sábado, 17 de setembro de 2016

Programação cultural marca 10 anos do Geopark Araripe





Crato. Um projeto que mudou a forma de ver o Cariri e se tornou referência internacional para a criação de trabalhos semelhantes no Brasil e outros países do mundo. O Geopark Araripe é o primeiro criado nas Américas. Há 10 anos, desenvolve uma forma diferenciada no processo de educação e conservação dos recursos naturais e culturais, diante a formação singular do espaço, com fósseis de milhões de anos e uma geomorfologia que atrai estudiosos de várias partes do mundo. Nos 10 anos de criação, sob a gestão de Universidade Regional do Cariri (Urca), o Geopark é um dos 121 modelos criados no Mundo, inseridos da Rede Global de Geoparks, da Organização das Nações Unidas para Educação a Ciência e a Cultura (Unesco).
Com uma programação para comemorar a primeira década, no próximo dia 19, data do aniversário de criação, será iniciada uma série eventos, que serão abertos com uma conferência, realizada pelo o único integrante brasileiros a fazer parte da comissão de avaliadores da Rede Global, da Unesco, professor Patrício Melo, atual reitor da Urca. A programação segue com palestras, oficinas, mini-cursos e visitas às comunidades, além de atrações culturais até o dia 24 de setembro.
Certificação
Melo estará no próximo dia 22, participando, a convite da rede, do Congresso Internacional da Unesco sobre Geoparks, na Riviera Inglesa, onde será entregue o certificado Selo Verde, para o Geopark Araripe. Esta é a segunda avaliação com nota máxima para o projeto. A programação será aberta às 19 horas, e está inserida nas comemorações dos 30 anos da universidade.
O Geopark Araripe passou a ser um projeto incorporado, não apenas pelas parcerias de instituições públicas, mas empreendimentos privados, chegando a inspirar equipamentos da rede hoteleira da região e restaurantes, por meio de uma visão temática de apropriação da cultura local, dos recursos naturais, e o fortalecimento científico.
Inserção
Atualmente, o território insere seis municípios, com nove geossítios em Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha, Santana do Cariri, Nova Olinda e Missão Velha. Em solo cratense, será incorporado o geossítio Caldeirão, visitado em abril deste ano, por um dos avaliadores da Rede Global.
No último quadriênio foram realizados investimentos, incluindo recursos do Governo do Estado e Banco Mundial, de cerca de R$ 10 milhões, segundo o reitor da Urca, principalmente na área de infraestrutura. Mesmo com as conquistas, os novos desafios se apresentam para o projeto que pretende ter uma integração maior com a comunidade. A educação ambiental tem sido um dos meios de inserção, com as escolas públicas, rede privadas a entidades sociais.
Segundo o diretor executivo do Geopark Araripe, Marcelo Martins de Moura Fé, as duas linhas principais do projeto, estão relacionadas ao fomento, com bons avanços nos últimos anos, incluindo a divulgação e a estruturação dos geossítios, e o segundo aspecto ao desenvolvimento sócio-econômico.
"A comunidade precisa entender cada vez mais no contexto de Geopark, a importância de cada geossítio e fazer com que os próprios moradores possam cuidar da proteção de cada lugar, que é deles", enfatiza Martins. Uma das estratégias para se chegar a isso é a educação, com um impacto a médio e longo prazo, e o turismo com uma alternativa mais imediata para um retorno econômico aos moradores. Ele destaca a necessidade de avanços na acessibilidade aos locais, com implementação de identificações sonoras, táteis, para as pessoas de baixa visibilidade. Por ser um local aberto, ele afirma que há pessoas que ainda não tem um entendimento completo do que seja esse espaço. Conforme o diretor, há uma necessidade de cuidados para que cada visitante tenha uma experiência plena.
O período de existência do Geopark, segundo ele, ainda não é considerado muito tempo para uma experiência diferente, nova e única no Brasil. "Por ser tão inédito ainda encanta e causa uma estranheza, por trabalhar essa questão da preservação da natureza, de forma democrática", explica
Com uma proposta acima de tudo conservacionista, o Geopark tem se desenvolvido a partir de um conceito de sustentabilidade dos espaços, sob o tripé de geoconservação, do geoturismo e a geoeducação, com reconhecimento para a riqueza geológica e suas diversas formações, e dos fósseis da Chapada do Araripe de mais de 110 milhões de anos.
Mas a direção do projeto aponta para avanços, com contatos mais efetivos em todas as áreas e novas ações sendo formatadas, com o Geopark na Comunidade, levando abordagens mais específicas, debates sobre a mineração, desmatamento, poluição de águas, que são questões que precisam ser consideradas, com maior regularidade de contatos junto às comunidades.
Programa Global
Em 2015, o Geopark Araripe passou a integrar o Programa de Geoparks Global da Unesco, voltado para a área de geociências dentro dos territórios, que passa obrigar uma agenda diferenciada a partir de agora, em termos de projeto. A primeira delas é uma agenda institucional, com o Ministério das Relações Exteriores e com o Governo Federal, para trabalhar um conjunto de políticas nacionais. Isso poderá impactar num aumento de recursos, por ser um programa de referência do Brasil junto à Unesco, em matéria de desenvolvimento territorial sustentável.
"Quando se mantém um ritmo de crescimento muito alto, que é o que estava acontecendo, para os próximos quatro anos tem que ser mantida uma média de investimentos", diz Melo, ao acrescentar que esse é um desafio que vai depender diretamente dos investimentos feitos pelos governos. Outro aspecto, será a criação de cargos técnicos e institucionais para a manutenção dos serviços de gestão.

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