Várzea Alegre. Uma casa antiga, à beira de um açude, vegetação nativa em seu entorno, um pé de fícus-benjamim, três palmeiras imperiais, duas mangueiras, aves criadas soltas - pavão, capote, galinha caipira e cavalos de raça, pôneis e ovinos. Esse é o cenário da Fazenda Paraíso, na zona rural deste município, na região Centro-Sul do Ceará. O local é lindo, agradável e faz jus ao nome.
Adquirida em 1980, pelo hoje advogado aposentado Luiz Luciano e Silva, a fazenda recebeu melhoramentos e tornou-se um núcleo familiar de produção de pavão e, mais recentemente, de galinha caipira, capote e de ovos das aves, ainda em pequena escala. "O nosso esforço é para tirar renda da unidade produtiva", disse o criador. "Aqui é a minha vida, o meu sonho, tenho alegria em ver os produtos chegar à mesa do consumidor".
Motivação
A motivação para a criação de pavão começou quando o advogado recebeu de presente uma ave do médico Iran Costa, de Várzea Alegre, e depois outra do agropecuarista, Pinto Júnior, de Cariús. "Depois desses dois pavões, decidi iniciar a criação", contou. Com o passar do tempo, adquiriu fêmeas e o plantel foi aumentando. Atualmente, são cerca de 100, na maioria fêmeas.
"Todas as aves aqui são criadas soltas, alimentando-se de coisas da natureza, e recebem uma ração de reforço, milho com soja, mas sem adição de químicos", explica o criador. "A alimentação natural dá mais sabor à carne".
A partir da década de 1980, Luiz Luciano intensificou a criação de pavões. É possível com cuidados simples, afirma o produtor rural. Entre as aves ornamentais, o pavão está entre as que mais chamam a atenção, pela sua beleza tão rara e exuberância. De longe, no meio do pasto, é fácil avistar os animais, ou próximo de casa. O macho, pelo tom brilhoso, de cores vivas e variadas de sua plumagem, desperta a atenção. Quando abre a cauda em leque fica ainda mais bonito.
Diferente de outros criatórios, os animais não são mantidos em viveiros. O manejo é de criação livre. "Cada pavão tem a liberdade de ir para onde quiser. Logo cedo, depois que comem milho, o terreiro fica cheio e eles saem em bandos", diz o criador. "Passam o dia no pasto, entre pôneis e cavalos, gostam de ir também para o curral das ovelhas, lá comem a ração que sobra, vivem livres por toda a fazenda".
O produtor disse que, no começo do criatório, tentou manter as aves em cativeiro. "Não deu certo, coloquei uma ninhada para chocar, não vingou um ovo. Não sei o porquê e não fui atrás de um manejo mais adequado", revelou. "A natureza fez a parte dela e está dando certo, pois o plantel aumentou".
Quando é na época de postura, não demora muito e as fêmeas aparecem com as ninhadas. Elas põem os ovos em vários lugares da fazenda. O tratador Francisco Lacerda cuida dos bichos. Segundo ele, os pavões não dão trabalho e o manejo é fácil. "Eles comem com as galinhas, antes de irem para o campo. Coloco o milho aqui no terreiro bem cedo e fica cheio de aves comendo", disse. "Eles saem para o campo, uns ficam nos galhos das árvores". É uma ave dócil.
Por ano, cada fêmea põe em média 15 ovos. É uma quantidade reduzida em comparação com a média do criatório em cativeiro. O pavão vive aproximadamente 15 anos e costuma ter boa saúde. São resistentes. "A gente fica sempre atento, quando vejo que tem alguma ave que está diferente, pelos cantos, fraca, cuida e dá logo medicamento, mas são bem sadios, porque estão no meio da natureza", ressaltou o tratador. Na época do acasalamento, os machos tentam conquistar as fêmeas pela beleza das plumas. São abertas em leque, expõem formosura. É o meio de cortejar a companheira. Quando o macho empina e abre as penas da cauda, em um diâmetro que pode chegar a dois metros, de cores variadas, a imagem exuberante impressiona.
Discretas
As fêmeas, diferentemente do que muita gente pensa, são bem mais discretas, não têm as penas compridas. A beleza do colorido natural desperta a atenção e faz das penas um produto comercial. A plumagem cai na época de muda e serve para decorar ambientes, adornar objetos e compor fantasias e alegorias.
Os animais vivos são procurados para ornamentar chácaras, sítios, jardins e parques. O ovo da pavoa ainda não é muito difundido. A carne da ave é macia, saborosa, mas também não é comum na mesa do brasileiro, compõe cardápio de restaurantes de comidas exóticas. Segundo o criador, geralmente, quem compra pavão e começa a criação leva o casal, ou um terno, um macho e duas fêmeas. O casal de pavão é comercializado na fazenda por R$ 300.
A fazenda fica distante cerca de 20Km da cidade de Várzea Alegre. A maioria dos compradores é de Fortaleza, mas já surgiram interessados de outros estados. "Tenho amigos que compram para presentear. Outros ficam sabendo a origem, conhecem as aves e fazem encomendas. A maioria vai para chácara, sítios em fazendas da Capital cearense", disse.
Diversificação
Luiz Luciano está agora investindo na criação de galinha caipira de pescoço pelado, conhecida por caipira francesa, e mestiça com a raça índio gigante e indiano, além de capotes gigantes. "A gente vende nas feiras das cidades da região e há interessados que fazem encomenda", disse. A fazenda também comercializa o ovo para incubação.
O quilo do capote vivo é vendido por R$ 20 e abatido, por R$ 30. Cada ave pesa em média dois quilos. O ovo da galinha de angola é vendido por R$ 2 a unidade e acima de 30 unidades, por R$ 1,50. Já o quilo do capão vivo sai por R$ 16 e abatido por R$ 24. O menor preço é para o frango vivo, que é vendido por apenas R$ 16 e, se abatido, é comercializado por R$ 18.
Na fazenda, as pessoas interessadas encontram ainda ovelhas das raças Dopper, Santa Inês e cruzadas. O plantel atual é de 200 animais. Já os equinos - quarto de milha, manga larga marchador e pôneis formam 80 animais.
"Fui pioneiro no Estado na criação de quarto de milha na década de 1970 e fui o primeiro cearense a vender essa raça de cavalo para São Paulo, que é um centro produtor", lembrou Luiz Luciano. "Nas exposições agropecuárias, os pôneis e os pavões fazem sucesso".
Mais informações:
Fazenda Paraíso - Acesso pelas Rodovias CE-060 e CE-284
Agrovila Açude Ubaldinho
Várzea Alegre - Telefones: (88) 9 9927. 5355 e (88) 9 9311. 6175
Agrovila Açude Ubaldinho
Várzea Alegre - Telefones: (88) 9 9927. 5355 e (88) 9 9311. 6175
Fonte: Diário do Nordeste
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