segunda-feira, 1 de agosto de 2016

CVTs operam com orçamentos reduzidos no Estado do Ceará

O CVT de Quixadá vem funcionando com orçamento baixo e número reduzido de professores para atender à demanda da cidade e de municípios vizinhos por profissionalização ( Fotos: José Avelino Neto )
Na Região do Cariri, a formação tem feito toda a diferença para a formação de muitas pessoas para o mercado de trabalho, como na área de gastronomia, assim como em municípios da Zona Norte do Estado ( Foto: André Costa )
Quixadá. Depois de 26 anos, Varislene de Lima e Silva, 42, moradora deste Município da região central cearense, há 170Km de Fortaleza, aprendeu a usar planilhas para ajudar na contabilidade de seu comércio, graças a um curso de Informática que fez no Centro Vocacional Tecnológico (CVT) de Quixadá. "Me ajudou a conter gastos com informações de entrada e saída de dinheiro. Pra mim foi muito bom porque melhorou o meu negócio", disse ela, que ainda voltou para fazer um curso de Empreendedorismo, razão pela qual acredita ter melhorado sua visão de gestão. "As coisas evoluíram. Não são mais como quando comecei", conta.
Varislene não é uma exceção. Para muita gente, os CVTs cumprem um papel importante de aperfeiçoamento e capacitação, o que muitas vezes ajuda na busca de um novo emprego. Em Quixadá, o CVT da cidade oferece cursos procurados por indústrias para capacitar seus funcionários, empresas e pela população em geral. Mas, segundo o coordenador, Idelbrando Ferreira Lima, atualmente apenas dois professores trabalham na unidade. No começo, esse número era quatro vezes maior. "Quando precisamos de algum profissional, o Centec remaneja de outras cidades", diz. O dinheiro que entra em caixa mensalmente para pagar despesas de consumo, é apenas R$ 300, conforme conta Idelbrando. "Sofremos com esse corte no repasse", acrescenta.
Dificuldades
Os laboratórios de Física, Química e Biologia não têm professores e a estrutura do prédio não passou por nenhuma grande reforma desde que foi inaugurada, há 16 anos. Mas o coordenador ressalta a importância do Centro e diz que os impactos, embora existam, são pequenos e não comprometem o funcionamento. "Nós temos recebido sempre alunos de escolas e até alunos da Feclesc para aulas teóricas", pontua.
Em termos de estrutura, em Piquet Carneiro, há 332Km de Fortaleza, a situação é um pouco diferente. Há quatro anos, a unidade, que também abriga um polo da Universidade Aberta do Brasil (UAB), recebeu uma reforma no valor de R$ 110 mil. Um novo laboratório de Informática foi instalado e por meio de uma parceria com a Prefeitura, está sedo concluída a construção de um auditório.
Mesmo com os investimentos, Patrícia Ferreira, coordenadora do Centro, diz que vem trabalhando com dificuldade. "Tentamos dar continuidade com a estrutura que temos, mas existe uma deficiência no que se almeja", frisa. Com o corte de recursos, ela diz que a parceria com a Prefeitura tem ajudado muito e vem procurando quem aceite trabalhar de modo voluntário. "Não podemos parar, o CVT tem sua história", pontua.
Vale do Jaguaribe
Em Tabuleiro do Norte, município localizado 211Km da Capital, a coordenadora Fátima Filgueiras contou que o CVT já enfrentou dificuldades, mas hoje consegue atender bem. "Estamos conseguindo realizar nosso trabalho. Só neste ano já formamos 305 alunos em cursos de capacitação e muitos estão no mercado de trabalho. Superamos nossa meta anual, de formar 260 alunos".
Ter algum curso no currículo é o que garante uma nova chance para quem está desempregado em Canindé. Dezenas de pessoas procuram a unidade do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (Sine/IDT) do Município, depois de concluir algum curso em uma unidade do CVT, que também existe na cidade. "Aqui não tem muitas empresas de qualificação, então, muitas pessoas vêm deixar um currículo depois de fazer algum curso lá", explica o agente do Sine de Canindé, Marcus Vicínius, que garante: "A qualificação do CVT pesa muito, é um certificado muito importante".
Investimento
A ideia dos Centros surgiu no início dos anos 2000, na gestão do então secretário de Ciência e Tecnologia do Estado, Ariosto Holanda. Atualmente existem 38 unidades no Ceará. Ariosto Holanda afirma que o contrato de gestão mantido pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece) com o Centro Instituto de Ensino Tecnológico (Centec) sofreu um corte de 50% no valor dos recursos. "Na época, eu deixei um contrato de R$ 26 milhões por ano, mas o contrato hoje diminuiu, fazendo com que muitos deixassem de operar como era para ser", afirma.
Nágila Drummond, secretária-executiva da Secitece, afirma que o contrato de gestão com o Centec neste ano chega a mais de R$ 16 milhões. Mesmo menor, Nágila diz que o valor tem garantido o funcionamento das unidades. "A Secitece tem apenas um contrato de gestão com o Centec, mas ele tem contratos com outras secretarias", disse. Ela explica que a Secretaria compreende a importância dos CVTs e não tem deixado de garantir a manutenção das 38 unidades. "Ao longo de 14 meses estamos fazendo tratativas para que a gente possa reformar algumas unidades e também equipá-las", explicou.
A secretária-executiva antecipou que a Secitece dispõe de mais de R$ 11 milhões para equipar antigos laboratórios e outros novos que serão construídos, além de outros R$ 842 mil para reformar seis Centros que também funcionam como polo da UAB. Na última quinta-feira (28), as unidades de Canindé, Ipu, Santa Quitéria, São Benedito, Viçosa do Ceará e Massapê receberam uma primeira leva de novos equipamentos. "O nosso esforço é equipar esses CVTs. Já aconteceram quatro licitações, na última semana, e queremos reformar e investir em todos. Estamos dependendo apenas de futuros novos contratos. Nós queremos o povo formado, educado, dando oportunidade para quem nunca teve", afirmou.
ENQUETE
Qual é a situação atual?
"Nós continuamos batalhando para estruturar o CVT, mas houve um corte no valor que é repassado. É uma situação difícil. No entanto, temos, ainda, que atender a população, escolas, e faculdades"
Idelbrando Ferreira Lima
Coordenador CVT de Quixadá
"A parte física do CVTEC é satisfatória. São quatro salas de aula para teoria, duas cozinhas, um laboratório de Informática, um de Biologia e um para Física e Química. Vamos recuperar os banheiros e da sala de Informática"
Sangielo Cruz
Coordenador do CVETC do Crato

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