As mulheres cearenses estão tendo filhos mais tarde. É o que apontam as estatísticas do Registro Civil 2015, divulgadas nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados indicam, comparados a igual período de 2014, um aumento de 11,5% no número de nascidos vivos registrados por mães que tinham entre 30 e 39 anos no dia do parto. Em 2015, 12.199 crianças nasceram de mulheres desta faixa etária no Estado, contra 10.940 registradas no ano anterior.
Além disso, mulheres com idade entre 40 e 44 anos deram à luz a 3.003 crianças (em 2014, foram 2.857) e outras, com idade entre 45 e 49 anos, a 246 bebês (contra 220 em 2014). Houve registro de 25 nascidos de mães com 50 anos ou mais - em 2014, foram apenas 21. Apesar desse crescimento, as mulheres que têm entre 20 e 29 anos ainda correspondem à maior parcela de maternidade no Estado, com 62.772 partos, ou seja, 47% de todos os registros.
Karla de Abreu, enfermeira obstetra da Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac), explica que a gravidez ideal deve ocorrer até os 35 anos, tempo em que a qualidade dos óvulos começa a cair. Caso contrário, a mulher pode correr riscos provocados por hipertensão arterial e diabetes, ou mesmo incorrer na malformação do feto.
No entanto, afirma que fatores de risco existem para a gravidez em qualquer idade. "Hoje, o medo não inibe as mulheres de engravidarem tardiamente. Muitas estão focadas na carreira e no trabalho, então só têm filhos após os 35. Elas podem se planejar, fazer um pré-natal adequado e tomar os medicamentos corretos que previnam a má formação", avalia.
Para a professora Sande Gurgel, do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Gênero, Idade e Família (Negif) da Universidade Federal do Ceará (UFC), o resultado também reflete as mudanças sociais iniciadas na década de 1980.
"Muitas têm adiado o primeiro filho ou mesmo o casamento porque, antes, querem ter independência financeira e uma vida mais estabilizada. Elas também estão se escolarizando e se inserindo mais no mercado e na política", afirma.
Adiamento
Sande afirma ainda que o adiamento da gravidez pode se dar pelo encarecimento de serviços para crianças, como babás e creches especializadas, uma vez que a rede de ajuda familiar também tem se tornado mais escassa. Além disso, analisa que dificuldades mais recentes, como o desemprego e as ameaças da microcefalia, têm sido agravantes na tomada de decisão.
Ainda assim, o Registro Civil situa o Ceará como 3º estado do Nordeste em número de nascimentos, atrás da Bahia e de Pernambuco, e 9º do ranking nacional. Em 2015, nasceram 131.522 crianças no Estado, sendo 67.465 do sexo masculino e 64.050 do sexo feminino. A Capital contabilizou 38.352 novos nascimentos; a Região Metropolitana de Fortaleza calculou 60.151, e a Região Metropolitana do Cariri, 9.771.
Os meses de maior ocorrência de nascimentos no Estado do Ceará foram maio, março e abril, respectivamente. No geral, o número de nascidos vivos foi 5,9% maior que em 2014, quando o Estado apresentou 124.148 registros. De acordo com o levantamento apresentado pelo IBGE, no Brasil, houve 2.945.344 nascimentos em 2015, 32 mil a mais que em 2014. (Colaborou Nicolas Paulino)
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