domingo, 24 de julho de 2016

Explosivos seriam usados em resgate de presos


Os artefatos foram encontrados dentro de um veículo, no bairro Pirambu ( FOTO: NAVAL SARMENTO )
As muralhas de algum presídio da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) seriam o alvo de um casal, capturado na noite da última quinta-feira (21) na Capital, pela Polícia Militar. De acordo com apurações preliminares dos investigadores, o homem, que era foragido da Justiça e havia escapado recentemente da prisão, tentaria resgatar outros presos explodindo os muros.
O casal foi localizado por policiais militares durante abordagens de rotina na Avenida Doutor Theberge, no bairro Carlito Pamplona, em Fortaleza. Com eles, havia seis quilos de explosivos, além de uma pistola, munição e drogas.
De acordo com a Polícia, Maria Auricélia Chaves de Menezes Silva, de 37 anos, e Carlos Robson de Oliveira Freitas, de 26 anos, estavam em um veículo Chevrolet Corsa de cor cinza. As patrulhas militares faziam rondas de rotina, quando avistaram o veículo e se aproximaram. Percebendo a presença da Polícia, o casal tentou empreender fuga e houve uma breve perseguição.
Entretanto, os suspeitos não tiveram êxito em escapar. Na Avenida, a mulher, que guiava o carro, parou o veículo e desceu, com o comparsa. No interior do Corsa os agentes de segurança encontraram os seis quilos de explosivos. Além disso, havia ainda uma pistola de calibre 380, que estava com a numeração raspada, 12 munições, um carregador, 22g de crack, 15g de cocaína e uma balança de precisão.
Depoimento
A dupla foi presa em flagrante e encaminhada ao 7º DP (Pirambu). Na Delegacia, prestaram depoimento e foram autuados por tráfico de drogas, associação para o tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo.
Na unidade, os policias descobriram que Carlos Robson cumpria pena por roubo e tráfico de drogas na unidade prisional Desembargador Francisco Adalberto Barros de Oliveira Leal, conhecida como 'Carrapicho', localizada na Caucaia, na RMF. De lá, o homem teria escapado no último domingo (17). De acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), ele responde a nove inquéritos, sendo três por porte ilegal de armas de fogo, quatro por roubo, um por tráfico de drogas e mais um por homicídio.
Maria Auricélia informou aos policiais que o automóvel era de propriedade de um primo dela e que não tinha conhecimento do material ilícito que estava sendo transportado. Carlos Robson, por sua vez, confessou à Polícia que a arma de fogo era de sua propriedade e que a utilizava "para se proteger".
Os explosivos foram conduzidos para a base do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate). A Polícia Civil segue investigando a origem do material ilícito apreendido e qual seria a finalidade das emulsões.
Versões
Aos policiais, o homem afirmou que, após fugir da unidade prisional, buscou abrigo em um matagal. Em seguida, permaneceu escondido na casa da mãe dele, no bairro Bonsucesso, quando teria sido contatado por Maria Auricélia. Em depoimento, Carlos Robson teria dito que não sabia para onde estavam levando os explosivos.
O secretário adjunto da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), coronel Lauro Carlos de Araújo Prado, discorda da versão. Conforme ele, as apurações indicam que a dupla, na verdade, estaria em deslocamento para realizar um resgate de presos em alguma unidade prisional do Estado.
"Era uma tentativa de estouro de muralha de presídio, mas ninguém descarta nada. É difícil alguém usar dinamite para atacar uma Delegacia ou quartel. Há a possibilidade de estouro de muralha. Ele era fugitivo e talvez estivesse com algum compromisso com alguém", afirmou.
Prado exaltou, ainda, que há a recomendação para os policiais agirem de maneira a prevenir ações criminosas. "Temos dado a orientação aos nossos policiais para realizarem mais abordagens de rotina. Colocamos mais viaturas nas ruas no intuito de defender e aumentar a possibilidade de abordagens, e os estamos orientando para fazerem mais e mais abordagens. Quanto mais abordagens os policiais fizerem, mais crimes a agente evita", destacou Prado.
Circulava, no entorno da Delegacia, um relato informal de que o material explosivo apreendido iria sim, de fato, ser utilizado contra o prédio policial. Entretanto, conforme os investigadores, tal possibilidade seria das menores. Em depoimento, as histórias contadas pelo casal reforçam a tese apontada por Prado.
"O homem disse que, quando entrou no carro, os explosivos já estavam lá. A mulher disse que é usuária de drogas e que eles estavam indo para a Caucaia, exatamente onde está o presídio que abriga os presos mais perigosos do Estado, coincidentemente, de onde o homem fugiu. E a mulher disse que ele ligou pra ela, pois ela tinha contato com o pessoal do 'Carrapicho'. Ele teria pedido para buscá-lo em frente a um shopping center no bairro Parquelândia e que iria para a Caucaia. A mulher é moradora do Pirambu. Quando estavam indo para a Caucaia, ela teve um problema de família e voltou para o bairro. Na saída daqui, eles se depararam com a equipe da Polícia Militar", esclareceu um policial civil.
Ameaças
Circularam nas redes sociais, nos últimos dias, supostas ameaças endereçadas ao delegado titular do 7º DP e a policiais civis lotados naquela unidade. A quantidade de explosivos apreendida, por exemplo, seria "suficiente para derrubar o prédio", conforme indicou à reportagem um policial civil.
O secretário adjunto avalia que o fato do casal estar trafegando nas proximidades daquela Delegacia, munidos de explosivos e arma de fogo, não indica necessariamente que eles tenham alguma relação com as mensagens deixadas contra os policiais civis do Pirambu.
"Não creio que tenha qualquer ligação entre essa captura e as ameaças feitas aos policiais. Ainda estamos investigando a ligação do homem com a mulher e a origem deste material ilícito apreendido", afirmou.
Os policiais que atuam no Pirambu e que foram alvos das ameaças afirmaram que não irão se abalar diante das mensagens intimidadoras. "A gente sempre teve isso (sofrer ameaças). É uma Delegacia muito atuante, então sempre teve esse tipo de situação de ameaça. Não tão gritante quanto agora, mas já estamos acostumados a trabalhar com isso. O que a gente faz é continuar combatendo, tentando prender, identificar quem está ameaçando. Eu redobrei meus cuidados, mas minha rotina continua tranquila", relatou um dos policiais civis.
Já o titular da unidade, delegado José Barbosa Filho, foi mais incisivo. "Não vamos nos intimidar. A gente parte é pra cima. Vamos continuar investigando. Não existe isso de se deixar intimidar", apontou.

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