sábado, 4 de março de 2017

Próximo diretório não unirá todas as tendências do partido

Vários petistas, contrários ao controle que Luizianne tem do diretório municipal, até ontem aguardavam uma posição de Camilo Santana ( Foto: José Leomar )
00:00 · 04.03.2017 por Edison Silva - Editor de Política
Os petistas cearenses estão envoltos com as mudanças de comando nos diretórios municipais e no Estadual, cujo processo tem seu primeiro evento, segunda-feira próxima, com os registros das chapas dos candidatos ao comando municipal. Sabem os envolvidos quão difícil será a condução da agremiação que, principalmente por conta do envolvimento de vários dos seus nas ações criminais da Lava-Jato, experimenta um definhamento eleitoral expressivo, no Ceará e no Brasil, e um abalo moral capaz de deixar as suas lideranças, e outros detentores de mandatos, impossibilitados de visitarem, com a desinibição de antes, os diversos espaços públicos onde podem ser reconhecidos.
Do PT, hoje, a maioria da classe política só interessa o seu tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão, com a devida cautela de os coligados não se confundirem com petistas. Além do mais, os filiados ao partido no Ceará ainda têm de enfrentar as divergências, de parte expressiva deles, com o governador Camilo Santana, ainda indefinido quanto sair ou não do partido, posto depender da situação política nacional, em abril do próximo ano, quando deverá estar definido o quadro da sucessão presidencial. Camilo, até a última quinta-feira, não havia se manifestado quanto à eleição do diretório do seu partido em Fortaleza.
Nova ordem
Por não ter se manifestado, o secretário da Casa Civil do Governo, Nelson Martins, deixou de ir a uma reunião, na quinta à noite, com o deputado federal José Airton, o prefeito de Quixadá, Ilário Marques, o vereador Acrísio Sena e o secretário do Meio Ambiente, Artur Bruno, todos, como o governador, opositores da deputada Luizianne Lins, a principal liderança e controladora do partido na Capital com o senador José Pimentel, o deputado Elmano de Freitas e outros. Ainda na sexta-feira os mais próximos a Camilo buscavam um posicionamento dele, cuja agenda, para aquele dia, não reservava espaço para questões políticas.
Quase todos no PT defendem uma nova ordem para o partido nas suas diversas instâncias de modo a, pelo menos, estancar a onda de degradação por conta do noticiário constante citando mazelas por petistas praticadas e pelas quais alguns estão presos, e outros à Justiça Criminal denunciados.
O difícil, porém, é dar o passo inicial na busca desse desiderato, posto consistir no reconhecimento das práticas delituosas de companheiros, a necessidade de defenestração de tantos outros, e a formatação de um novo discurso, com certeza, muito difícil de ser assimilado pelo eleitorado menos doutrinado.
Em Fortaleza, os números não são nada animadores para o Partido dos Trabalhadores. No pleito municipal de 2012, Luizianne como prefeita, conseguiu levar o seu candidato a prefeito, Elmano de Freitas, ao segundo turno da disputa com Roberto Cláudio. No primeiro turno da disputa, Elmano conseguiu 318.262 votos.
Relatório
Em 2016 foi a própria Luizianne Lins a candidata. Ficou no primeiro turno, em terceiro lugar, com um total de 193.687 sufrágios, muito aquém de Elmano, por sinal, no pleito passado, o seu companheiro de chapa como vice. Os números para a Câmara Municipal de Fortaleza também não foram diferentes. O partido só conseguiu eleger dois vereadores contra os quatro vitoriosos de 2012.
O relatório do Tribunal Regional Eleitoral, sobre as eleições de 2014 na Capital, também é decepcionante para os petistas, sobretudo para Luizianne e Elmano. Ela obteve 97.842 votos e ele apenas 28.888, isto apenas dois anos depois deste ter saído do segundo turno da disputa para a Prefeitura de Fortaleza com mais de meio milhão de votos, dando motivo a que muitos o apontassem como uma nova liderança política no Estado, do mesmo modo como se repetiu com o deputado Capitão Wagner, logo depois de sua derrota para o prefeito Roberto Cláudio, no ano passado.
Registro
A disputa interna, neste momento, não é interessante para o partido. O ideal era um entendimento. Mas está muito difícil de acontecer. Há restrições ao comando de Luizianne Lins, mas ela tem a maioria dos filiados de Fortaleza e elegerá o presidente do diretório municipal. Ela quer distância do Governo do Estado pelas ligações de Camilo com os seus principais adversários, Ciro e Cid Gomes, além do seu distanciamento do diretório estadual, de há muito comandado pelo deputado José Guimarães, com ideias e posições realmente bem diferentes das dela.
Como o registro de chapas para o diretório municipal termina na segunda-feira à noite, neste fim de semana o bloco de oposição a Luizianne aguardará uma manifestação de Camilo para tomar sua posição. Se ela não vier, pelo menos dois opositores ao nome da ex-prefeita serão apresentados, até como forma de protesto contra sua liderança.

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