sábado, 4 de novembro de 2017

Disputa bem maior é pelo voto proporcional




Os deputados estaduais cearenses não escondem suas preocupações com a reeleição. Nos bastidores, a disputa está sendo aguerrida, principalmente pela situação da sucessão governamental que não sinaliza para disputa ( Foto: José Leomar )



A inquietação de alguns oposicionistas quanto à disputa majoritária no Ceará está mais ligada aos interesses na eleição proporcional do que propriamente quanto à sucessão do governador Camilo Santana. O desejo de todos os defensores de a oposição ter um candidato competitivo ao Palácio da Abolição, em resumo, está vinculado ao futuro individual, incluindo-se aí até os aliados do atual chefe do Executivo, por vislumbrarem, na existência de uma real disputa sucessória, o motivo de se tornarem importantes, valorizados, para o projeto da reeleição.
Aos políticos com pretensões legislativas, o importante é um pleito majoritário equilibrado. Só assim todos eles ficam prestigiados. Para os oposicionistas, a vantagem é maior pela perspectiva de eleger mais deputados, e quem sabe, até senador. Como hoje está, todos eles ficam em desvantagem.
O governador não precisa atender a enxurrada de pleitos dos seus, e os adversários não têm o apoio de uma chapa majoritária para facilitar a conquista do voto. E tudo isso se torna mais evidente, exatamente, pelo fato de se vislumbrar, por razões diversas e bem conhecidas, o quão difícil promete ser a reeleição dos atuais legisladores.
A Assembleia Legislativa estadual poderá ter uma renovação de aproximadamente 60%, enquanto na Câmara Federal, embora o percentual seja bem menor, também vários dos atuais deputados não lograrão êxito.
Padrinhos
Para ambas as Casas, além dos desgastes dos atuais detentores de mandatos, a concorrência se apresenta, a priori, deveras significativa, embora, registre-se, não pela qualificação dos postulantes, mas pelos seus respectivos padrinhos, incluindo-se governador, prefeitos e outras lideranças, pondo em dúvida, evidentemente, a qualidade da futura representação parlamentar. Infelizmente tem sido sempre assim. O eleitorado ainda não despertou para a necessidade de mudar para melhor.
Por isso, a máxima do saudoso Ulysses Guimarães ainda está muito viva nas lembranças dos observadores da política. O Legislativo de amanhã será pior que o de hoje, embora sempre se admita a possibilidade de que venha a ser melhor. O dia seguinte registra a decepção.
Esta Legislatura, embora ainda tenha um ano para os seus integrantes contradizerem as avaliações negativas feitas pela sociedade, por certo não deixará saudades, nem muito menos estímulo ou boas lições para a próxima, a ser eleita em outubro de 2018. Os parlamentos brasileiros são os principais responsáveis pela quase totalidade das mazelas existentes na administração pública nacional. Poderia ser diferente.
As leis são feitas no Parlamento, mas a quase totalidade não tem origem nele. Ele tem autoridade para afastar um presidente da República, e também aprovar a intervenção federal nos estados. Só após o sim dele são nomeados os ministros da Suprema Corte de Justiça, e os ministros e conselheiros dos Tribunais de Contas, além de várias outras providências de igual ou menor importância.
Trilhas
Mas tudo isso, guardadas as exceções de praxe, não parece sensibilizar a senadores e deputados de suas competências e responsabilidades para com o destino do País. Coisas menores, até degradantes, os fazem seguir trilhas outras, hoje, reconhecidamente deploráveis, posto os registros do noticiário político, lamentavelmente, mais próximo e parecido com o informativo policial, tantos os casos de corrupção e desvios de recursos públicos denunciados.
O eleitorado precisa estar melhor informado sobre a função de um deputado e senador para bem escolher os seus representantes. Os partidos preferem continuar sendo insignificantes, mesmo no ambiente democrático que experimentamos, pois não têm critério de escolha dos seus candidatos.
Qualquer indivíduo, com a perspectiva de um punhado de votos, vai para a relação, sendo mais um sujeito até ser considerado inelegível pela Justiça Eleitoral, sem que isso cause constrangimento à direção partidária. Eleito, se representará bem ao partido e ao eleitor, pouco importa, pois o pensamento da direção do seu grêmio está é nas benesses a advirem, durante e depois do pleito.
Consolidando
Enquanto a oposição cearense estimula o noticiário com especulações sobre sua participação na disputa majoritária do próximo ano, o grupo governista trabalha a consolidação da sua aliança com o PMDB, ou mais precisamente com o senador Eunício Oliveira. O momento, agora, é de definir estratégia para a aliança ser menos traumática aos olhos e sentir dos eleitores, em razão dos resquícios da última eleição disputada exatamente entre Camilo Santana e Eunício Oliveira. Eles não têm pressa de anunciar a oficialização, mas as duas partes estão cumprindo todas as etapas dos acertos feitos, inclusive o de afirmarem que só tratarão das eleições no próximo ano.
O PSOL, uma oposição com características bem diferentes das demais agremiações adversárias do governador, já definiu o seu nome, Ailton Lopes. O partido do deputado Renato Roseno sabe o que quer. Não faz barganha para se aproveitar de outras candidaturas. Tem objetivo de crescer conscientizando o eleitorado da ideologia que defende, ao contrário dos demais partidos, sempre dependentes dos candidatos ao Governo do Estado ou presidência da República, e das coligações negociadas, qualquer delas, até a do DEM com o PCdoB.

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