Crato/Juazeiro do Norte. A região Cariri se notabilizou, nos últimos anos, como um polo universitário que atrai estudantes até de estados vizinhos. São cerca de 80 cursos de graduação em mais de uma dezena de instituições. No entanto, mesmo com o alto número de alunos, os sebos ainda encontram dificuldades de se manterem nestes dois municípios pela pouca demanda. Nos mais tradicionais, que vendem livros didáticos, o período antes das aulas garante a renda até no restante do ano.
Em Juazeiro do Norte, na popular Galeria José Viana, no Centro, existem quatro sebos, um ao lado do outro. Todos são administrados por quatro irmãos: Patrícia, Williams, Alex e Geraldo Júnior. A mãe, Maria do Carmo Lima, deixou os estabelecimentos antes de falecer e foi uma das pioneiras neste tipo de negócio na região.
No corredor estreito, os quatro se ajudam. Se um cliente não encontra o produto, indica o outro irmão. E assim tocam o negócio há quase duas décadas. Patrícia Lima, conta que a procura pelos livros didáticos no início do ano mantém os estabelecimentos porque o preço é mais acessível. No resto do ano, são os best-sellers, mangás e algumas livros acadêmicos. Alguns são novos, mas a maioria é usada. A comerciante explica que seus irmãos viajam para capitais como Teresina, João Pessoa, Natal e Fortaleza para adquirem os livros, porque, segundo ela, em Juazeiro, o fluxo de compra e venda de livros é menor. "Se fosse esperar o pessoal da região, acho que a gente nem tinha loja", completa.
Seu irmão Geraldo Lima Júnior afirma que a literatura estrangeira está tendo maior procura porque o público jovem é o maior consumidor deste tipo de leitura. "Até porque muitos livros viraram filmes", completa. Por outro lado, ele sentiu uma queda na procura por literatura brasileira e produção regional.
Os preços vão desde dois livros por R$ 5 até didáticos de R$ 239. Mesmo sendo mais baratos, Patrícia conta que os sebos não atraem muitos universitários. "Eles têm a ideia de que porque é sebo vai encontrar barato, de R$5, R$ 10. Não é bem assim. Tem que ser livro atual".
A comerciante acredita que a cultura do estudante mudou. "Há 10 anos bastava ter o assunto, que eles procuravam", completa. Mesmo assim, ela defende a qualidade dos produtos dos sebos. "Tem que parar esse estigma que livro de sebo é velho. É seminovo, atualizado", garante Patrícia. Mesmo assim, sua loja ainda mantém um público de universitários, principalmente de cursos como História e Filosofia. De áreas como Direito e Medicina, é mais difícil. "É bem desmotivante. Não sei como vivem sem comprar livros, só tirando cópia", provoca.
Para o aposentado Joyce de Alencar Maia, um dos clientes, os sebos estão cada vez mais raros. Ele valoriza, pois acredita que oferecem os produtos mais baratos e ainda é possível encontrar obras clássicas originais. "Hoje, está acontecendo um grande crime: estão pegando as obras clássicas, resumindo e republicando. Isso é horrível para quem já leu, desrespeita a obra, os autores", acredita. Fonte: Diário do Nordeste
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