domingo, 24 de dezembro de 2017

Cinturão das Águas aguarda transposição do São Francisco

A chuva começa a afetar a obra, que, em alguns pontos, já acumula água ( Foto: Antônio Rodrigues )

Missão Velha. No dia 7 de dezembro, durante lançamento da CNH Popular Estudantil, no Palácio da Abolição, o governador Camilo Santana declarou que o eixo emergencial do Cinturão das Águas do Ceará está pronto. "A questão é que não tem como eu entregar sem as águas do São Francisco. Se a água chegasse em dezembro, iríamos entregar oficialmente", disse Camilo.
No entanto, o Governo do Estado aguarda verba de R$ 65 milhões, até a próxima quinta-feira, para acelerar a construção. Com 68% já realizados dos 53 quilômetros mais urgentes, a obra ainda pode atrasar por causa das chuvas.
No total, o Trecho 1, de Jati a Nova Olinda, possui cinco lotes, e tem cerca de 149 quilômetros de extensão. Atualmente, pouco mais da metade está concluído. Só que a execução da etapa emergencial se concentra nos lotes 1, 2 e 5, que fornecerão água por gravidade até o Açude Castanhão - com menos de 3% de sua capacidade. A previsão da Superintendência de Obras Hídricas (Sohidra) é de que, até maio de 2018, estes 53 quilômetros sejam concluídos.
O lote 1 está 87% concluído e possui 285 trabalhadores. Já o lote 2, está com 52% de suas obras prontas, mas teve uma queda de mão de obra. Antes eram 800 homens, agora, apenas 100 estão executando. Enquanto o lote 5, que são os túneis, é o mais avançado, já tendo sido feito 93% do previsto. Lá, trabalham 481 pessoas. Os lotes 3 e 4 estão parados, mas apresentam 19% e 4,2%, respectivamente.
Já os equipamentos, 345 estão sendo usados no Cinturão das Águas. O diretor de águas superficiais da Sohidra, Antônio Madeiro de Lucena, acredita que o ideal seriam 1.020 máquinas no Trecho 1 e repasse de R$ 20 milhões mensais para entregar o eixo emergencial no primeiro semestre de 2018 e retomar os lotes 3 e 4. "De Jati a Brejo Santo são pequenos serviços. No lote 2 tem muita coisa. Nossa prioridade é fazer o lote 1 até a divisa de Brejo Santo a Abaiara".
Pagamentos
Dos R$ 65 milhões aguardados até a próxima semana, cerca de R$ 43 milhões são para pagamento das empreiteiras que trabalharam nos meses de outubro, novembro e dezembro. O dinheiro restante garantirá a execução da obra até janeiro. Só que algumas empresas não têm crédito nos bancos para conseguir empréstimos e continuar tocando o Cinturão das Águas.
Chuvas
Outra ameaça de atraso é a chuva, que já começa a afetar a obra. A escavação onde será implantado o canal já começa a ceder. Telas e lonas tentam evitar que a areia desmorone. No trecho, já pronto, acumula água. "Infelizmente atrasa, porque a gente trabalha com solo e com concreto. No dia que chove, não trabalhamos. Mas, se chover, não tem problema porque a chuva pode levar água do Jaguaribe e a nossa meta é chegar água no Castanhão", explica Lucena.
A ideia é que a água do Rio São Francisco encontre o Rio Salgado, após percorrer 13 quilômetros do Riacho Seco, em Missão Velha. Por gravidade, ela chegaria até o Açude Castanhão. Caso a vazão fosse de 12 metros cúbicos por segundo, mesmo que houvesse perda de volume no trajeto, após dez meses recebendo o recurso hídrico do "Velho Chico", a capacidade do reservatório poderia dobrar da atual. "Se não tiver a Transposição e o homem lá de cima não ajudar, Fortaleza vai ficar sem água", se preocupa Lucena.
A Secretaria dos Recursos Hídricos (SRH) informou que, no lote 1, onde deverão entrar as águas do Rio São Francisco, restam apenas ações complementares. No lote 2, com pouco mais da metade pronto, apenas 12 quilômetros irão compor o trecho emergencial.
Para garantir os prazos da obra, reuniões periódicas estão sendo realizadas com o Ministério da Integração Nacional, em Brasília. Dentre as pautas destes encontros, estão os repasses para manter o cronograma financeiro, a exemplo do montante de R$65 milhões, que será depositado nos próximos dias.
Transposição
A transferência de água do Rio São Francisco para o Ceará fica cada vez mais incerta. Nos canteiros de obras em Penaforte (CE) e Salgueiro (PE), a Transposição do Velho Chico segue devagar e tem cronograma atrasado. Em muitos trechos, o cenário é de construção paralisada ou em ritmo lento, com reduzido número de operários e ausência de máquinas. Em outros lugares, o mato já toma conta do eixo central do canal.
Havia a promessa do Ministério da Integração Nacional de os trabalhos serem realizados nos três turnos, incluindo a noite, mas, em Salgueiro, por exemplo, as obras só acontecem pela manhã.

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