00:00 · 23.10.2017 por Alex Pimentel - Colaborador
Quixadá. Uma semana após a população de Quixadá reclamar da qualidade da água nas torneiras, muitos comparando até com a lama, apesar de a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) ter informado tratar-se de um problema pontual, a desconfiança continua. O mau cheiro desapareceu. A borra flutuante também. Mesmo assim, a precaução para o uso doméstico está sendo maior.
A população também reclama da falta de transparência da Cagece. As informações para o conhecimento público são limitadas e quem pretende ver de perto o problema, na Estação de Tratamento de Água (ETA) da cidade, é proibido pela gerência da Companhia, reclamou o publicitário Giliarde Silva. Foi ele quem alertou, nas redes sociais, na semana passada, sobre o perigo para a saúde que estava chegando pelas torneiras.
Em resposta ao Diário do Nordeste, a Cagece atribuiu o problema ao baixo nível hídrico do Açude Pedras Brancas, de onde, por meio de adutora, é captada a água para o abastecimento da área urbana de Quixadá. Atualmente apenas com 6,5% da sua capacidade, contribui para a elevada quantidade de sólidos, dificultando o tratamento, do qual não foram informados detalhes e nem permitido o acompanhamento da reportagem até a ETA.
Entretanto, a Companhia justificou a adoção de duas medidas para solucionar o problema. Uma delas foi a interrupção do abastecimento para limpeza dos tanques de tratamento da água bruta e a outra, a mudança do ponto de captação da água no açude. Quanto à limpeza, seria realizada na terça-feira (10).
O prazo para a realização do outro serviço não foi divulgado, mas acrescentou a Cagece que o volume de água do Pedras Brancas é suficiente para abastecer Quixadá até o início de 2018.
Para a aposentada Maria Lúcia Ferreira, moradora do bairro Campo Velho, a Cagece apenas está adiando um problema que deverá se agravar nos dois próximos meses, novembro e dezembro. "Água não se nega, mas essa gente deveria começar a dizer a verdade. Estamos à beira de um colapso", completa. Além de Quixadá, a cidade de Quixeramobim capta do mesmo açude.
Aflição também é o sentimento dos moradores de Banabuiú, município vizinho. Apesar de a população da cidade receber água de outro açude, o Arrojado Lisboa, lá, os consumidores reclamam dos mesmos problemas. O reservatório federal está com apenas 0,60% do seu volume. A única alternativa é a utilização de mais produtos químicos para tratamento e distribuição na rede administrada pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE).
Segundo dados da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), responsável pelo monitoramento de 155 açudes públicos no Ceará, embora o Arrojado Lisboa, seja quase quatro vezes maior que o Pedras Brancas, enquanto este último, com capacidade para 456 milhões de m³ ainda armazena 28,7 milhões de m³, o de Banabuiú, podendo armazenar 1,6 bi de m³, está com 9,5 milhões de m³, equivalendo a 1/3 do volume do reservatório que abastece Quixadá, onde 19.560 pontos, dentre residências, comerciais, industriais recebem água encanada. A outra cidade conta com 4.983 pontos.
Situação hídrica
Os 155 açudes monitorados pela Cogerh, distribuídos em 12 bacias hidrográficas, cuja capacidade total são 18,64 bilhões m³, apresentam volume de 1,71 bilhões m³, o equivalente a 9,16%. A situação mais crítica é da bacia dos Sertões de Crateús, com 0,47%. Em seguida vem a bacia do Baixo Jaguaribe, com 0,94%, e a do Banabuiú, com 2,76%, onde estão situados o Pedras Brancas e o Arrojado Lisboa. A reserva em melhor situação é a da bacia do Coreaú, com 62,03%, seguida da bacia do Litoral, com 44,99%.
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