Tianguá. A dona de casa Maria Marli Dias, moradora deste Município, na Serra da Ibiapaba, ficou feliz ao saber que, bem próximo de casa, seria construída uma escola para os filhos estudarem. Marli acompanhou o início da obra, em novembro de 2014, com previsão de entrega em agosto do ano seguinte. Quase um ano depois da data estipulada para o término do trabalho, orçado em pouco mais de R$ 3,4 mil, numa parceria entre o gestão local e o governo federal, por meio do Ministério da Educação, o prédio continua em obras.
Escola inacabada
A Escola Padrão, com doze salas, projetada para atender as crianças do Bairro Planalto, teve apenas sua estrutura erguida em alvenaria, mas segue sem cobertura e janelas. Todo o material, como telhas, cimento, brita, areia e tijolos, se encontra no canteiro de obras. A dona de casa Maria Marli e outros moradores lamentam a demora na entrega do equipamento.
"Desde que essa construção começou, nós passamos a contar os dias e meses para que fosse entregue, mas o tempo foi passando e parou. Dá para ver pela placa que agora em agosto ela completa um ano de atraso para a sua entrega", afirma.
A Escola, com estrutura para cerca de 480 crianças do Ensino Fundamental I e II, foi planejada para dar suporte às outras 63 instituições de ensino de Tianguá. Segundo o secretário de Infraestrutura do Município, Altamirando Cavalcante, além da falta de repasse financeiro do Fundo de Desenvolvimento da Educação (FNDE), carece também mão de obra qualificada para tocar a obra.
"A empresa licitada tem tido dificuldade em contratar pessoal para continuar o trabalho. Na Serra da Ibiapaba não temos mais operários da construção civil. Alguns vêm de fora para dar conta da nossa demanda. Essa não é uma obra com material comum. Há até dificuldade em encontrar ferro para a estrutura. Isso representa mais demora", disse. Ele garante que a obra não foi paralisada, mas que houve diminuição no ritmo por conta desses problemas.
Ao lado da escola inacabada, outro prédio chama atenção. Dessa vez, a placa de identificação da construção informa que a parceria é entre o Município e o Ministério da Saúde, para beneficiar a população com uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). O equipamento, que teve sua construção iniciada em novembro de 2013 e previsão de término em 180 dias, ou seja, em maio de 2014, segue sem prazo para inauguração.
A UPA 24h de Tianguá, com orçamento de R$ 2,4 milhões, é do tipo II, criada para resolver grande parte das urgências e emergências, como pressão e febre alta, fraturas, cortes, infarto e derrame. O objetivo é diminuir as filas nos prontos-socorros dos hospitais por meio da estrutura com atendimento com raio-X, eletrocardiografia, pediatria, laboratório de exames e leitos de observação.
O modelo faz parte da Política Nacional de Urgência e Emergência, lançada pelo Ministério da Saúde em 2003, que estrutura e organiza toda a rede de urgência e emergência no País, com o objetivo de integrar a atenção às urgências. Quando estiver em pleno funcionamento, o equipamento atenderá também aos pacientes de Ubajara e Viçosa do Ceará, desafogando a rede de saúde daqueles municípios.
De acordo com a secretária de Saúde de Tianguá, Valdene Vasconcelos, a UPA está finalizada, à espera da instalação de equipamentos. Mas os recursos para essa aquisição, em cerca de R$ 1,5 milhão, provenientes do Ministério da Saúde, não foram liberados. "Acreditamos que essa mudança que o País atravessa tenha sido responsável pela demora. Não temos uma data definida, mas o governador Camilo Santana nos garantiu, em reunião, que trabalha para ajudar nessa liberação", informa.
Praça da Juventude
Do outro lado da cidade, cruzando a BR-222, os moradores do bairro Santo Antônio também reclamam de uma obra que foi iniciada em abril deste ano, mas que chama atenção pelo completo aspecto de abandono. A tão sonhada Praça da Juventude, equipamento esportivo que iria proporcionar mais lazer e diversão à população de crianças e adolescentes, se encontra encoberta pelo mato.
A ferrugem está por toda a parte da estrutura metálica. Parte do telhado foi retirado ou está danificado, e falta a cobertura da quadra de esportes. Para um dos moradores do lugar, Lindomar de Sousa, a Praça virou um lugar de risco para os moradores, porque vive cheia de marginais à noite. "Não há iluminação e ninguém passa por aqui. A cobertura da quadra foi montada, mas o vento derrubou, depois ficou assim, descoberta. Uma pena, pois quem perde somos nós que precisamos de um equipamento desse porte", lamenta.
Ainda, segundo Altamirando Cavalcante, em relação à Praça da Juventude, existiram problemas com a primeira empresa licitada, que abandonou a obra, e outro problema com a queda do teto da quadra, por conta do vento forte.
"Contratamos duas novas empresas para tocarem os trabalhos. Isso gerou alguns entraves com a Caixa, financiadora desse projeto, que passa por certa readequação. Aos poucos, os trabalhos foram reiniciados e, assim que o teto da quadra for recolocado, a parte de alvenaria também será retomada", assegura o secretário.
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