quinta-feira, 22 de março de 2018

94 cidades do Ceará encontram-se em crise hídrica

De todos os reservatórios do País, a pior situação é dos açudes do Ceará, que contam com uma cota média de apenas 8,4%, segundo a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh); é o caso do Banabuiú, na cidade de mesmo nome ( FOTO: KID JR. )

O Brasil tem 917 municípios em crise hídrica, 94 cidades somente no Ceará, segundo informações do Ministério da Integração Nacional que foram apresentadas nessa quarta-feira (21), em Brasília, no 8º Fórum Mundial da Água. Esse número corresponde aos municípios que estão em situação de emergência por causa da seca até o dia 13 de março.
De acordo com o ministro Hélder Barbalho, a crise hídrica não é mais um problema somente do Nordeste, onde estão a maioria das cidades. Do total de municípios, 211 estão na Bahia, 196 na Paraíba, 153 no Rio Grande do Norte, 123 em Pernambuco, 94 no Ceará, 40 em Minas Gerais, 38 em Alagoas, 18 no Rio de Janeiro, 17 do Rio Grande do Sul, além de registros em outros estados.
No fórum, o ministro destacou que é preciso fazer investimentos para ampliar e modernizar o sistema de abastecimento do País. "Temos de intensificar a cooperação entre os órgãos governamentais. É importante que os estados estejam integrados, otimizar as estratégias de uso racional", disse.
Hélder acrescentou que também é "determinante" revitalizar o Rio São Francisco, buscar integração entre baciais das regiões do Brasil e investir em saneamento básico. "No momento em que constatamos que a escassez hídrica e a insegurança hídrica não mais se reportam apenas ao Nordeste, é fundamental que as intervenções passem por um diálogo federado", acrescentou o ministro.
A Agência Nacional de Águas (ANA) apresentou dados preocupantes no Fórum Mundial da Água que revelam o menor volume histórico de água nos reservatórios da região Nordeste. O nível do volume atingiu a marca de 13% e a pior situação é do Ceará, que conta com uma cota de apenas 8,4% dos reservatórios
Abaixo da média
A ANA monitora 400 reservatórios no Nordeste, que enfrenta seu sexto ano seguido de chuva abaixo da média. Em 2012, quando a situação já não era tão boa, esse volume era de 66%, caindo nos anos seguintes para 42% (2013), 33% (2014), 27% (2015), 22% (2016) 15% (2017). Pelo menos 40 áreas do Nordeste já são classificadas como pontos de tensão e conflito pela ANA, pois não têm água suficiente para atender a demanda e os diversos usuários têm que disputar cada palmo dos rios e córregos.
"Temos reservatórios que estão esgotados. Outros que estão muito próximos de se esgotar. A preocupação é muito grande, principalmente se levarmos em consideração que a previsão é de chuva abaixo da média nos próximos meses. A única certeza que a gente tem é que não vai chover. Temos que cuidar dos volumes armazenados para chegar ao fim do ano", afirmou Patrick Thomas, superintendente adjunto de Regulação da ANA
Fórum Mundial
Brasília sedia até o dia 23 de março o maior evento mundial em defesa da água do planeta, o 8º Fórum Mundial da Água, que reúne governantes, empresas e especialistas nacionais e internacionais. Essa é a primeira vez que o Brasil recebe o Fórum, que ocorre a cada três anos, desde 1996, com o intuito de estabelecer compromissos políticos para a garantia dos recursos hídricos.
Na sessão de abertura do evento, ocorrida na segunda (19), o presidente da República, Michel Temer, declarou que "assegurar água é assegurar dignidade e as soluções precisam ser coletivas". Segundo Temer, a segurança hídrica está no "cerne" das políticas públicas do governo. Ele citou o programa de conversão de multas ambientais, lançado recentemente para captar recursos que financiarão projetos voltados para as bacias do São Francisco e do Parnaíba.
Temer abordou ainda a obra de transposição do Rio São Francisco e o programa de revitalização na região. Conforme o presidente, "é preciso fazer chegar a água aos lares das famílias". Ele afirmou aos presentes na abertura do fórum que a conclusão da transposição deve beneficiar 12 milhões de pessoas.
De acordo com Temer, o Executivo está fechando um projeto de lei para alterar o marco regulatório do saneamento básico no País, modernizar a legislação sobre o tema e incentivar novos investimentos. Temer acrescentou que a intenção é universalizar o acesso a esse serviço básico, mas não deu mais detalhes sobre o projeto.

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