Deputados cearenses do Partido dos Trabalhadores (PT) vão participar do encontro do movimento "Muda PT", a ser realizado no início dezembro. As diversas tendências fazem críticas à atuação da direção petista nos últimos anos, que resultaram em uma crise de representatividade, e o pior resultado nas urnas no pleito municipal deste ano. Há, inclusive, a possibilidade de que membros insatisfeitos deixem a sigla para se unir a outros grupos, trabalhando, inclusive a formação de uma nova agremiação partidária, caso suas demandas não sejam acatadas.
O deputado Manuel Santana lembrou que o movimento reúne diversas correntes políticas que entendem ser necessário mudar o PT profundamente. Elas estarão reunidas, em Brasília, para tratar de suas divergências táticas e políticas em nome do processo de reconstrução da agremiação.
No entanto existe uma possibilidade de saída em massa de membros da sigla petista para a criação de um novo partido, assim como ocorreu em 2005, com o nascimento do PSOL a partir de parlamentares insurgentes do grêmio petista.
Naquela ocasião o PT enfrentava a sua primeira grande crise, quando estourou o processo que ficou conhecido como "Mensalão". Dentre as mudanças que os insatisfeitos querem apresentar está a criação de um instrumento de comunicação entre filiados e a sociedade, em busca de passar versões de fatos ocorridos com seus membros.
O retorno dos chamados núcleos de base dentro de fábricas, em bairros e o funcionamento, de fato, das instâncias do partido também fazem parte das propostas apresentada pelos integrantes do movimento.
"Atualmente, existem parlamentares que se sobrepõem às instâncias do partido. O PT precisa também tirar o tipo de política econômica que quer para o Brasil", apontou. Para Santana, a atual situação do País requer que os atores petistas participem mais ativamente da vida da sociedade, como ocorreu no passado, antes da legenda assumir o poder central.
Divergências
"O momento é de defender as pessoas. O PT nasceu e se fortaleceu a partir dessas lutas e agora abandonou essa trincheira. A defesa de um ensino público de qualidade é uma bandeira do PT que também nos afastamos".
No entanto, há divergências nesses grupos que estão pensando em uma pauta em comum sobre a concepção de Estado e da economia. Santana também reclama que o partido nasceu com uma ideologia fixa e foi se afastando com o passar do tempo rumo ao centro. "Isso foi agravado com a crise do socialismo real, que para mim, nunca foi referência. O PT muitas vezes evitou se unir a pessoas que tinham má conduta, e depois saiu se unindo a todo mundo para manter a governabilidade".
Moisés Braz afirmou que apesar das críticas feitas por esses grupos não avalia como possível uma saída em massa de filiados do PT. Segundo ele é necessário uma mudança do projeto político do partido, e o debate atual poderá fortalecer o grêmio.
"Eu avalio que esse movimento é muito importante para dar novo rumo as direções do partido, para que possa olhar como foi o resultado eleitoral e onde o partido perdeu". Ele disse estar sendo cobrado por lideranças políticas para que a sigla volte a defender os ideais de antes.
O presidente do PT de Fortaleza, Elmano de Freitas, afirmou que também participará do movimento "Muda PT", e destacou que o processo de derrota do PT nas urnas também faz parte do desgaste que a sigla tem tido nos últimos anos. "Avaliamos que isso também tem a ver com os erros do partido. A direção nacional não deu as respostas devidas diante os erros que lideranças do partido tenham praticado. Queremos fazer a renovação do programa do partido", defendeu.
Para Elmano, a ideia inicial é de reconstrução do PT e não de outra alternativa, como criação de uma nova sigla. "Sabemos que a situação é difícil, que houve erros de lideranças e direção, mas a maioria no PT é de gente séria. Não vejo alternativas de esquerda no País sem a reconstrução do PT", defendeu. Segundo disse, há pessoas com dificuldades de reconhecer os defeitos e até o ex-presidente Lula alertou para a necessidade de grande renovação das lideranças do partido.
Unidade
Na Capital, Freitas destacou a reunião do PT de Fortaleza que vai decidir como o partido atuará na Câmara Municipal, a partir do próximo ano. O grêmio elegeu dois vereadores e um tende a manter a oposição ao prefeito reeleito Roberto Cláudio, enquanto que o outro defende uma aproximação com o gestor, até porque a sigla está unida com o PDT, partido do gestor, em nível nacional e estadual. "Não vamos cercear o direito de pensamento de qualquer companheiro nosso, mas precisamos ter unidade de ação para atuar", disse o dirigente, que defende manutenção da oposição na Casa Legislativa.
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