O governador Camilo Santana, ontem, em São Paulo, tinha um horário, no fim da tarde, para conversar com o ex-presidente Lula. Ficar ou sair do PT é a decisão que ele precisa tomar até abril do próximo ano, seis meses antes da eleição, limite para as filiações de pretensos candidatos no pleito de 2018. Aparentemente falta muito tempo, mas a decisão do governador não pode ficar para a última hora, devido à complexidade do problema. O ideal para ele era ficar no PT com liberdade para votar em Ciro Gomes (PDT) para presidente do Brasil.
Lula sabe do compromisso de Camilo com Ciro. Não se oporá à aliança de ambos, mas há complicação legal. Se o PT tiver candidato a presidente, e tudo indica que terá, não há como Camilo, sendo petista, poder fazer campanha conjunta com um candidato ao Poder Central de outra sigla. Além do mais, acrescente-se o fato de uma parte do PT cearense não aceitar Camilo e Ciro no mesmo palanque. Por essa razão o governador começa a colocar em prática a ideia de trocar de partido, pois sua determinação é de disputar a reeleição com Cid Gomes candidato ao Senado e Ciro presidente.
Para os pedetistas cearenses, e também para os petistas, no espaço nacional, o ideal é que a desfiliação de Camilo aconteça sem qualquer trauma, de modo a permitir ambos estarem juntos no segundo turno da disputa presidencial, ou mesmo no próprio Estado. Ademais, admitem alguns pedetistas, a possibilidade de no caso de Lula não vir a disputar o cargo de presidente, haver uma possibilidade de o PT se aliar ao PDT. Um exercício de futurologia, de certa forma equivocado, posto as resistências de pessoas mais próximas a Lula, quanto à necessidade de o PT ter o seu candidato próprio, deverá prevalecer.
Discussões
Além do mais, Camilo, como de resto todos os demais políticos brasileiros, precisam ter ciência de quais mudanças irão ocorrer na legislação eleitoral, valendo já para o próximo ano. Embora os escândalos que se sucedem no universo da política e da administração nacionais tenham brecado o curso das discussões sobre as alterações para o pleito de 2018, algo vai ocorrer, a partir do financiamento da campanha.
E qualquer que seja a novidade, ela terá de estar oficializada até o fim do próximo mês de setembro, ou mais precisamente, um ano antes do dia da votação. Assim, outubro será o marco para as definições de mudanças de partido, mesmo sendo abril, do próximo ano, o prazo final para as filiações.
Só o tempo do PT para a propaganda eleitoral prende Camilo à sigla atualmente. Os petistas cearenses muito pouco têm a oferecer ao governador para garantia da reeleição. A oposição no partido a esta, em razão de sua ligação com os irmãos Cid e Ciro Gomes, é bem mais expressiva, embora, também, se reflita em muito pouco votos.
Portanto, não podendo utilizar o tempo do partido e votar publicamente em Ciro, e por ele, também livremente ser votado, não há razão para continuar petista, sabendo que mesmo fora da sigla, os seus, hoje aliados, permanecerão, pois esperam as compensações que o Executivo pode proporcionar.
O desgaste do PT, pelo envolvimento de alguns dos seus nomes mais expressivos nos delitos em apuração, no caso da Lava Jato, e outros, somado ainda ao do Mensalão, sinalizam para uma outra derrocada nas eleições próximas, talvez maior que a assimilada no pleito municipal passado. Os que corroboram com essa ideia, por certo Camilo é um deles, defendem a não participação de Lula como candidato, cientes de que derrotado, como a principal liderança da sigla, os prejuízos eleitorais futuros seriam ainda bem mais significativos.
Relator
O deputado Osmar Baquit vai ser o relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de extinção do Tribunal de Contas dos Municípios. A base governista está determinada a mantê-lo, se confirmado for a sua expulsão do PSD, ora judicialmente questionada, sob a alegação de simples perseguição e da falta do devido processo legal para a tomada de decisão extrema do partido, anunciada na última quinta-feira à noite.
Oficialmente, até ontem a Assembleia ainda não havia sido comunicada do fato. A reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) onde será examinado o relatório de Baquit está programada para a próxima terça-feira.
A base governista já decidiu que manterá Osmar Baquit na CCJ. Um dos seus deputados deverá sair, momentaneamente, daquela Comissão para permitir que Baquit seja o representante do PDT no colegiado e continue relator da PEC do TCM, se oficializada for a sua expulsão das hostes partidárias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário