Juazeiro do Norte. As significativas mudanças conquistadas nestes 105 anos não se resumem à economia, com ramificações em diversos setores e uma educação ascendente. A trajetória é marcada, sobretudo, pelas manifestações culturais e religiosas. A cultura popular vive em constante efervescência. São dezenas de grupos de reisado, lapinha, maneiro-pau, bandas cabaçais, bumba-meu-boi e outras tantas manifestações que pluralizam as manifestações locais.
Criado em 1983, a partir do Encontro de Produção de Artesanato Popular e Identidade Cultural, o Centro de Cultura Popular Mestre Noza hoje é uma das referências na produção de artesanatos em todo o Estado. São 40 mil peças expostas e 80 artesãos cadastrados, que comercializam para todas as regiões do Brasil, além de países de diferentes continentes.
Em muitas dessas peças, principalmente as de madeira, a religião está talhada, seja na figura do mítico Padre Cícero, patriarca de Juazeiro, ou na representatividade de capelas e igrejas.
A religião está intrínseca na cultura desta cidade em que mais de 88% da população se denomina católica, segundo dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A figura do sacerdote, aclamado santo pelos romeiros nordestinos, trouxe não somente desenvolvimento à cidade, mas uma peculiaridade ao povo que parece ter um fé inabalável. Durante todo o ano, romeiros de vários Estados preenchem as ruas da cidade, hibridizando a cultura existente. São cerca de 2,5 milhões de fiéis que se misturam aos mais de 200 mil católicos residentes na cidade.
Para o professor universitário de Filosofia e ex-pró-reitor de Cultura da UFCA, Ivanio Azevedo Júnior, a cultura é exatamente isso; "convivência e diversidade". Conforme lembra, nos períodos de romaria, há um enorme cruzamento entre pessoas e visões de mundo, entre culturas plurais. "O que gera miscigenação, importante instrumento de construção de uma sociedade plural. Múltiplo como tem sido a cidade neste século de criação".
Cultura, religião, educação e economia fortes se coadunam. A trajetória de Juazeiro tem se assemelhado às características biológicas da árvore homônima. Nem mesmo a mais prolongada seca é capaz de furtar o verde das folhas do pé de juazeiro. As raízes desta árvore crescem sem parar, até encontrar umidade em alguma parte do terreno onde está fixada. Assim tem sido a cidade aniversariante que, mesmo diante das adversidades, encontra forças para crescer.
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