da Cultura do Estado do Ceará, Fabiano dos Santos Piúba, "o reconhecimento nacional da Festa de Santo Antônio de Barbalha pelo Iphan é muito importante para a cultura cearense e reforça a dimensão dessa expressão da cultura tradicional popular, em que dezenas de grupos, artistas e mestres participam ativamente, em uma das mais marcantes manifestações do Cariri, do Ceará e do Brasil".
Para Antônio de Luna, Secretário de Cultura de Barbalha, "a festa, além de mexer com toda a cadeia produtiva da cidade", fortalece a região e o Estado. O evento teve início no último domingo (29) com o cortejo de 6km do Pau da Bandeira e seu hasteamento. Uma grande procissão levando a imagem do Santo pelas principais ruas marcará o encerramento dos festejos no próximo dia 13, às 16 horas.

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