Um grupo de internos do Centro Educacional Cardeal Aloísio Lorscheider (Cecal), localizado no bairro Planalto Ayrton Senna, se rebelou e causou danos de grandes proporções, na manhã de sexta-feira (29). Na tentativa de fuga, os infratores invadiram blocos vizinhos, para assassinar integrantes da facção rival. Oito internos e três socioeducadores foram feridos no tumulto.
Conforme o titular da 5ª Vara da Infância e Juventude, juiz Manuel Clístenes de Façanha e Gonçalves, os internos serraram grades e atearam fogo em colchões. Os dois internos lesionados foram socorridos em estado grave, mas, segundo o magistrado, não correm risco de morte.
"O objetivo deles não era propriamente fugir. Eles tinham objetivo de chegar no bloco rival para matar. Nós acreditamos que as agressões foram feitas com armas artesanais. Muita coisa foi depredada. Ainda não sabemos a real extensão do problema", disse Clístenes Gonçalves.
O magistrado afirmou que o Cecal abriga, aproximadamente, 90 internos. Todos eles são maiores de idade. A estimativa é que durante a rebelião, pelo menos, 30 tenham conseguido invadir os blocos vizinhos.
"O Centro está dividido entre as facções CV [Comando Vermelho] e GDE [Guardiões do Estado]. Não sabemos qual delas foi a responsável pelo início da rebelião. Tenho informações que alguns agressores foram para delegacias e devem ser autuados por organização criminosa e tentativa de homicídio", esclareceu.
Ainda durante a manhã, houve uma intervenção tática da Polícia Militar no local. Os adolescentes foram contidos no fim da manhã. O juiz acrescenta que os motins foram recorrentes em 2017. Clístenes Gonçalves lembra, também, que as ameaças entre os internos são constantes, desde o início do ano.
"Estamos observando uma tensão entre eles há meses. Por isso, foi preciso dividir os internos de acordo com as facções as quais pertencem. Eles não ficam só nas agressões, querem se matar mesmo. No meio disso tudo ficam os socioeducadores, que, muitas vezes, não conseguem fazer nada", acrescentou o juiz.
Enfrentamento
Em contato com a Superintendência do Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo (Seas), a reportagem foi informada que "todos os procedimentos junto à Polícia e exames periciais estão sendo realizados". Por nota, a Seas também informou que a Coordenadoria de Segurança e a Corregedoria irão investigar as causas do ocorrido.
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