sábado, 19 de novembro de 2016

Projeto pretende revitalizar o Rio Acaraú


dsa
Os plantios e a criação de animais sem o devido acompanhamento e orientação são é dois dos muitos agressores do rio, que tem a sua vegetação ciliar suprimida em muitos trechos dos seus 315 quilômetros; preocupada com os rumos negativos a que a importante Bacia do Acaraú tem sofrido, a equipe elaborou um arrojado projeto de revitalização das suas nascentes, localizadas na Serra das Matas
Sobral. O Rio Acaraú, um dos mais importantes do Estado do Ceará, com seus 315 quilômetros de percurso até desaguar no mar, banhando 25 municípios, contém, em sua bacia, alguns dos mais importantes açudes do Estado, como o Carão, em Tamboril; o Edson Queiroz, em Santa Quitéria; o Forquilha, no município de mesmo nome; o Aires de Sousa (ou Jaibaras), em Sobral; além do Paulo Sarasate (Araras), construído sobre o próprio leito do Rio Acaraú, cuja barragem se localiza no limite dos municípios de Varjota e Santa Quitéria.
Ao longo de seu percurso, sofre os mais variados tipos de agressão e degradação em decorrência, não apenas da urbanização das cidades que são cortadas pela importante bacia hidrográfica, mas também pelo avanço indiscriminado sobre seu leito, tanto da criação de animais, quanto do plantio de diversas culturas.
Estudo
Um grupo de pesquisadores, que tem à frente o Ernane Cortez Lima, geógrafo e entusiasta de das causas relacionada ao meio ambiente, se destaca quando o assunto é Rio Acaraú. Preocupada com os rumos negativos a que a importante Bacia tem sofrido, a equipe elaborou um arrojado projeto: a Revitalização das Nascentes do Alto Curso do Rio Acaraú, na Serra das Matas, localizada entre os municípios de Monsenhor Tabosa, distante da Capital Fortaleza cerca de 300 quilômetros, Monsenhor Tabosa, Catunda, Tamboril, Santa Quitéria e Boa Viagem.
Amplo debate
O objetivo geral do projeto é apresentar uma análise e manejo ambiental dessas nascentes do Acaraú, compreendendo uma área total de 142, 63 quilômetros quadrados, para fins de revitalização. Na prática, a ação se dá pela identificação e delimitação, por meio de mapas cartográficos, das diferentes sub-bacias e micro-bacias, além de áreas de nascentes que integram todo o curso.
O trabalho requer uma estratégia ampla no que diz respeito à logística, pois a Serra das Matas se apresenta como um bloco elevado, com altitudes médias entre 550 e 600 metros.
Medidas emergenciais
No que se refere a essas nascentes, o projeto aponta que os principais cuidados devem ser direcionados ao isolamento da área de captação, distribuição do uso do solo, eliminação de diversas instalações rurais e replanejamento das estradas.
O documento também aponta a busca pela cobertura vegetal original por meio de reflorestamento. Inicialmente, com as espécies pioneiras de pequeno e médio porte, até por serem rústicas e mais resistentes. Outras espécies consideradas intermediárias, também podem ser plantadas ou simplesmente surgir de forma natural.
Entre as diversas espécies de árvores encontradas hoje naquela região, estão a aroeira, o juazeiro, o jucá, ingá-bravo, maniçoba e mulungu. O projeto, elaborado pela Universidade Vale do Acaraú (UVA), com apoio do Laboratório de Geoprocessamento do Curso de Geografia da própria Universidade, é resultado da parceria entre Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) e o Comitê da Bacia Hidrográfica do Acaraú.
Políticas públicas
A revitalização das Nascentes pretende buscar junto aos poderes públicos e gestores municipais a elaboração de políticas públicas mais eficazes e abrangentes para a Bacia, que sofreu intervenção predatória ao longo de 200 anos, segundo o pesquisador Ernane Cortez Lima, professor responsável pelo projeto. "Essa pesquisa envolve, ainda, as universidades Federal e Estadual do Ceará (UFC e Uece), que buscam meios de garantir a vigência desse importante projeto", disse.
Ainda de acordo com Ernane, a construção de barragens ao longo do leito do Acaraú e de seus afluentes; a destruição das matas ciliares de seu entorno, que provocaram seu assoreamento; o despejo de esgotos de toda a espécie, incluindo residenciais e industriais; e a ocupação de Áreas de Proteção Permanente (APPs) pelo Código Florestal impactaram diretamente e de forma perigosa no estado sombrio no qual o rio se encontra hoje.
Para o professor, "dessa relação danosa e exploratória que as populações sempre tiveram com o rio, também constam a plantação de capim em grandes áreas e a retirada sistemática de argila para atender ao mercado de cerâmica, forte na região, formando um conjunto de fatores que levaram à degradação. Esperamos que haja um interesse dos governantes em desenvolver junto às populações essas estratégias de resgate da vida que ainda resta ali", salientou.
FIQUE POR DENTRO
Etapas de implantação do projeto
De acordo com o cronograma do projeto, que prevê a redação do relatório final para 2019, as etapas que já foram realizadas são as de revisão cartográfica e bibliográfica (2015-2016); interpretação de imagens de satélite, coleta de dados em órgãos federais, estaduais e municipais (2015-2016); elaboração de mapa básico para o trabalho em campo (2016); aplicação de questionários e entrevista em toda a área que compreende as sub-bacias (2016-2017); e levantamento de campo, que inclui a geografia, geologia, vegetação e outros estudos (2017).
Nos próximos anos, o trabalho segue com outras importantes etapas, que são a identificação das áreas degradadas (impactos ambientais); e confecção de mudas e cercamento das áreas das nascentes, trabalho iniciado neste ano e que se estende até 2018. No mesmo ano, está programada a conclusão dos trabalhos de campo, além da análise das condições físicas, biológicas e socioeconômicas das regiões estudadas, elaboração de mapas e diagnóstico.
Mais informações:
Curso de Geografia - Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA)
Telefone: (88) 3677-7859

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