sexta-feira, 22 de julho de 2016

Economia forte e turismo religioso

Com o intenso fluxo de pessoas, durante quase todos os meses do ano, principalmente devido às romarias, o comércio - sobretudo o varejista - de Juazeiro do Norte se fortificou ( Fotos: André Costa )
Outros segmentos têm se destacado, como imobiliário e da construção civil. Em alguns bairros, as edificações verticais compõe cada vez mais o cenário outrora composto apenas por pequenos imóveis ou terrenos ociosos
Juazeiro do Norte. De um pé de juazeiro a uma das economias mais pujantes do Nordeste. O vilarejo construído em volta de uma capela, ladeado por frondosas árvores da espécie, foi emancipado e cresceu em pouco mais de um século. Hoje, este município, no Cariri cearense, completa 105 anos no auge de seu desenvolvimento.
O turismo religioso, grande impulsionador da economia local por anos, hoje divide as atenções com a chegada de multinacionais, expansão de fábricas e indústrias, crescimento imobiliário e a consolidação do polo universitário que, juntos, alicerçam a terceira maior cidade do Estado, com um produto Interno Bruto (PIB) que cresce acima da média estadual.
A cidade, que hoje conta com mais de 265 mil habitantes, despontou devido ao turismo religioso, em volta da mística figura do patriarca Padre Cícero. Por ano, de acordo com a Secretaria de Turismo e Romaria, mais de 2,5 milhões de pessoas visitam a cidade em época de romarias; 12 ao total, sendo as quatro maiores a Romaria Nossa Senhora das Candeias, em fevereiro; Romaria Padre Cícero, em julho; Romaria Nossa Senhora das Dores, em setembro; e Romaria de Finados, em novembro.
Com o intenso fluxo de pessoas durante quase todos os meses, o comércio - sobretudo o varejista - de Juazeiro se fortificou. Atualmente, a projeção no crescimento das vendas no setor gira em torno de 3,5% ao ano, segundo dados da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) local.
Comércio em alta
Manter tal crescimento, mesmo diante da retração econômica brasileira, mostra a força e singularidade da economia local. Para o presidente da CDL do município, Michel Araújo, a cidade não foi afetada pela crise por ter uma "demanda retraída muito grande". Ele lembra que Juazeiro atende diversas cidades caririenses e, ainda, recebe com frequência, consumidores de três estados: Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte.
"Costumo dizer que aqui é um oásis. É uma cidade bem localizada, com periódica movimentação por consequência das inúmeras romarias e a economia está pulverizada, diferente do que aconteceu no tempo do ouro e do couro, por exemplo. Se um setor passa por uma dificuldade, esta crise não atinge o todo", ressalta Araújo.
O retrato deste cenário, aponta, é o crescimento do setor. O primeiro semestre deste ano, se comparado ao mesmo período de 2015, aumentou em 3%. Este número, conforme avalia Michel, é ainda mais relevante se lembrado que para os mesmos seis meses de 2016, houve retração de 4% no varejo nacional. "Olhar para o primeiro semestre e ver um crescimento acima das expectativas anima, pois o segundo semestre é tradicionalmente mais forte, devido às datas festivas", acrescenta.
Diante de um comércio tão promissor e diversificado, o seu PIB se destaca dentre as outras cidades cearenses, inclusive Fortaleza. No ano passado, enquanto se registrou queda na economia em todo o País e discreto crescimento de 0,9% no PIB do Estado, os números de Juazeiro foram além. Em 2015, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o PIB da cidade cresceu 3,5%.
Setor imobiliário
O progresso, no entanto, não se reflete apenas pelo comércio varejista. Outros segmentos têm se destacado nos últimos anos. Os setores imobiliário e da construção civil ganharam força e, em alguns bairros, as edificações verticais compõem cada vez mais o cenário outrora composto apenas por pequenos imóveis ou terrenos ociosos.
O palestrante e corretor de imóveis Paulo Oliveira conta que veio para Juazeiro do Norte há cinco anos, atraído pelo segmento promissor. "Era um período de diversos lançamentos na cidade com a chegada de grandes incorporadoras, contratação de mão de obra e poucos corretores especializados na área de edifícios. Foram vendas muito significantes para nos corretores", expõe.
Nos últimos anos, o mercado imobiliário no cenário nacional viveu um período dinâmico, com fases distintas. Primeiro veio o forte crescimento, com o auge da prosperidade. Depois, nos últimos três semestres, o setor entrou em uma curva descendente significativa.
Cenário atual
Em Juazeiro, contudo, Paulo avalia que essa queda foi bastante atenuada, o que ele classificou como "momento de stand-by". "A região tem se mostrado tão próspera que, mesmo diante da crise, as vendas estagnaram, mas não caíram drasticamente, como em outras regiões".
O construtor Daniel Ferraz, proprietário de uma das maiores empreiteiras atuantes na cidade, corrobora o pensamento de Oliveira e destaca que "Juazeiro do Norte hoje se enquadra num ponto fora da curva quando analisamos a atual situação da cidade em comparação às demais regiões do País". Segundo avalia, observa-se, para médio e longo prazo, uma perspectiva de crescimento do setor novamente acima da média nacional.
Ele lembra que o Município possui diversificados atrativos, que vão desde uma localização geográfica favorável, que torna a cidade um local estrategicamente centralizado dentro de uma região do País, até a vocação universitária, que está sendo criada na cidade, trazendo desenvolvimento humano para região, enriquecendo em termos qualitativos os empregos e, por conseguinte, levado ao crescimento da renda.
De acordo com os dados do Sistema Nacional de Emprego/Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (Sine/IDT), o setor está entre os quatro que mais empregam na cidade, ao lado de comércio, serviços e indústria.

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