Os fósseis do Geopark Araripe, patrimônio natural da Unesco esquadrinhado entre nove municípios do Cariri cearense, estão à venda em sites de classificados e de lojas virtuais e físicas nos Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e Espanha. Traficados do Brasil, da região da Chapada do Araripe, as “pedras” de bichos pré-históricos são oferecidas para colecionadores ou instituições de pesquisa e museus.
Centenas de fósseis da “mundialmente famosa Formação Santana”, como anunciam o site eBay e o vendedor alemão Michael Baudendistel, entram e saem dos catálogos de venda ou leilões do material científico extraído,
clandestinamente, daqui. Não faltam “produtos”. O jornal O POVO navegou pelas páginas da web, trocou e-mails com vendedores, entrevistou pesquisadores, manuseou processos e conversou sobre a venda criminosa com autoridades brasileiras.
Tráfico e comercialização, em rota que passa pelos Estados Unidos e Europa, parecem ser uma causa perdida para o Brasil. Álamo Saraiva, pesquisador e coordenador do Laboratório de Paleontologia da Universidade Regional do Cariri, afirma que nenhum fóssil do Geopark Araripe oferecido na web tem origem legal. “A procedência é criminosa, não existe aval ou documentação de instituição pública daqui que respalde a saída do território nacional”, explica.
Em conversa por e-mail, o vendedor alemão Michael Baudendistel, apontado pelo site eBay como
responsável pela oferta de quatro fósseis de um Vinctifer sp, confirma que “os peixes são da Formação Santana. Meu tio trabalhou lá (na Chapada do Araripe) como geólogo e trouxe em 1970. Garanto a autenticidade”. Porém, revela: “Não tenho certificados”.
No site, os fósseis são oferecidos por mil 710 reais e 46 centavos. E apresentado como “um peixe que vivia desde o Jurassic, 160 milhões de anos antes do fim do Cretáceo. Eles tinham corpos semelhantes a torpedos, o que permitia uma perseguição relâmpago, muito semelhante à barracuda de hoje”.
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