Iguatu. Imagens sacras, portas, bancos, vitrais, caixas de som e de rede elétrica, móveis, altar e um sacrário foram destruídos em quatro capelas na zona rural de Quixelô e de Acopiara, na madrugada de ontem. O suspeito de praticar o ato é um homem, que sofre de esquizofrenia, e é integrante da Assembleia de Deus na localidade de Santo Antônio, em Acopiara. O bispo da Diocese de Iguatu, dom Édson de Castro Homem, repudiou a ação, que foi classificada de profanação de templo religioso.
A ação destruidora foi praticada contra a Capela de São Francisco, no distrito de Santo Antônio, Acopiara; Capela de São José, no Sítio Santa Maria; Capela Nossa Senhora das Graças, no Sítio Carnaubinha do Faé; e Capela Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na localidade de Paus de Leite do Faé, em Quixelô. Os católicos dessas comunidades ficaram revoltados e tristes. Alguns até choraram.
Representantes da Diocese registraram Boletim de Ocorrência (BO) na Delegacia Regional de Polícia Civil de Iguatu em que apontam Jaime Felipe de Lucena como o autor dos atos de destruição nas quatro capelas. Segundo o registro policial, o acusado foi capturado e levado para uma unidade do Centro de Atenção Psicossocial (Caps), em Iguatu. Ele teria deixado cair dois cartões bancários em nome dele, em uma das capelas.
Inquérito
O delegado regional, Jerffison Pereira, vai abrir inquérito para investigar o caso, com base no artigo 208 do Código Penal, que trata de crime de vilipêndio de objeto de culto religioso, e analisar a capacidade mental do autor da destruição dos templos católicos.
O padre João Teixeira, pároco de Quixelô, responsável pelas quatro capelas, lamentou o fato e disse que estava profundamente triste e que muitos estavam sofrendo mediante o ato de vandalismo e de intolerância religiosa. Na manhã de ontem, ele visitou os templos religiosos que foram interditados pela Diocese. "As pessoas vieram ao meu encontro, abaladas, assustadas e tristes", frisou. "Houve uma profanação, um sacrilégio".
A Diocese vai definir uma data para realizar atos litúrgicos específicos para reparar o ato de profanação, em particular na capela dedicada a São Francisco, na localidade de Santo Antônio, zona rural de Acopiara, onde o sacrário com hóstias consagradas (que para a Igreja Católica representam o Corpo de Cristo na eucaristia) foi destruído e partículas jogadas ao chão.
Hostilidade
"Houve um ato intencional de hostilidade por parte de uma pessoa que necessita de tratamento sério, mas parece ter agido por influência de outra doutrina", frisou o padre João Teixeira. "Espero justiça". Dom Édson de Castro Homem está no Rio de Janeiro e, por meio de mensagem gravada, repudiou o que denominou de gesto reprovável. "Quando o membro de uma religião ofende outro, por ter uma fé diferente, comete um atentado à lei do País e à liberdade religiosa", observou. "Destruiu bens da Diocese e de forte sentimento religioso e isso é crime". O bispo pediu respeito entre as religiões. "Espero que quem fez isso se arrependa, peça perdão a Deus".
Segundo o relato de moradores, o ato de vandalismo começou por volta da meia-noite, na localidade de Santo Antônio, em Acopiara. Ele teria arrombado as portas com o uso de uma motocicleta. Quebrou imagens, sacrário, altar, microfone, caixas de som. Em seguida, foi até a capela do Sítio Angicos e destruiu vitrais e imagens externas. Depois foi até o Sítio Carnaubinha do Faé, quebrando cadeiras, altar de mármore, imagens, ventiladores. Foi o templo mais destruído. Por último, destruiu a quarta capela, no Sítio Paus de Leite do Faé (portas, caixa de energia, fogão, quadros, imagens, parte do altar).
Os moradores inicialmente achavam que o barulho não seria decorrente de um ato de destruição de móveis e imagens das capelas. Com o decorrer do tempo ficaram assustados. Alguns relatam que o acusado apresentava uma força intensa, agindo com muita violência e raiva. "As pessoas ficaram com medo porque o homem tinha uma força descomunal", disse um assessor da Paróquia de Bom Jesus Piedoso, em Quixelô. "Os moradores estão abalados".
O Diário do Nordeste esteve no fim da tarde de ontem no Caps III, em Iguatu, mas funcionários negaram a presença do acusado para tratamento, e não havia representantes da família na unidade.
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