Iguatu. Cerca de 30% dos pomares de goiabeira nos municípios de Jucás, Cariús e Iguatu, na região Centro-Sul cearense, já foram atingidos por nematoide, uma doença conhecida popularmente por "vermes redondos", que destrói a raiz da planta, impedindo o ciclo natural de alimentação. A praga torna o plantio antieconômico, inviabilizando a produção.
O agrônomo José Teixeira Neto, que incentivou o plantio de goiabeira na região, lamentou a infestação do parasita. Ele estima que nos três municípios há cerca de 50 hectares cultivados de goiaba da variedade paloma. "Há dois anos que a doença surgiu e continua avançando, afetando drasticamente os pomares. Muitas áreas contaminadas já foram abandonadas ou erradicadas", observou.
Teixeira estima que em Jucás o ataque da praga foi maior, chegando a 50% dos pomares. Havia 20 hectares cultivados. Na localidade de Corredores, naquele Município, José Valderi já substituiu o plantio de goiaba por capim para alimentação do rebanho bovino. No Sítio Barro Alto, zona rural de Iguatu, em uma área de dois hectares cultivados por José Bastos, o parasita também afetado a goiabeira.
Em Cariús, o produtor rural Francisco Nativo foi um dos pioneiros no cultivo de goiaba e estava animado com a produção, mas o parasita nematoide chegou e afetou severamente o cultivo da fruta. Durante cinco anos, o plantio de goiaba espalhou-se na região, animou os produtores rurais, mas agora o quadro é de desinteresse geral.
Mercado bom
O preço atual da fruta é considerado excelente. Na roça, a caixa de 25 quilos é vendida por R$ 45. "Há mercado favorável, demanda, mas infelizmente em vários casos o parasita infesta e inviabiliza o plantio", lamentou o ex-secretário de Agricultura de Iguatu, Valdeci Ferreira.
O plantio de goiaba foi uma aposta que dezenas de pequenos produtores fizeram, na região Centro-Sul do Ceará. Investiram em tecnologia, sistemas modernos de irrigação e na aquisição de mudas. Por um período, a cultura prosperou e gerou renda, mas agora torna-se inviável.
Segundo os técnicos, o nematoide da goiabeira surge em um pomar de várias maneiras: quando já existe no solo, antes do plantio de goiaba, originário de outras plantas anteriores; advindo de mudas contaminadas; por uso de animais de tração ou máquinas afetados e ainda trazido por solos aderentes.
Sem tratamento
Não há indicação de tratamento. O produtor deve erradicar o plantio e queimar. "Poderá permanecer com o cultivo até que se torne antieconômico", frisou Teixeira. "Nessa época do ano, em meio ao intenso calor e escassez de água, os pomares de goiaba estão sofrendo, produzindo frutos menores", completou.
Na localidade de Baú, o produtor rural Francisco Alves de Souza há três anos plantou três hectares de goiaba paloma. "Por enquanto não há ataque dessa praga, mas o ruim é a seca, o calor derrubou a produção mais da metade do esperado", contou. Uma alternativa encontrada por Souza foi o plantio de 250 pés de acerola, que deverão produzir em julho de 2017. Na mesma localidade, o agricultor Antônio Dorisval Vieira cultivou de dois hectares de goiaba, recentemente, mas o plantio já está afetado. Os técnicos acreditam que as mudas já vieram contaminadas.
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