00:00 · 25.11.2017 por Maristela Crispim* - Editora
Brasília. Inspirada nas bodegas do Interior e das periferias das grandes cidades, aqueles lugares onde se encontra tudo o que se precisa, a Rede Bodega, de espaços coletivos e solidários de divulgação e comercialização de produtos, foi duplamente reconhecida, na noite de quinta-feira (23), no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), em Brasília, quando se conheceu as sete vencedoras do 9º Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social.
Além da categoria que estava concorrendo, Economia Solidária, a Rede Bodega levou mais R$ 10 mil numa votação do Júri Funcionário BB para a Tecnologias Sociais que mais se destacaram pela inclusão feminina. "Estou muito feliz pelas muitas mulheres que estou aqui representando", disse a artesã Maria Francisca Morais de Sousa, 60, quando foi anunciada a premiação principal, ainda sem saber do reconhecimento pelo protagonismo feminino.
Mais investimentos
Numa noite marcada por muita emoção, o público de quase 700 pessoas também aplaudiu a notícia de mais investimentos em Tecnologias Sociais. Foi anunciado edital inédito, de R$ 10 milhões, para reaplicação das Tecnologias Sociais disponíveis no acervo do Banco de Tecnologias Sociais (BTS), em parceria da Fundação BB com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com lançamento previsto para o início do próximo ano.
Articulada pela Rede Cáritas, a partir de demanda de grupos organizados em cooperativas e associações, a Tecnologia Social Rede Bodega de Comercialização Solidária está presente no Estado do Ceará, na periferia de Fortaleza, onde recebe o nome de a Budegama, e em outros quatro municípios: Sobral, com a Bodega dos Arcos; Viçosa do Ceará, Bodega do Povo; Aracati, Bodega Nordeste Vivo e Solidário; e Maranguape, Bodega da Vila.
A metodologia é constituída de pontos fixos de comercialização coletiva e autogestionária, que abriga trabalhos de 220 famílias de agricultores familiares, extrativistas, costureiras, artesãos, escritores e poetas. Segundo Izabel Cristina de Lima, responsável pela iniciativa, a participação das mulheres se dá em todos os aspectos, na produção de artesanato, de alimentação, na gestão dos grupos de produção, sejam eles formais ou informais. A presença feminina também é maioria na diretoria e na comissão gestora.
As premiadas do Brasil receberam R$ 50 mil cada, destinados à expansão, aperfeiçoamento ou reaplicação da metodologia. Nesta edição, iniciativas da América Latina e do Caribe concorreram na categoria Internacional.
Critérios
A seleção seguiu critérios de interação com a comunidade, transformação social e potencial de reaplicabilidade. As finalistas foram escolhidas entre 173 tecnologias sociais certificadas neste ano, selecionadas dos 735 projetos inscritos. As iniciativas certificadas passaram a integrar o BTS da Fundação BB.
O presidente da Fundação BB, Asclepius Soares, falou da importância do Prêmio em reconhecer iniciativas transformadoras que irão contribuir para o cumprimento dos desafios propostos pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). "A Tecnologia Social é apaixonante. É a possibilidade que as comunidades têm de serem protagonistas de suas histórias, de terem a capacidade de mudarem as suas realidades", disse.
Asclepius Soares destacou, ainda, o aspecto das soluções simples para diversos problemas que afligem, sobretudo, os mais pobres e a importância de não apenas conhecer, reconhecer e certificar as Tecnologias Sociais, mas de reaplicar de uma forma adaptada às necessidades de cada comunidade.
"Nós queremos soluções que possam agregar valor e oferecer melhores oportunidades. As inovações precisam ser integradoras, inovadoras e, sobretudo, inclusivas para um Brasil melhor, declarou Aroldo Machado, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
A cerimônia contou, ainda, com representantes dos parceiros do Prêmio: Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco); Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), no Brasil; Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) no Brasil; Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud); BNDES; e da Brasilcap Capitalização. Realizado a cada dois anos, o Prêmio é considerado uma das principais ferramentas de identificação e reconhecimento de Tecnologias Sociais em todo o País.,
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