Milhares de pregos que dão contornos à representação de suas figuras, de rostos humanos, super-heróis e animais (Foto: Honório Barbosa) |
Icó. Paciência,
habilidade e criatividade. São três qualidades que o artista plástico
autodidata Francisco Corrêa mantém na elaboração de seus quadros a partir da
aplicação de milhares de pregos que dão contornos à representação de suas
figuras, de rostos humanos, super-heróis e animais. As peças despertam a
atenção de curiosos, que insistem em saber como são feitos, mas o segredo é
mantido pelo autor dos quadros.
Desde
criança, o servidor público municipal Francisco Corrêa revelava o dom do
desenho. "Era meu sonho ser desenhista", contou. Em agosto de 1987,
ele viu publicado em uma das edições da revista em quadrinhos Homem Aranha, da
editora Abril, um dos seus desenhos do super-herói. O exemplar é guardado com
carinho.
"Na
escola, fazia muitos desenhos e trocava com desenhistas de outras cidades,
pelos Correios, pois era costume o envio de correspondências nos anos de
1970", conta Corrêa.
Na
década de 1990, morou em São Paulo, trabalhando em restaurantes e depois como
escriturário. Depois, Francisco Corrêa resolveu fazer o caminho de volta,
quando foi aprovado em concurso público para a Prefeitura de Icó. Hoje, é
cedido ao Fórum de Justiça.
"Fiquei
um tempo sem desenhar e, no ano passado, pesquisando na internet, vi que havia
uns desenhos com preenchimento em prego. Fiquei interessado, mas não havia
detalhe de como os quadros eram feitos", revela.
Tentativas
Há
um ano Francisco Corrêa trocou lápis e canetas por pregos e martelo. Depois de
tentativas, erros e acertos, com materiais diversos, madeira, prego e tinta, o
artista encontrou meios adequados de reproduzir os seus desenhos fixando os
pregos em marteladas sincronizadas, no ponto certo e também na quantidade
adequada.
Paciência
e concentração são fundamentais para esse tipo de arte. "Tudo tem que sair
perfeito. Depois que faço o esboço, sem riscar a madeira, marco alguns pontos
principais, fixo os pregos, olhando para a figura que fica ao lado. Tem que ser
no local exato e na mesma altura", detalha.
Corrêa
vem aprendendo com a prática há cerca de um ano. "Descobri a madeira
adequada, a tinta de fundo e trabalho com o prego sem cabeça, que são pintados
de preto. Criei minhas próprias técnicas de pintura e de fixação",
explica. O artista não revela como o desenho é projetado na tábua para definir
os pontos de colocação das tachas. "Muitos perguntam e opinam sobre como
eu faço, mas não digo nada a ninguém", adverte.
História
O
artista, nascido em Cedro, e morador do Icó desde os 14 anos, conta que, em
média, toda etapa para preparação de uma obra leva em média 10 dias para ficar
pronta.
"Não
me dedico direto à produção dos quadros porque sou funcionário público e
trabalho no período da tarde é à noite não é possível trabalhar nesse tipo de
arte", justifica.
Quatro
mil
O
artista já vendeu algumas peças, inclusive para o juiz de Direito da comarca e
para colegas de repartição. Os pregos são pintados de preto para dar destaque
ao desenho e evitar a oxidação. A quantidade varia de acordo com cada desenho,
mas, em média, são utilizados 4 mil pregos em cada obra.
O
quadro com a maior quantidade de pregos foi de um tigre, um dos primeiros que
fez, com mais de seis mil unidades. O preço de cada quadro é variável, mas
oscila entre R$ 350 e R$ 400, dependendo do tamanho.
De
perto, o desenho não ressalta os contornos. É preciso manter uma certa
distância para se observar a figura retratada. "Muita gente pensa que é só
uma pintura, mas quando se aproxima fica surpresa com os pregos", contou
Corrêa. Outra dica é fixar o quadro em área não sombreada para melhor realce.
Mais
detalhado
O
autor dos quadros ensina que quanto maior a quantidade de prego mais detalhada
a figura retratada fica. "Comecei por hobby, mas agora veio a vontade de
fazer para venda. Sempre estou produzindo novos trabalhos", diz.
A
intenção do artista é montar uma exposição. Para isso, está preparando novos
trabalhos. Ele pretende participar do Festival Icozeiro, evento que reúne os
mais variados tipos de trabalhos artísticos e é realizado em dezembro, em Icó.
Mas
quem quiser comprar ou admirar o trabalho do artista plástico pode encontrá-lo
na lojinha da Associação dos Artesãos de Icó (Aproarti), localizada no Largo do
Théberge, no Centro Histórico de Icó. Fonte: Diário do Nordeste
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