sábado, 21 de janeiro de 2017

Setor turístico anseia pela requalificação de Canoa


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A Rua Dragão do Mar, popular Broadway, nos últimos anos recebeu uma repaginada, mas ainda carece de ordenamento ( Foto: Kléber A. Gonçalves )
Canoa Quebradas. A alta estação em Canoa Quebrada coincide com a mudança na administração municipal de Aracati. Com isso, velhos problemas que, volta e meia, batem à porta daquele importante ponto turístico do litoral cearense são motivo de ansiedade pela oportunidade de uma solução.
A limpeza urbana, a conservação das falésias, o ordenamento do transporte nas dunas e do comércio ambulante na Rua Dragão do Mar (Broadway) são um resumo dos fatores dos quais depende a manutenção do lugar como um atrativo turístico.
Por diversas vezes, quando a coleta de lixo deixava de ser feita pela Prefeitura Municipal de Aracati, os donos de hotéis e barracas faziam a limpeza. Situações desse tipo ocorreram, inclusive no período do Réveillon. A sujeira espanta turistas e incomoda os que lá estão. Já, num movimento coordenado, os empreendedores fazem a limpeza e conservação.
Os empresários, por sua vez, entendem que devem ser parceiros, afinal, são beneficiados pelas belezas do lugar, mas a falta de definição toma o lugar do planejamento e coloca as surpresas, nem sempre agradáveis.
Responsabilidade
"Não só os empresários como a própria comunidade teve que abraçar algumas causas urgentes em prol do destino de Canoa, para que a situação não ficasse realmente caótica. Um exemplo é a coleta de lixo naquela praia, que em alguns momentos precisou ser feita pela comunidade e os empresários. Tivemos que assumir essa responsabilidade", diz Luís Nogueira, diretor da Associação dos Empreendedores de Canoa Quebrada (Asdecq).
O setor turístico está preocupado com o que se pode perder diante do "inchaço urbano" verificado na vila, tão procurada por turistas nacionais e estrangeiros. A Rua Dragão do Mar, popularmente conhecida como Broadway, nos últimos anos recebeu uma repaginada, mas ainda carece de ordenamento, sobretudo em relação ao comércio.
Mas há outras situações passíveis de litígios e, inclusive, danos ambientais. A disputa pelo território entre bugueiros autorizados e clandestinos se soma ao fluxo de quadriciclos nas áreas de dunas. Os veículos, em geral, são pilotados por turistas, especialmente no fim de semana.
De acordo com a Associação dos Empreendedores de Canoa Quebrada, é frequente o registro de acidentes com esse tipo de ciclomotor, tornando ainda mais vulnerável o tráfego na vila e na praia.
Para Luís Nogueira, falta o ordenamento do comércio ambulante. Cerca de cinco anos atrás, houve o lançamento do polo gastronômico, que incluia a permissão e o ordenamento do comercio dos artesãos. "Hoje não há um controle. Quem quiser vai lá e ocupa", reclama.
A ocupação, em geral, nesse pedaço de litoral assumiu uma forte crescente nos últimos 15 anos, com a construção de empreendimentos gerando a vulnerabilidade ambiental. A "agressão" ao meio ambiente, por assim dizer, se dá das mais diversas formas, mas há pelo menos uma em que uma possível solução tem avançado mais recentemente, menos por causa do poder público e mais pelos próprios empresários: a saída de barracas da encosta das falésias.
Conforme já denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF), a ocupação é irregular dentro daquela Área de Preservação Ambiental (APA). Mas, como se mantiveram estagnadas as discussões públicas para que se reserve um lugar fora das falésias para o qual se destine as barracas, três proprietários fizeram a transferência de seus empreendimentos. Num investimento exclusivamente privado, as barracas ocupam uma área de praia fora do litígio histórico envolvendo a APA de Canoa.
Sustentabilidade
É o caso da Chega Mais, do próprio Luís Nogueira. "Estamos em pleno funcionamento e com todas as licenças que os órgãos ambientais exigem. O nosso foco é no ecologicamente correto. Hoje, em termos de empreendimento, somos uma referência para Canoa: reutilizamos 80% da água que consumimos, geramos 80% da nossa energia, por meio de placas solares. E aproveitamos 100% das águas pluviais no nosso sistema de captação, que inclui um reservatório de onde se leva água para as plantas. São quase cem coqueiros plantados. E as nossas instalações usam madeira de reflorestamento, certificadas por Lei", garante.
A intenção do empresário é que Canoa Quebrada siga uma tendência mundial: a do turismo ecologicamente sustentável que possa sobrepor à imagem, ainda muito atual, de degradação nesse trecho do Litoral Leste.
De acordo com Ruy Lima e Luís Nogueira, ambos diretores da Asdecq, há confiança de que a situação mude a partir da atual gestão. Prefeito eleito, Bismarck Maia, já foi secretário de Turismo do Estado.
E a perspectiva mais urgente é para o aproveitamento de uma emenda parlamentar alocada anos atrás para a requalificação turística de Canoa. Um recurso de pouco mais de um milhão de reais que, para ser aproveitado, necessita da proatividade de um gestor municipal. Isso porque a validade do recurso está perto do fim.
De posse da situação atual, o prefeito eleito diz estar correndo contra o tempo para poder sanar as problemáticas mais gritantes do Município.
Ordenamento
"Importante termos como referência que os empreendedores têm consciência da situação em que está Canoa Quebrada, de como estamos encontrando o Município como um todo. Apesar dos poucos dias de Governo, já tomamos algumas medidas importantes.
É o caso da criação da Secretaria de Segurança e Ordem Pública. Estamos na alta estação, então é medida urgente ver uma série de desordens públicas que precisam ser sanadas. Criamos, em Canoa, um posto do Batalhão de Trânsito da Guarda Municipal, para poder ficar ali próximo à região das praias", explica o gestor.
Bismarck pondera que muitas questões fiscais e contábeis precisam ser resolvidas antes. "Enquanto eu não pagar servidores e a folha do Município, não tenho como fazer investimentos. Uma das questões, por exemplo, é o hospital. Está horrível, mas estamos melhorando. Assumimos a gestão com serviço de lixo, suspenso desde antes do Natal".
De acordo com as informações do novo prefeito de Aracati, o recurso, de aproximadamente R$ 1 milhão, para ser investido em melhorias da Broadway, ainda está na Secretaria de Turismo e a Prefeitura está correndo com a documentação para viabilizar esse direito.

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