terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Ceará tem a menor reserva já registrada

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O Açude Arrojado Lisboa (Banabuiú), terceiro maior do Estado do Ceará, está atualmente com 0,43% da capacidade ( Foto: Eduardo Queiroz )
Iguatu. Início de janeiro de 2017. Nível médio dos reservatórios monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh): 6,6%. É o menor para o período desde quando começou levantamento feito pelo órgão, há 23 anos. A situação hídrica do Estado é, portanto, cada vez mais grave e preocupante.
Nas últimas duas semanas, houve recarga em alguns reservatórios, mas em volumes insignificantes, além da perda de reservas por evaporação intensa nesse período do ano e por consumo elevado.
A Cogerh faz o monitoramento de 153 açudes no Estado do Ceará. Desse total, há 37 secos e 46 em volume morto, que é a última e mais profunda reserva de água. Abaixo de 30% estão 136 reservatórios.
Neste fim de semana, o Açude Cipoada, em Morada Nova, passou a ser considerado seco e os reservatórios Quincoé, em Acopiara, e Quixabinha, Mauriti, entraram no volume morto.
Perdas
Desde 2011 que as reservas hídricas vêm perdendo volume acumulado nos açudes. No fim daquele ano acumulava 54% e em 2016, 6,7%. Das 12 bacias hidrológicas, seis estão em situação muito crítica, inferiores a 10%. A outra metade está em situação crítica, inferior a 30%.
O ano de 2017 começa com um quadro extremamente grave. O sertão cearense enfrenta o mais prolongado e crítico ciclo de chuvas abaixo da média desde 1910, de acordo com levantamento da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).
Entre 1979 e 1983 houve secas seguidas, mas intercaladas com anos de chuvas muito próximo da média anual.
Cada vez mais a população cearense depende das águas das chuvas para recarga dos reservatórios. O maior açude do Estado, o Castanhão acumula apenas 5% e o Orós, o segundo maior, está com 14%.
Esses dois açudes estão abastecendo a Região Metropolitana de Fortaleza. Dentre as bacias hidráulicas, a situação mais grave é do Baixo Jaguaribe, que secou; seguida dos Sertões de Crateús com 1,38% e Curu, 1,48%.
Chuvas
Nunca os olhos dos sertanejos cearenses estiveram tão voltados para o céu como no início deste ano. A questão não é tão somente de expectativa, mas de necessidade.
"Estamos precisando de dois meses de chuvas intensas em torno de 450mm para recarga dos açudes, que estão secos", disse o meteorologista da Funceme, Raul Fritz. "Não temos El Niño, mas as outras condições não estão ideais. O quadro é de indefinição", completou.
A Funceme divulga oficialmente o primeiro prognóstico para a quadra chuvosa desde ano entre os próximos dias 18 e 20. A data ainda será definida. Há forte pressão do governo do Estado para conhecer a primeira estimativa sobre a tendência de chuva no período de fevereiro a maio, que é conhecido popularmente como inverno.
Segundo Fritz, há, no momento, uma dissipação do fenômeno La Niña, relacionado com o esfriamento das águas superficiais do Oceano Pacífico. "Está cada vez mais fraco, com tendência a temperaturas neutras. O ideal era que o La Niña permanecesse por mais tempo", disse.
O Oceano Atlântico registra temperaturas aquecidas em ambas as bacias, ou seja, ao Norte e ao Sul da Linha do Equador. O melhor seria o aquecimento das águas ao Sul, nas proximidades do Ceará.
No momento, a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que é uma massa de nuvens de chuva, está próxima da costa cearense, mas pode se afastar rapidamente.
A ZCIT é o principal sistema causador de chuvas durante a quadra chuvosa e sempre se posiciona sobre as águas mais aquecidas. Daí a importância de o Oceano Atlântico estar com temperatura elevada abaixo da Linha do Equador.
"Não temos El Niño, que não favorece as nossas chuvas, mas não existem, no momento, outras condições favoráveis nos oceanos Atlântico e Pacífico", resume Fritz.
"A definição de todas essas condições e modelo somente ocorrem na segunda quinzena de fevereiro. A minha intuição diz que será um ano melhor do que 2016, quando tivemos El Niño, e seria muito bom se tivéssemos agora um janeiro como 2004 que choveu demais e encheu o Castanhão e outros açudes e rios", finalizou.
Mais informações:
Funceme
Av. Rui Barbosa, 1246
Telefone: (85) 3101.1117
Cogerh
Portal Hidrológico: www.Hidro.Ce.Gov.Br
dsa

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