Episódio que ocorre exclusivamente na gravidez e de causas ainda desconhecidas, a pré-eclâmpsia tem sua incidência estimada entre 2% a 8% nos países desenvolvidos, podendo chegar a 10% ou mais em uma perspectiva nacional.
É a principal causa de morte materna no Brasil e uma das três maiores no mundo, seguida por hemorragias e infecções. A diferença entre este quadro e a eclâmpsia de fato é que a pré- eclâmpsia consiste no aumento da pressão arterial a partir da 20ª semana de gestação, enquanto a segunda é caracterizada por convulsões que não podem ser associadas a outras causas, como a epilepsia.
Além da hipertensão, a pré-eclâmpsia também é a perda de proteínas pela urina, sendo essa condição definida como excreção de 300 miligramas ou mais no período de 24 horas. Segundo o obstetra Mário Macoto, do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP), a causa da pré-eclâmpsia não está definida, sendo considerada uma doença multissistêmica que leva ao aumento da pressão arterial, podendo afetar órgãos como rins, fígado, cérebro, além da visão e do sistema cardiocirculatório.
"Esses quadros não são apenas de uma hipertensão induzida pela gestação, mas provavelmente são secundários a interações imunogenéticas e a uma má perfusão placentária (quando não chegam nutrientes e oxigênio suficientes para o feto por meio da placenta), assim como alterações da função endotelial materna", pontua a Dra. Clarisse Uchoa, obstetra da Maternidade Escola Assis Chateubriand (Meac)da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Indicativos
De acordo com o Dr. Mário Macoto, o principal parâmetro para o diagnóstico é o aumento da pressão arterial, que pode vir acompanhado de ganho súbito de peso, inchaço de mãos e rosto, dor de cabeça, visão turva e dor de estômago. Exames laboratoriais podem mostrar alterações que sinalizam a gravidade da doença.
"Na sua forma leve, a pré-eclâmpsia pode ser controlada em ambulatório, com diminuição do estresse, repouso relativo, controle alimentar e uso de hipotensores. Nos casos graves, é necessário internação para melhor controle clínico da gestante e avaliação do feto, que muitas vezes pode ter ganho de peso menor que o esperado e alteração de seu bem-estar (vitalidade)", diz
Métodos profiláticos
Conforme a Dra. Clarisse Uchoa, vários estudos buscam métodos eficientes que reduzam a incidência e a gravidade da pré-eclâmpsia. No entanto, como a causa ainda é incerta, não há como realizar uma prevenção adequada.
"São sugeridas medidas para trazer benefícios, porém sem evidências científicas para a recomendação. São indicados dieta (com restrição de proteína ou sal), exercícios físicos, suplementação com zinco, magnésio, vitaminas anti-oxidantes (C ou E), cálcio, óleo de peixe, heparina. Também drogas anti-hipertensivas para mulheres com hipertensão crônica e aspirina em baixas doses", enumera a médica.
O mais importante é lembrar que a realização do pré-natal é fundamental, uma vez que, se ele for bem conduzido, a situação para a mãe e para o feto será reconhecida prontamente e as ações médicas serão eficazes. No entanto, na pré-eclâmpsia, a prematuridade é frequente.
Atenção aos recém-nascidos
Prematuros, os bebês de mães com pré-eclâmpsia necessitam de cuidados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI Neonatal). Segundo o obstetra Mário Macoto, muitos são prematuros extremos (nascidos antes de 28 semanas de gravidez) e um número significativo de bebês permanecem internados por três a quatro meses, uma vez que as intercorrências tendem a ser mais graves e frequentes, complementa.
Consequências
Em relação à saúde do bebê, o principal impacto da eclâmpsia ocorre na hora do parto. Segundo o Dr. Almir de Castro, chefe do Serviço de Pediatria do Hospital Universitário Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará (UFC), as condições que cercam o desfecho da gestação da paciente portadora da pré-eclâmpsia e eclâmpsia podem acarretar a prematuridade e asfixia perinatal, tendo os distúrbios respiratórios e infecção como consequências.
"Até onde se sabe, não há consequências a longo prazo para os bebês cujas mães apresentaram este problema", conclui Dr. Almir de Castro.
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