Icó. Centenas de servidores públicos municipais em greve e integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) participaram, ontem, nesta cidade, de protestos e da ocupação do Palácio da Alforria, sede da Prefeitura. Houve momentos de tensão até a chegada da prefeita Laís Nunes, que se reuniu por seis horas no Gabinete com uma comissão dos grevistas e dos agricultores.
O movimento grevista continua, mas a sede da Prefeitura foi desocupada no início da noite de ontem. Pela manhã, integrantes do MST impediram a entrada e saída de servidores ou de pessoas que procuravam serviços na Prefeitura. "Aqui ninguém entra e ninguém sai", disse exaltado um jovem do MST. Com paus nas mãos, o grupo se posicionou nas duas portas da entrada principal da Prefeitura, no centro histórico. O portão dos fundos também ficou bloqueado.
Conflito
Por volta das 11 horas, houve início de conflito entre dois servidores que queriam sair do prédio e um grupo do MST. A Polícia Militar interveio e conseguiu a liberação de dois carros particulares que estavam no pátio. Nervoso, um servidor queria buscar dois filhos no colégio.
Os ânimos somente se acalmaram após a chegada da prefeita, que recebeu representantes dos dois movimentos: dos sindicatos dos servidores que estão em greve há oito dias e do MST. A chefe de Gabinete da Prefeitura, Rosana Figueiredo, lamentou a ocupação da Prefeitura. "Não havia necessidade, pois estava marcada uma reunião com o MST pela manhã", frisou. "A Prefeita não se negou a receber as lideranças para discutir as reivindicações".
O MST apresentou uma pauta extensa com 30 itens que inclui melhoria das estradas de acesso aos acampamentos, dos serviços de saúde nas unidades do PSF, contratação de professores da comunidade, e abastecimento de água.
O assessor de Imprensa do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Icó, Júnior Araújo, informou que a reunião com a prefeita não avançou. "A greve vai continuar porque a suspensão dos quinquênios permanece. Não há previsão do pagamento dos salários referentes a dezembro de 2016 e nem a retirada do projeto de lei sobre o piso dos professores, que representa perda salarial em torno de 9%".
O presidente do Sindicato dos Servidores, José Irlênio Pereira (Marcelo) disse que não há outro caminho, pois a Prefeitura não cedeu em nenhum ponto.
Escassez
Em nota, na semana passada, a Prefeitura alegou a falta de condições de atender as reivindicações dos sindicatos dos servidores e dos professores, mediante a escassez de recursos, e a folha de pagamento dos servidores chegar a 63% das receitas. Ontem, a prefeita Laís Nunes voltou a mostrar as dificuldades financeiras e ao final da reunião, por volta das 18 horas, mostrou-se emocionada. O município aguarda a venda de um imóvel para efetuar o pagamento do salário de dezembro passado.
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